Proibição de CFCs pode ter desacerelado aquecimento, diz estudo

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13 Novembro 2013

Um novo estudo sugere que a proibição do uso dos gases que destroem a camada de ozônio pode ter tido um impacto no clima do planeta.

A reportagem é publicada pela BBC Brasil, 11-11-2013.

Esses compostos químicos têm origem em substâncias chamadas clorofluorcarbonos (CFCs), que começaram a ser usados no século passado em vários produtos, incluindo vários tipos de sprays e refrigeradores.

E esses mesmos elementos químicos também causam o efeito estufa.

Agora, este novo estudo, publicado na revista especializada Nature Geoscience, liga a proibição do uso dos CFCs a uma "pausa" ou desaceleração no aumento das temperaturas desde o meio da década de 1990.

O hiato ou paralisação do aumento das temperaturas globais, observado desde 1998, gera debates intensos entre cientistas e já foi usado como um argumento importante por alguns setores para mostrar que há um exagero no impacto do aquecimento global.

Teorias e argumentos

Várias teorias foram apresentadas para explicar como o aumento das emissões de CO2 e outros gases não se refletiu nas temperaturas desde o final da década de 90.

Agora, esta última pesquisa afirma que esta desaceleração no aquecimento pode ter sido causado pelas tentativas de proteger a camada de ozônio.

Os pesquisadores da Universidade Nacional Autonôma do México e do Instituto para Estudos Ambientais da Universidade de Vrije, em Amsterdã, fizeram uma análise estatística da conexão entre o aumento de temperaturas e as taxas de aumento na concentração de gases de efeito estufa na atmofera entre 1880 e 2010.

Eles concluíram que as mudanças na taxa de aquecimento podem ser atribuídas a ações humanas específicas que afetaram as concentrações de gases de efeito estufa.

Os pesquisadores conseguiram mostrar que, quando as emissões foram reduzidas durante as duas guerras mundiais do século 20 e a Grande Depressão, o aumento nas temperaturas também parou.

Os cientistas argumentam ainda que a introdução do Protocolo de Montreal, originalmente assinado em 1987 por 46 países, também teve um impacto nas temperaturas do planeta.

O tratado eliminou gradualmente o uso dos clorofluorcarbonos (CFCs), os compostos químicos que ajudaram a aumentar o buraco na camada de ozônio sobre a Antártida.

Mas, o uso dos CFCs não estavam apenas danificando a camada de ozônio, eles também tinham um impacto no aquecimento pois estes compostos químicos são 10 mil vezes mais poderosos que o dióxido de carbono e podem durar até cem anos na atmosfera.

A proibição destes compostos foi um fator crítico na desaceleração do aquecimento, segundo os pesquisadores.

"Nossa análise sugere que a redução nas emissões de substâncias que destroem o ozônio, seguindo o Protocolo de Montreal, assim como a redução nas emissões de metano, contribuíram para diminuir a taxa de aquecimento desde 1990", escreveram os autores.

Comentando a pesquisa, Felix Pretis e o professor Myles Allen, da Universidade de Oxford, sugerem que a proibição do uso dos CFCs não deve ser totalmente responsável pela desaceleração no aquecimento, mas reconhecem que a medida fez diferença.

"O impacto desta mudança é pequeno mas não é insignificante: sem a redução nas emissões de CFCs, as temperaturas hoje poderiam estar quase 0,1 grau mais altas do que estão", afirmaram.