08 Abril 2022
O "ius in bello" é o conjunto de leis que regulam o correto andamento dos conflitos como se a guerra fosse uma nobre arte de cavalaria que só precisa de um árbitro.
O texto é de Tonio Dell'Olio, padre, jornalista e presidente da associação Pro Civitate Christiana, em artigo publicado por Mosaico di Pace, 06-04-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
O Tribunal Penal Internacional de Haia, tão invocado nos últimos dias, está previsto pelo Estatuto de Roma. Porém, basta percorrer a lista de países que aderiram ao Estatuto de Roma para perceber que nenhum dos protagonistas da guerra em curso na Europa aderiu a ele. Nem a Rússia, nem a Ucrânia e nem os EUA. Mas o problema sério é que a função do Tribunal seria processar "crimes de guerra" como se a própria guerra não fosse um crime, um genocídio, um massacre contínuo de civis.
E estamos muito certos em ficar indignados e levantar a voz contra o que foi causado em Bucha, mas desta forma fica em segundo plano que a guerra é toda um crime. Como se pode condenar aquelas mortes e torturas e tolerar o bombardeio de cidades com a consequente morte de um número muito alto de pessoas? É tolerável só porque nos é mostrado como um alvo posto na mira ou como o desmoronamento de um edifício?
Os fatos de Bucha deveriam constituir uma espécie de exame histológico para verificar a extensão das metástases do crime, ou seja, condenar a guerra e não apenas os autores do crime de Bucha. Não existem crimes de guerra, a guerra é um crime. E como tal deve ser declarada fora da lei, banida da história, não considerada entre as possibilidades de serem praticadas, repudiada.
Leia mais
- A Igreja global depois de Bucha. O exemplo que queremos ignorar
- O Papa Francisco, a bandeira ensanguentada e as crianças ucranianas. Tuitadas
- Papa exibe bandeira de Bucha ensanguentada e denuncia “as atrocidades” ali cometidas
- O Papa denuncia: “Na atual guerra na Ucrânia, estamos testemunhando a impotência das Organizações Internacionais”
- Sem vínculo entre religião e guerra
- “Nós não aprendemos, estamos apaixonados pelas guerras e pelo espírito de Caim”. Entrevista do Papa Francisco no voo de retorno de Malta
- O Papa Francisco não menciona Putin, mas descreve sua situação e modo de agir: uma verdadeira advertência aos "tristes homens poderosos presos a anacrônicas pretensões nacionalistas".
- "Guerra preparada há tempo com os comércios de armas", constata o Papa Francisco
- O Papa quer ir a Kiev. "O Mediterrâneo não pode ser o cemitério da Europa"
- Papa Francisco: “É urgente devolver a beleza ao rosto do homem, desfigurado pela guerra”
- "Guerra sacrílega". Papa Francisco sobre a Ucrânia: poucas palavras, mas inequívocas
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
O crime de guerra - Instituto Humanitas Unisinos - IHU