Na entrevista a seguir, os pesquisadores comentam as causas, as consequências e os efeitos dos eventos climáticos ocorridos no Rio Grande do Sul semana passada
"As alterações climáticas que estamos presenciando no Rio Grande do Sul e em diferentes regiões do planeta estão diretamente associadas ao aumento da temperatura média global", disse Rafael Altenhofen na entrevista a seguir concedida por WhatsApp ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU. Segundo ele, os eventos extremos decorrentes do novo regime climático estão e serão cada vez mais frequentes. Somente no Brasil, informa, na última década foram emitidos 92 alertas de ciclones extratropicais ao governo federal, sendo que 71 deles ocorreram na região Sul. "Os eventos climáticos extremos se multiplicaram por cinco nos últimos 50 anos, com chuvas fortes mais frequentes e mais intensas, episódios extremos de tempestades, com projeções de aumento das chuvas fortes no Centro-Sul, com grandes volumes concentrados, o que 'deixará o Sul do Brasil mais quente, tempestuoso, com mais chuva, mas também com mais estiagens', 'caminhando para um ciclo em que dias de falta d’água serão intercalados com dias em que a água desce em cidades como em um novo dilúvio'", pontua o biólogo.
Na avaliação do geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos, os eventos extremos ocorridos no Rio Grande do Sul nos últimos dias estão associados a três fatores: "características climáticas próprias da região sul-brasileira, efeitos do El Niño e prováveis decorrências do processo de aquecimento global". Segundo ele, "hoje, com a generalizada impermeabilização das cidades e com a adoção de técnicas agrícolas inadequadas, estamos enfrentando uma situação de crescimento exponencial da parcela de águas de chuva que não é retida e acaba escoando superficialmente em enormes volumes, sendo hoje essa a razão principal da ocorrência de enchentes destrutivas no meio urbano e no meio rural".
Nesta entrevista, concedida ao IHU por e-mail, Santos destaca que "eventos climáticos extremos têm acontecido com uma maior frequência" e "as ciências climáticas têm evoluído muito em sua capacidade de prever uma provável ocorrência de evento climático extremo, o que teoricamente nos permitiria reduzir em muitos seus impactos". A seguir, os pesquisadores analisam as enchentes no Rio Grande do Sul e explicam os desafios envolvidos na mitigação de fenômenos climáticos extremos.
Nesta quinta-feira, 14-09-2023, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU promove o evento Colapso climático no Rio Grande do Sul. Causas, desafios e perspectivas, para avaliar os eventos extremos que ocorreram na região do Vale do Taquari. Participarão do debate o meteorologista Leandro Puchalski, o climatologista Francisco Eliseu Aquino, professor do Departamento de Geografia e do PPG em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, e Douglas Lindemann, da Universidade Federal de Pelotas – UFPel. O evento será transmitido às 10h na página eletrônica do IHU e em seu canal do YouTube.
Rafael Altenhofen é graduado em Biologia e mestre em Diversidade e Manejo da Vida Silvestre pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos. È também coordenador da ONG União Protetora do Ambiente Natural – UPAN e presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Caí – CBH Caí.
Rafael Altenhofen (Foto: Arquivo Pessoal)
IHU – Nos últimos meses, ocorreram enchentes e ciclones no Rio Grande do Sul, mas fenômenos extremos também estão ocorrendo em outras regiões do mundo. Como compreender corretamente esses fenômenos? Quais são suas causas?
Rafael Altenhofen – As alterações climáticas que estamos presenciando agora no RS e em diferentes regiões do planeta estão diretamente associadas com o aumento da temperatura média global. Essa, por sua vez, é consequência também direta do aumento da concentração de Gases do Efeito Estufa – GEE na atmosfera, principalmente o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O), emitidos pelas atividades humanas, notadamente a queima de combustíveis fósseis, de florestas e de resíduos, além de atividades agrícolas e agropecuárias. Sem o efeito estufa a Terra seria um ambiente muito mais frio e hostil à vida humana. Graças a ele, parte da radiação solar fica retida no planeta e lhe confere condições ideais, sendo assim essencial para a vida como a conhecemos.
O problema é que a era industrial mais que duplicou as concentrações de tais gases em comparação com o período pré-industrial. Conforme relatório de 2021 da Organização Meteorológica Mundial (OMM), comparando-se os períodos, temos atualmente concertação 149% maior de CO2, 262% maior de CH4 e 123% de N2O na atmosfera. [1] Essa atual concentração só se compara àquela atingida pelo planeta entre 3 e 5 milhões de anos atrás – quando a temperatura média era 2 a 3°C maior que hoje e o nível dos mares 10 a 20 metros superior, devido a um menor volume de geleiras retendo água.
O ano de 2023 está prestes a ser declarado como o ano mais quente já registrado pela humanidade. O planeta está em média 1,2°C mais quente do que no século XIX, sendo o limite de 1,5°C até o ano de 2100 o mais consensuado entre os cientistas como ainda tolerável com vistas a que não entremos num ponto crítico. Se as emissões que a humanidade produz e que contribuem para o aumento do efeito estufa não forem reduzidas, poderemos chegar a temperaturas entre 2 e 4°C maiores até o fim do presente século.
Com o aumento da temperatura do planeta, vários processos climáticos são afetados, mas principalmente altera-se o ciclo de evaporação da água, intensificando-se o degelo (já que o gelo reflete calor) em regiões mais frias e a consequente absorção de calor no solo (que passa a retê-lo mais). A intensificação da evaporação potencializa a formação e a intensidade de chuvas em certas regiões, tornando-as mais propensas a tempestades, ao mesmo tempo que em outras partes do globo a tendência é o clima se tornar mais árido, com menos chuvas, mais ondas de calor e intensificação de eventos como os recentes incêndios florestais e ondas de calor no hemisfério Norte.
Embora as mudanças climáticas sejam graduais, suas consequências sobre o planeta já se fazem cada vez mais visíveis, a ponto de o secretário-geral da ONU, António Guterres, recentemente declarar que "o colapso climático começou" e que "a era do aquecimento global acabou, agora é a hora da fervura global".
No Brasil, dos 92 alertas emitidos ao governo federal na última década devido a ciclones extratropicais, 71 deles ocorreram na região Sul. [2] Enquanto fator de intensificação de tais eventos climáticos extremos, passamos ainda, nesse momento, pelo fenômeno El Niño, cujo pico está previsto para o verão aqui no hemisfério Sul.
IHU – Muitos cientistas dizem que o planeta vive um novo regime climático. Nesse contexto, esses fenômenos serão mais constantes? A probabilidade é que seja possível prevê-los e minimizar seus impactos com antecedência?
Rafael Altenhofen – Em termos geológicos planetários, podemos inferir que estamos no Antropoceno ou Era Antropozoica, aquela marcada pela influência humana no planeta. O cenário das alterações sobre o clima global é um dos fatores levados em consideração nessa definição por aqueles que já aplicam tal designação.
Os eventos climáticos extremos se multiplicaram por cinco nos últimos 50 anos, com chuvas fortes mais frequentes e mais intensas, episódios extremos de tempestades, com projeções de aumento das chuvas fortes no Centro-Sul, com grandes volumes concentrados, [3] o que “deixará o Sul do Brasil mais quente, tempestuoso, com mais chuva, mas também com mais estiagens”, [4] “caminhando para um ciclo em que dias de falta d’água serão intercalados com dias em que a água desce em cidades como em um novo dilúvio”. [5]
Embora não conste dos registros meteorológicos oficiais – não constando assim como recorde de precipitação em nível mundial nem mesmo no Brasil –, em março de 2011, em São Lourenço do Sul, RS, por exemplo, ocorreu um evento em que diferentes pluviômetros, instalados por agricultores em propriedades rurais de uma dada região, mediram até 630 mm de chuva em apenas 8 horas, [6] causando a inundação de 50% da zona urbana do município nesse período, com níveis da água chegando entre 1,5 e 3 metros dentro da cidade.
O fato de a previsão do tempo ocorrer a partir de acompanhamento e comparação de comportamentos atmosféricos com base em dados e registros anteriores, históricos e, a partir daí, a definição de prognósticos em probabilidades, estarmos adentrando em realidade climática nunca verificada pela humanidade contribui para a redução de acertos nas previsões com muita antecedência e para trazer incertezas quanto a especificidades de como irão se comportar tais fenômenos em cada região. É possível ter alertas mais precisos com antecedência de 48 a até 72 horas, mas dificilmente antes com grau aceitável de acerto. Ainda assim se pode fazer uso dessas previsões para reduzir, drasticamente, as perdas de vidas humanas, desde que se faça uso adequado delas, pois, ainda que tendam a ser tanto mais precisas quanto mais próximas a tais eventos, ainda assim haveria tempo suficiente até mesmo para a evacuação de moradores.
Os eventos de chuvas torrenciais (após um período de estiagem e seca no RS) ocorridos em junho e na primeira semana de setembro de 2023, verificados em nossa região, com chuvas de mais de 300 mm em 24 horas, são exemplos concretos de acertos da previsão do tempo. O evento de setembro, no vale dos rios das Antas e do Taquari, foi previsto por meteorologistas do RS, inclusive em aproximação bastante acertada quanto à quantidade de chuvas. O que as projeções não apontam é a maneira exata como o fenômeno vai se comportar. Nesse caso concentrou-se nas cabeceiras de uma bacia com grande área de drenagem e elevada declividade (encostas de serras) e, justamente por isso, o volume acumulado, todo ele drenado para tais rios ao mesmo tempo, gerou níveis cujas estimativas de cálculos e modelagem hidrológica o torna esperado apenas uma vez a cada 10 mil anos em média.
No evento de junho, o registro de chuvas que ultrapassaram 400 mm em 24 horas em alguns pontos também foi previsto com antecedência, mas a diferença é que esse volume, na ocasião, se concentrou numa área menor e ainda assim se distribuindo entre divisores de águas das cabeceiras das bacias dos rios Tramandaí, Sinos e de trecho do Caí. Embora não haja notícias de volumes de vazão medidos, possivelmente ainda assim esses, nas cabeceiras do Rio dos Sinos, em Caraá, também possam ter alcançado valores decamilenares, postos a área de passagem e o nível da enxurrada verificados naquela região.
Em ambas as situações poderia haver uma maior precisão se existissem, por exemplo, radares meteorológicos que acompanham o deslocamento de tais eventos em tempo real – equipamentos adotados (juntamente com uma melhor estrutura, logística e cultura de prevenção) em países desenvolvidos onde fenômenos climáticos extremos são mais frequentes que aqui (ou eram, pois se intensificam no Sul do Brasil). O próprio governador gaúcho afirmou, em entrevista, que as previsões meteorológicas não haviam apontado tal magnitude de chuvas – fato que fez com que fosse emitida nota 7 pela MetSul Meteorologia, desmentindo tal afirmação a partir das previsões acertadas que havia realizado e divulgado com antecedência.
Mesmo com tais previsões antecipadas de volumes, ainda assim essas causaram dezenas de mortes evitáveis. No ciclone extratropical dos dias 15 para 16 de junho de 2023, houve atraso e insuficiência de divulgação de alerta do evento. A Sala de Situação da Secretaria Estadual de Meio Ambiente – SEMA (referência hidrometeorológica para as ações do Estado) publicou o primeiro alerta no dia 14 (embora na data alertando para volumes de até 100 mm de chuvas), mesmo dia em que o Instituto Nacional de Meteorologia – INMET emitiu o primeiro aviso meteorológico para o RS e para SC. Enquanto a Defesa Civil de Santa Catarina, entretanto, vinha alertando a população desde o dia 12, o órgão, no Rio Grande do Sul, somente emitiu o alerta para alguns municípios na tarde do dia 15 – quando as chuvas torrenciais, que atingiram seu pico naquela noite e madrugada para o dia 16, já estavam ocorrendo.
No evento do último 4 de setembro, conforme matéria jornalística recentemente veiculada, [8] o Rio das Antas já atingia volumes extremamente elevados e atípicos às 10h30 em Cotiporã, sendo possível prever que toda essa água chegaria em algumas horas ao rio Taquari e atingiria, entre outros, municípios como Santa Tereza, Muçum, Roca Sales e Arroio do Meio. A Defesa Civil emitiu alerta de inundação somente três horas e meia depois (às 13h59). Nota lançada em 11 de setembro por nove pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas – IPH, [9] da UFRGS, trouxe outras informações comparativas, demonstrando que dados de precipitação e volumes colhidos nas cabeceiras dos rios Carreiro e Guaporé (também afluentes do Taquari) já indicavam volumes extraordinários dias antes (no caso do Rio das Antas, entre Farroupilha e Nova Roma do Sul, quase 24 horas antes) dessa água chegar ao município de Lajeado, onde então também fizeram vítimas (oito mortos e dois desaparecidos nesse momento). Esse tempo perdido em emitir alertas, somado possivelmente à falta de tangibilidade frente ao que estava por vir, a relutância em evacuar residências e o fato de não haver uma cultura nem mesmo estrutura adequada de evacuação preventiva em casos de riscos, contribuiu para os municípios e os moradores não terem se preparado suficientemente para evitar o elevado número de mortes verificado.
Aliado à falta de “cultura da previsão e de atenção a alertas meteorológicos” pelas autoridades e pela população, ainda temos as chances de risco de descrédito de eventual emissão de avisos que não se concretizam. Se tomarmos os últimos eventos, tivemos alertas de ciclones sem os efeitos que se previram, um anterior ao de junho e outro em julho, também sem tal concretização na possível magnitude anunciada. Ainda assim é preferível haver séries de ações preventivas frustradas (mesmo que depois se mostrem desnecessárias) a nenhuma ação – já que essas teriam sido condição sine qua non, caso concretizadas – para se evitar as perdas de vidas humanas depois constatadas na inação, incapacidade ou falta de tempo hábil de resposta por ação tardia ou tomada em desespero ao ser surpreendido pela água.
Álvaro Rodrigues dos Santos (Foto: Reprodução)
Álvaro Rodrigues dos Santos é graduado em Geologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo – USP. Foi pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT por 25 anos. Aposentado em 1994, tornou-se diretor-presidente da ARS Geologia, com sede na capital paulista. É o criador da técnica Cal-Jet de proteção de solos contra a erosão.
IHU – Nos últimos meses, ocorreram enchentes e ciclones no Rio Grande do Sul, mas fenômenos extremos também estão ocorrendo em outras regiões do mundo. Como compreender corretamente esses fenômenos? Quais são suas causas?
Álvaro Rodrigues dos Santos – Especialmente na atualidade é indispensável, de início, assegurarmos que as avaliações sobre eventos climáticos extremos sejam feitas sob um irrestrito apreço à ciência, considerando, em particular, que vivemos um mundo novo, sob a influência da comunicação eletrônica, a qual tem-se mostrado amplamente vulnerável à circulação de especulações amadoras e até inverdades elaboradamente construídas.
À falta de conclusões a serem ainda produzidas por instituições dedicadas ao estudo do clima, pode-se dizer que os atuais eventos extremos ocorridos no RS deveram-se especialmente à conjunção de três fatores básicos: características climáticas próprias da região sul brasileira, efeitos do El Niño e prováveis decorrências do processo de aquecimento global.
IHU – Muitos cientistas dizem que o planeta vive um novo regime climático. Nesse contexto, esses fenômenos serão mais constantes? A probabilidade é que seja possível prevê-los e minimizar seus impactos com antecedência?
Álvaro Rodrigues dos Santos – Não há dúvida que há em curso um processo de aquecimento global, porém suas consequências diretas sobre as condições climáticas efetivas ainda demandam conclusões mais sólidas. Sob uma quase histeria jornalística, muitos eventos climáticos de intensidade já verificada no passado têm sido precipitadamente associados ao aquecimento global. É uma associação que também tem servido a várias autoridades públicas e privadas como artifício de se livrarem de suas responsabilidades nas tragédias que se sucedem. O que se pode afirmar é que eventos climáticos extremos têm acontecido com uma maior frequência. E, sim, as ciências climáticas têm evoluído muito em sua capacidade de prever uma provável ocorrência de evento climático extremo, o que teoricamente nos permitiria reduzir em muito os impactos.
IHU – Qual é o impacto dos eventos climáticos para as pessoas e os territórios que são atingidos? Em termos de políticas públicas, que transformações são necessárias para enfrentar os efeitos desses eventos climáticos?
Álvaro Rodrigues dos Santos – No que diz respeito a eventos pluviométricos extremos, claramente as populações urbanas e rurais estão sendo crescentemente impactadas na mesma proporção do aumento populacional e da expansão da ocupação do território.
Há várias medidas preventivas, que fazem parte de uma Política de Gestão de Riscos, que podem ser tomadas e que resultariam em sensível redução de perdas de vidas humanas e perdas patrimoniais. Mas eu gostaria de destacar uma dessas medidas de caráter preventivo, qual seja, a adoção nas cidades e no meio rural de dispositivos de redução dos índices de escoamento superficial.
Hoje, com a generalizada impermeabilização das cidades e com a adoção de técnicas agrícolas inadequadas, estamos enfrentando uma situação de crescimento exponencial da parcela de águas de chuva que não é retida e acaba escoando superficialmente em enormes volumes, sendo hoje essa a razão principal da ocorrência de enchentes destrutivas no meio urbano e no meio rural. Nesse contexto, faz-se indispensável a aplicação de ambiciosos programas que objetivem aumentar a capacidade dos terrenos em reter ou retardar o escoamento da maior parcela possível das águas de chuva, seja por acumulação, seja por infiltração. Nas cidades, eu destacaria os bosques florestados, reservatórios domésticos e empresariais para acumulação e infiltração de águas de chuva, calçadas e sarjetas drenantes, pátios e estacionamentos drenantes, valetas, trincheiras e poços drenantes etc. No meio rural, eu destacaria o reflorestamento, o pleno respeito às Áreas de Proteção Permanente e a adoção de técnicas de cultivo conservativas, com destaque aos terraceamentos agrícolas e demais técnicas voltadas ao aumento da infiltração de águas pluviais.
IHU – Quais têm sido as respostas locais, estaduais e nacionais a esses efeitos climáticos? Como os governos costumam reagir antes, durante e depois da ocorrência de eventos climáticos?
Álvaro Rodrigues dos Santos – De uma forma geral, infelizmente as respostas da administração pública brasileira, em seus diversos níveis, não têm sido efetivas para um correto enfrentamento de eventos climáticos mais intensos. Ações descontínuas, insuficientes, equivocadas, têm prevalecido, com autoridades buscando sempre aliviar-se das responsabilidades que lhes seriam inerentes. A sociedade tem pagado um altíssimo preço por essa inação e sua histórica impunidade.
Algumas decisões têm sido tomadas buscando garantir o cumprimento das responsabilidades das diversas instâncias públicas, mas sem um resultado mais concreto. Nesse sentido, vejo como indispensável e urgente a criação, em nível federal, de um órgão que centralizasse as ações de normatização técnica, assessoramento técnico e fiscalização de ações junto a estados e municípios. Esse órgão ficaria sob a responsabilidade dos ministérios de Ciência e Tecnologia, das Cidades e da Integração Nacional.
[1] Disponível aqui.
[2] Disponível aqui.
[3] Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgado em agosto de 2021 – “AR6 Mudanças Climáticas 2021: A Base das Ciências Físicas”, da análise das mudanças climáticas para a comunidade científica mundial. Disponível aqui.
[4] “O tempo, o vento, o sol e as chuvas: 40 anos de desastres naturais no Rio Grande do Sul – Mudanças climáticas intensificam eventos extremos, com enchentes, secas e tempestades que impactam principalmente os mais pobres”. 28 out. 2021. Disponível aqui.
[5] “Rio Grande do Sul, 40 graus – chuvas intensas, ondas de calor, doenças tropicais: como a mudança climática pode moldar o futuro do nosso estado?” Maio 2021. Disponível aqui.
[6] Disponível aqui.
[7] Disponível aqui.
[8] Disponível aqui.
[9] Disponível aqui.