Os primeiros dados divulgados sobre os efeitos da pandemia do novo coronavírus apontam que a Região Metropolitana de Porto Alegre foi uma das mais impactadas. Está entre as que mais perdeu renda do trabalho, especialmente pela parcela da população mais pobre, que teve queda de 40,4% em seus rendimentos.
Grande parte recorreu ao Auxílio Emergencial para conseguir sobreviver. Ao analisar os dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio - PNAD, percebe-se o peso do benefício para população. Com o valor de R$ 600 e R$ 1.200, a queda da renda da população mais pobre foi atenuada para apenas 9,6%. Ainda assim, essa população da Região Metropolitana de Porto Alegre foi uma das mais afetadas do Brasil.
A taxa de pobreza era de 10,8% antes da pandemia, que se traduz em 406,8 mil pessoas. Se não fosse o Auxílio Emergencial, a taxa de pobreza teria chegado a 18,8%. Isto em números absolutos representa que o benefício evitou que 337,8 mil entrassem na linha de pobreza, que chegaria em 744,6 mil pessoas.
A renda do trabalho caiu 40,4% para os mais pobres, mas com o Auxílio Emergencial de R$ 600 e R$ 1.200, essa queda foi atenuada para apenas 9,6%.#ObservaSinoshttps://t.co/614hpJPx52
— IHU (@_ihu) December 22, 2020
Diante desse cenário, o ciclo Renda e proteção social para a Região Metropolitana de Porto Alegre em tempos de pandemia propõe a aproximação e análise de experiências implementadas no Brasil, que se colocam fundantes ao enfrentamento das crises, vulnerabilidades e riscos à vida de grande parte da população acirrados em tempos de pandemia.
Pretende-se ainda projetar um processo de acompanhamento aos projetos de renda implementados nos municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre, em vista de monitorar as suas ações, metodologias, resultados e impactos na realidade. No horizonte, vislumbram-se perspectivas para a afirmação da renda básica, universal e incondicional.
Paola Carvalho concedeu entrevista recentemente ao Instituto Humanitas Unisinos - IHU, detalhando como “a crise sanitária que vivemos e as ferramentas estabelecidas para o enfrentamento das consequências econômicas demonstram que este é o caminho para o Brasil e que ele é possível”. Mas reconhece que o “grande desafio hoje, no Brasil, para o franco debate acerca da renda básica e a justiça social é a concepção de Estado que é hoje majoritariamente difundida e aplicada pelo governo”.
É por isso que acredita que esse debate deve vir associado à ideia de justiça social e redistribuição de renda. “Fizemos, no início da pandemia, um exercício a partir do levantamento das seis pessoas mais ricas do país, que concentram a renda de 100 milhões de brasileiros e juntas poderiam passar 36 anos em quarentena, gastando R$ 1 milhão por dia. Isso nos demonstra o abismo que vivemos e o enorme desafio de acertar a distribuição de renda no país”, analisa.
Mesmo antes da pandemia, o debate sobre renda básica vinha se fazendo cada vez mais necessário. “O secretário-geral da...
Publicado por Instituto Humanitas Unisinos em Terça-feira, 23 de março de 2021
Se, de um lado, a crise pandêmica tornou as desigualdades sociais do país ainda mais evidentes, de outro, o Auxílio Emergencial implementado no ano passado indica alternativas para enfrentar o problema. Esse é o balanço feito pelo economista Fábio Waltenberg, em entrevista também à IHU On-Line. Segundo ele, depois de vários progressos na distribuição de renda desde a promulgação da Constituição de 88, o Brasil conseguiu, "paradoxalmente, reduzir a pobreza e a desigualdade no ano da pandemia. E também de forma paradoxal, isso foi alcançado por meio de políticas públicas implementadas – muitas delas a contragosto ou por pressão da sociedade civil – por um governo que defendia uma plataforma ultraliberal, de austeridade fiscal extrema", menciona.
"Podemos colher duas lições da crise pandêmica: que as desigualdades são imensas e de diversas naturezas, e que é plenamente possível combatê-las", diz o economista. #EntrevistaDoDia
Publicado por Instituto Humanitas Unisinos em Terça-feira, 12 de janeiro de 2021