15 Outubro 2016
A Companhia de Jesus elegeu o seu primeiro líder latino-americano desde a sua fundação em 1540, um venezuelano que mora em Roma cujo passado curiosamente faz paralelo com o do primeiro papa jesuíta.
A reportagem é de Austen Ivereigh, publicada por Crux, 14-10-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Da mesma forma como Jorge Mario Bergoglio, que dirigiu a dividida província argentina em meio à ditadura que ocorria no país na década de 1970, o Padre Arturo Sosa, SJ, 67, foi o provincial dos jesuítas da Venezuela entre 1996 e 2004, quando havia tensões dentro de sua província ao longo da ditadura de Hugo Chávez.
Anteriormente à sua nomeação como provincial, Arturo Sosa esteve encarregado do apostolado social dos jesuítas na Venezuela, o que inclui a grande rede jesuíta escolar Fé e Alegria, que serve primeiramente aos pobres. Também foi o coordenador do Centro Gumilla de ação e investigação social, também jesuíta.
Em entrevista concedida em 2014, ele descreveu o regime autoritário do sucessor de Chávez, Nicolás Maduro, como uma “tirania popular”.
Especialista em ciência política e teoria política, tendo sido professor e pesquisador por vários anos e sendo uma pessoa que conhece o regime de Maduro em primeira mão, esta sua eleição parece destinada, em parte, a reforçar a mediação do Vaticano na situação que rapidamente se deteriora no país.
Arturo Sosa, 31º Superior Geral dos jesuítas, nasceu em Caracas, em 12-11-1948. Possui doutorado em ciência política pela Universidade Central da Venezuela, e fala espanhol, italiano e inglês.
Entre os postos acadêmicos de destaque que ocupou estão a sua atuação como membro do conselho fundador da Universidade Católica Andrés Bello, em Caracas, e reitor da Universidade Católica de Táchira. Lecionou e foi pesquisador em ciência política em muitos institutos e faculdades diferentes e, em 2014, trabalhou como professor visitante do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Georgetown, em Washington, DC.
Padre Arturo Sosa vinha atuando desde 2014 como o Delegado Geral para as Casas e Obras Internacionais da Companhia de Jesus em Roma, o que significa que era o responsável pela formação jesuíta e outras casas, incluindo a sede da congregação, ou Cúria Geral, e a Universidade Gregoriana.
Alguns dos 212 jesuítas eleitores de todo o mundo, a maioria delegado pelos quase 17 mil membros de todo o mundo, votaram na manhã desta sexta-feira para a escolha de um novo Superior Geral depois da renúncia do Padre Adolfo Nicolás.
Não está claro ainda quantas rodadas de votação foram precisas para elegê-lo, mas o resultado se soube depois de algumas poucas horas.
Os eleitores jesuítas passaram esta semana em murmuratio, discutindo entre si os méritos dos possíveis Gerais.
Pensa-se que Arturo Sosa seja o primeiro Superior Geral dos jesuítas a ostentar um bigode (embora muitos tenham tido barbas).
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Jesuítas elegem o seu primeiro Superior Geral latino-americano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU