A pandemia fechou 55 mil postos de trabalho formais entre o mês de março e maio na metrópole.
Os dados recentes mostram que os desempregados e os trabalhadores informais se constituem em um dos grupos de risco da pandemia que impacta significativa parcela da população. A taxa de desocupação na Região Metropolitana de Porto Alegre atingiu 9,8% no primeiro trimestre de 2020, aumentando em 1 ponto percentual em relação ao último trimestre de 2019. A taxa de subutilização chegou a 17,4%, um aumento de 2,2 pontos percentuais em relação ao último trimestre de 2019.
O artigo é do ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.
A Região Metropolitana de Porto Alegre fechou 55 mil postos de trabalho formais entre o mês de março e maio. No acumulado de 2020, o número de postos fechados ficou em 48,8 mil, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - CAGED. Porto Alegre fechou 19,2 mil postos de trabalho entre março e abril de 2020. No acumulado do ano, quando são incluídos os meses de janeiro e fevereiro, o resultado negativo praticamente o mesmo. Tais dados expõem a gravidade das crises contemporâneas geradas no mercado de trabalho formal. Apenas 3 meses de pandemia representou um saldo negativo da mesma magnitude do ano inteiro de 2015.
De 2014 para 2020, com o aumento da desocupação para 9,8%, elevou-se o número de trabalhadores que passaram a não contribuir para seguridade social, representando uma variação de mais de 20% nesse período. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD, 27,1% dos trabalhadores ocupados não contribuíam para Previdência Social no primeiro trimestre de 2020, um dos maiores percentuais da série histórica iniciada em 2012. O ano que teve mais trabalhadores contribuindo foi no terceiro trimestre de 2014, quando a taxa de desocupados era de 5,7%.
Muitos desses recorreram ao Auxílio Emergencial para conseguir sobreviver. Somente no mês de maio foram mais de 1 milhão de beneficiários, segundo o Ministério da Cidadania, representando 23,7% da Região Metropolitana de Porto Alegre recebeu Auxílio Emergencial.
O município com o maior número de beneficiários no Auxílio Emergencial, por obvio, é a capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, com 321.797 pessoas. Esse número de beneficiários representa aproximadamente 21,9% da população do município. No entanto, ao comparar com os demais 34 municípios da metrópole, o município com maior número de beneficiários em relação a sua população é em Arroio dos Ratos (41,5%), com poucos de 9,8 mil pessoas.
O benefício denominado de Auxílio Emergencial também tem ajudado a movimentar a economia da Região Metropolitana de Porto Alegre. Sabe-se que este recurso também impacta especialmente os setores de comércio e de serviços que, segundo a Relação Anual de Informações Sociais - RAIS, representam 81,2% das empresas e 77,5% dos postos de trabalho formais da Região Metropolitana de Porto Alegre, com o poder de injetar R$ 698,1 milhões na economia da metrópole.
Estes e outros dados compõem o cenário construído, que já chega há seis ano consecutivo de política de austeridade fiscal em nível nacional e estadual. Neste aspecto, as políticas foram bem sucedidas, pois atingiram os velados objetivos distributivos, ainda que, do ponto de vista da dinâmica econômica, o fracasso é inegável. Muito antes da chegada da pandemia do novo coronavírus, estávamos no meio de uma estagnação, com pouca variação no nível de emprego, ampliação das desigualdades e da pobreza, diminuição de investimentos públicos e privados e redução de salários e de direitos.
A crise do trabalho é uma das áreas orientadoras da reflexão e ação do ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos - IHU. Confira aqui algumas de nossas publicações sobre o tema.