12 Janeiro 2018
Tudo está pronto para o início da primeira viagem ao exterior de Francisco em 2018, no Peru e no Chile. Bergoglio volta ao continente latino-americano, e chega perto da sua Argentina, onde, no entanto, ainda não quer ir, porque sabe que representa um elemento muito forte de "política interna" e adia seu retorno ao país natal. "Eu acho que será uma viagem complicada, mas certamente será emocionante", disse o cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, ao Vatican News.
A reportagem é de Carlo Marroni, publicada por Il Sole 24 Ore, 11-01-2018 . A tradução é de Luisa Rabolini.
De acordo com Parolin, os desafios são muitos: "Eu mencionarei dois, em especial, que são muito importantes para o Papa. O primeiro é o desafio da população indígena, dos indígenas: e aqui me refiro também ao Sínodo sobre a Amazônia, que foi convocado pelo Papa recentemente, a ser realizado em 2019; portanto, qual é o papel, qual é a contribuição dessas populações dentro de cada país, dentro das suas sociedades, como podem contribuir também para essas sociedades". Depois, Parolin acrescentou, "outro tema que mexe muito com o Papa e sobre o qual ele retornou com palavras muito fortes, é o da corrupção, que impede o desenvolvimento e a superação da pobreza e da miséria".
Portanto, uma viagem que abarca algumas questões políticas profundamente presentes naquelas latitudes, como disse Parolin, inclusive aquela dos povos indígenas, especialmente dos mapuches do Chile, que lutam para recuperar territórios. Depois, há a questão dos abusos sexuais. Tanto no Peru como no Chile as revelações sobre os abusos sexuais cometidos por padres e religiosos católicos estão no centro das atenções. Ainda ontem, a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada anunciou uma nova administração para o Sodalício de Vida Cristã, com sede em Lima. Luis Fernando Figari, leigo, superior da associação religiosa até 2010, foi acusado, juntamente com outros dirigentes de abuso sexual contra menores e irregularidades financeiras. No Chile, à comoção causada pelo escândalo sobre os abusos cometidos pelo padre Fernando Karadima, influente sacerdote em uma diocese da elite Santiago, somaram-se agora as revelações de outros casos perpetrados pelos irmãos maristas em diversas instituições sob seu comando no país. Outro tema será o da corrupção e da pobreza, especialmente no Peru, onde o atual chefe de Estado, Pedro Pablo Kuczynski, salvou-se recentemente de um impeachment parlamentar e concedeu um controverso indulto ao seu predecessor Alberto Fujimori, que cumpria uma sentença de 25 anos de prisão por graves violações dos direitos humanos.
Finalmente, um assunto muito delicado, relativo à reivindicação boliviana de uma abertura para o Oceano Pacífico - uma disputa territorial centenária, atualmente em análise pelo Tribunal Internacional de Haia - já causou atrito entre o Vaticano e os governos dos dois países. Em novembro passado, o embaixador do Chile junto à Santa Sé pediu que "nenhuma pessoa se pronunciasse sobre o assunto até ser divulgada a decisão de Haia", depois de Francisco - durante sua visita à Bolívia, em 2015 - defendeu um "diálogo necessário" entre as partes, para se chegar a "soluções compartilhadas, razoáveis, justas e duradouras". Uma declaração que irritou o governo e a população chilena. Além disso, em dezembro último, após uma audiência no Vaticano, o presidente boliviano Evo Morales se referiu a um suposto "apoio" do Papa para a posição de seu país, não confirmado pela Santa Sé.
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Papa a partir de segunda-feira no Chile e Peru. Parolin: "Será uma viagem complicada" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU