03 Novembro 2020
El Salvador. Com dois votos contra um, os juízes encerraram o processo contra os mandantes do massacre de 1989, do qual o Tribunal de Paz havia ordenado a reabertura. Aceito o recurso da defesa dos militares, segundo o qual seria "matéria já julgada" – os mandantes do massacre de seis jesuítas da Universidade Centro-Americana de San Salvador, sua cozinheira Julia Elba e sua filha Celina, ocorrido em 16 de novembro de 1989, não pagarão por seu crime.
A reportagem é de Claudia Fanti, Il Manifesto, 02-11-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
O muro da impunidade sob cuja sombra puderam dormir sonos tranquilos nesses trinta e um anos permaneceu de pé, mais forte que a pressão internacional, que a anulação da lei de anistia em 2016, que o clamor provocado pela condenação na Espanha (em setembro passado) de um dos mandantes do massacre, o ex-vice-ministro da Segurança Inocente Orlando Montano. Ele será o único a pagar, mas apenas graças à Audiencia Nacional de Madrid, competente para julgar o caso de assassinatos de cidadãos espanhóis no exterior (como eram cinco dos seis jesuítas mortos).
Em vez disso, o Supremo Tribunal de Justiça de El Salvador mais uma vez gera escândalo, ordenando o encerramento do processo contra os mandantes do massacre que o Tribunal de Paz de San Salvador havia ordenado reabrir em 2017.
Por dois votos contra um, os juízes de fato acataram o recurso, claramente inadmissível, de defesa dos militares, segundo o qual seria um “fato já julgado” alheio a crimes contra a humanidade.
A sentença, definida pelo advogado das vítimas Arnau Baulena como "uma aberração jurídica", provavelmente põe fim a um processo judicial iniciado já em 1991. Ou seja, quando havia sido realizado um processo contra nove militares marcado por clamorosas irregularidades e sem um único interrogatório a acusados e testemunhas, que culminou com a única condenação do Coronel Guillermo Alfredo Benavides e do Tenente René Mendoza, libertados 15 meses depois graças à anistia decretada em 1993 pelo então presidente Alfredo Cristiani.
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Jesuítas assassinados, a Suprema Corte de El Salvador salva os mandantes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU