05 Mai 2015
"Rezem por mim, porque estou um pouco doente e um pouco idoso, mas não muito." Com essas palavras, em tom de brincadeira, o Papa Francisco se despediu nesse domingo dos idosos e do grupo esportivo da paróquia Regina Pacis, de Ostia, em Roma, a qual ele visitou.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada no jornal La Repubblica, 04-05-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Não é a primeira vez que Francisco pede orações, já que, em outras ocasiões, ele brincou sobre a sua saúde, que, dizem fontes vaticanas próximas do próprio pontífice, "não desperta nenhuma preocupação".
E ainda: "Nesse domingo, ele estava diante de pessoas idosas e, como sempre faz, quis lhes demonstrar, com aquela brincadeira, a sua proximidade, para se fazer solidário aos interlocutores. Como que dizendo: 'Sou um de vocês!'. Isso não nega que ele, como São Patrício no surgimento das comunidades cristãs, sempre precisou da oração da Igreja".
Além disso, não é típico de uma pessoa doente aguentar os ritmos de vida de Francisco. Ainda nesse domingo, por exemplo, o papa surpreendeu a todos com um improviso: antes da chegada a Ostia, foi visitar um grupo de irmãs de Charles de Foucauld, que vivem em um parque de diversões, compartilhando a vida com artistas de circo e nômades (ciganos) que levam adiante o projeto.
Há apenas dois meses, depois de uma entrevista com a TV mexicana Televisa, algumas palavras de Francisco tinham dado origem a especulações sobre a sua saúde: "Tenho a sensação de que o meu pontificado será breve. Quatro ou cinco anos. Não sei, ou dois ou três", dissera.
Muitos se perguntaram: por que Francisco fala assim? Talvez esteja mal e por isso menciona a "sensação" de um pontificado que poderia terminar em breve?
No Vaticano, justamente há dois meses, foram os médicos do papa que informaram que a sua saúde, considerando também os 78 anos de idade, é boa e, em todo o caso, não está ameaçada por doenças específicas. O que preocupa os médicos seria o estilo de vida do papa e, ao mesmo tempo, os seus hábitos alimentares que deveriam ser modificados, sobretudo por causa da necessidade de combater aquele aumento de peso que incide negativamente sobre um incômodo que ele sofre há muito tempo, o ciático.
Além disso, "indisciplinado" é como o próprio Bergoglio se define, quando descreve a sua cotidianidade em Santa Marta, onde trabalha sem se conceder nunca aquela caminhada que justamente os médicos o aconselham a fazer todos os dias.
A vida de Bergoglio passou por momentos críticos, particularmente quando foi operado em um pulmão e quando foi submetido a uma colecistectomia de emergência. Ao mesmo tempo, são conhecidas as dificuldades dos ossos dos pés que lhe causam dores ciáticas repentinas, mas que ele não faz nada para evitar, especialmente quando sobe no jipe e quando, para saudar as multidões, curva a coluna de modo pouco prudente.
Às vezes, ele é forçado a parar por alguma doença e, quando isso acontece, o faz com naturalidade, sem se preocupar com as teorias da conspiração que acompanham as suas decisões: são dezenas os papas que ficaram sabendo por meio de um jornal que estavam gravemente doentes, às vezes até no fim da vida, ou que estavam muito saudáveis e robustos, exceto pelo fato de morrerem poucos dias depois.
Várias vezes alguns cardeais aconselharam Francisco para ir mais devagar, mas ele não os ouve. A Igreja "em saída" que ele deseja não prevê paradas.
"A sua generosidade e a sua fisicidade pastoral, que o impulsionam a ir ao encontro de todos sem se poupar, nem sempre o ajudam", são as palavras do site Il Sismografo, particularmente atualizado sobre a atividade papal, obtidas do outro lado do Tibre há um ano, quando o papa cancelou no último minuto uma visita ao hospital Gemelli. "No fim das contas, a sua saúde é doentiamente de ferro."
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O apelo do papa: ''Rezem por mim, idoso e doente, mas não muito'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU