Por: Jonas | 22 Julho 2013
Depois de Saravejo (1997) e do atentado frustrado contra João Paulo II (que mencionamos na primeira parte), não há notícias de outras tentativas para atingi-lo. De qualquer forma, a data de 11 de setembro de 2001, a do duplo atentado às Torres Gêmeas de Nova York e ao Pentágono de Washington, mudou o mundo inteiro, criando a urgente necessidade de proteger adequadamente os papas. O “papamóvel” com vidros blindados e a vigilância acentuada, a partir de diferentes pontos de vista, foram evidentes a partir de então.
Fonte: http://goo.gl/MmwEL |
A reportagem é de Gianni Gennari, publicada no sítio Vatican Insider, 19-07-2013. A tradução é do Cepat.
A primeira parte desta reportagem foi publicada aqui.
É preciso lembrar que João Paulo II, quando voltava de suas “peregrinações” pelo mundo, muitas vezes também tinha arranhões nas mãos que involuntariamente recebia daqueles que queriam apertar suas mãos, durante mais tempo, na sua passagem... E é necessário levar em consideração que estes breves contatos, de poucos segundos, inclusive, poderiam ser aproveitados pelos mal-intencionados para “injeções” que poderiam ser não apenas danosas, mas fatais. Isto sem dizer dos riscos (que até agora, pelo que parece, não foram verificados com nenhum Papa, embora existam vários bispos que os vivenciaram) de perder os anéis nesses apertões de mãos (claro, ao final, tudo termina em um sorriso pela aventura).
Voltando ao assunto da segurança, recordo que, em 2004, Glauco Benigni publicou um livro (“Os anjos da guarda do papa”) em que examinou os problemas (velhos e novos) sobre a segurança, especialmente levando em consideração o caso de João Paulo II, e cuja conclusão foi que a absoluta segurança de um Pontífice é impossível. Ao passo que com Bento XVI (que viveu seus quase oito anos de pontificado com as medidas de segurança que foram adotadas com o seu predecessor) o único caso de perigo real foi verificado em 2009, dentro de São Pedro, quando a “mulher vestida de vermelho”, Susanna Maiolo, saltou a barreira e se jogou sobre o Papa. Tudo acabou com a queda de Ratzinger, que não sofreu no acidente, e com a fratura em uma perna do cardeal Roger Etchegaray, que estava ao seu lado.
E, agora, chegamos a Francisco, com a perspectiva imediata da viagem ao Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude de 2013. Há alguns dias, um jornal escreveu, com uma pitada de drama e, talvez, não apenas pensando na segurança, que a do Rio de Janeiro seria uma viagem “terrível”. Claro, com Francisco e seus gestos tão conhecidos, as dificuldades para os que se encarregam de sua segurança parecem insuperáveis.
Ele se movimenta sem avisar ninguém, quando quer e como quer. Desce do carro, muda os percursos previstos (tanto a pé, como no carro), aproxima-se das pessoas, e mais, mistura-se entre elas para poder ter, como já apontou, “o cheiro das ovelhas”. Quer e deve estar entre o povo, entre as multidões mais diferentes, e na próxima viagem este aspecto será muito mais evidente.
Há tempo, Francisco está acostumado a se movimentar no meio das pessoas, razão pela qual no Rio de Janeiro fará o mesmo no meio de centenas e centenas de milhares de jovens (e não tão jovens), sem se importar que o espaço não pertença às autoridades vaticanas. De fato, durante a viagem brasileira, ao mudar de lugar pela cidade, as autoridades não serão nem sequer as mesmas durante o dia. Quando um Papa está no estrangeiro, são as autoridades do país que se encarregam da segurança de seus hóspedes, e pode ocorrer que a eficiência destes serviços não seja a mesma a todo instante.
Quando o Papa (o caso de Francisco) está no Vaticano, é oficialmente protegido por um sistema de segurança misto, com forças do Vaticano e do Estado italiano. Há muito tempo, havia três corpos de vigilância no Vaticano (a Guarda Suíça, a Guarda Palatina e a Guarda Nobre, que foi abolida por Paulo VI). Hoje, sem entrar em detalhes particulares, pode se dizer que no Vaticano os que se encarregam da vigilância “visível” do Papa são o Corpo da Guarda Suíça e a Gendarmaria, que, além disso, cumprem papéis muito diferentes segundo as circunstâncias e as necessidades nos movimentos do Papa, que, neste caso, não gosta de ficar quieto.
Obviamente também há uma proteção invisível (quase uma rede de espionagem) muito reservada, mas que não pode garantir uma segurança absoluta a todo instante.
Em conclusão, um Papa como o atual parece muito mais “protegível” que os do passado. Em muitos sentidos, é mais protegido pelos que tem esta tarefa, a quem, com um sorriso, mas com muita decisão, ele complica enormemente as coisas. Que faça muito boa viagem!
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Quem se encarrega da segurança do Papa? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU