29 Abril 2015
Encerrou-se há poucos dias o prazo para a consignação das respostas ao questionário solicitado pelo Vaticano em vista do Sínodo ordinário de outubro, e no verão – quando será publicado o Instrumentum laboris – saberemos se e como influíram no documento de trabalho as intervenções de quantos, entre bispos, congregações religiosas, comunidades e fiéis individuais, quiseram dizer, nestes meses, sua posição em matéria de família, acolhendo o convite da Secretaria Geral do Sínodo (v. Adista Notizie nn. 1, 6 e 13/15; Adista Documenti n. 8/15; Adista Sinais novos nn. 1, 9, 11, 13 e 15/15.
O comentário é de Ingrid Colanicchia, publicado por Adista, 28-04-2015. A tradução é de Benno Dischinger.
Se no mês passado bem 500 padres ingleses saíram a campo – com uma carta publicada no semanário Catholic Herald (v. Adista Notizie n. 13/15) – para expressar o auspício de que o Sínodo produza “uma proclamação clara e firme “em defesa da doutrina da Igreja sobre o matrimônio, aos 10 de abril passado outros tantos, mas a partir da outra margem do Oceano, fizeram o mesmo, dando corpo, no entanto, a uma série de sugestões que vão na direção oposta àquela auspiciada além Mancha. O documento difundido pela Association of U.S.Catholic priests (Auscp) [Associação dos padres Católicos U.S.] recolhe as respostas vindas de 572 sacerdotes estadunidenses (428 membros da associação – que no seu complexo conta com mais de mil aderentes – e 144 externos) aos quais foi solicitado, além de responderem às 46 perguntas do questionário, de ordená-las por sua importância.
O primeiro lugar conquistou-o a pergunta de n. 20 – “Como ajudar a entender que ninguém está excluído da misericórdia de Deus e como expressar esta verdade na ação pastoral da Igreja com as famílias, em particular aquelas feridas e frágeis?” – no responder à qual os padres USA prenunciam o teor de todo o documento: “Não presumindo que, quem está na Igreja esteja com a razão e quem está fora esteja errado”; “acolhendo ou então refutando e discriminando os católicos divorciados redesposados e os homossexuais”; “respeitando o primado da consciência em caso de dilemas morais”, lê-se ali entre as outras coisas. Em segundo lugar os 572 colocam a pergunta sobre a questão considerada mais delicada, aquela relativa à pastoral direcionada às famílias que têm no seu interior pessoas com “tendência homossexual”.
Para os padres USA a comunidade cristã pode dar conta desta tarefa “oferecendo uma teologia da sexualidade nova e sã; “apreciando o valor das uniões civis gay”; reconsiderando a ideia de que o sexo seja ligado por força à procriação; tratando os homossexuais como irmãs e irmãos “como o mesmo desejo de amor, empenho e cuidado das crianças”; “usando uma terminologia moderna”, por exemplo, sugerem, utilizando “orientação homossexual” em lugar de “tendências homossexuais”. Os sacerdotes estão mais nitidamente de acordo na resposta à pergunta relativa a como “assumir o cuidado das pessoas em tais situações à luz do Evangelho”: “Instituindo um rito específico para as uniões do mesmo sexo”, é uma das sugestões fornecidas, provido pelo convite de “pôr em discussão o assunto pelo qual Deus deseja somente a união homem-mulher” em resposta à pergunta seguinte (“Como propor-lhes as exigências da vontade de Deus sobre a sua situação?”). Igualmente nítidas as respostas relativas à pastoral sacramental em relação aos divorciados que casaram novamente, como deixava prever o primeiro bloco de respostas: os 572 sugerem, de fato, entre as outras coisas, de readmiti-los à eucaristia, “nutrição para viver vidas fiéis e de amor da parte de casais num novo matrimônio”.
Os padres USA sugerem depois de “tomar consciência do fato de que o dogma da Igreja em matéria de matrimônio e família é demasiado rígido”, aconselhando precisamente de “aprender dos protestantes que fazem melhor trabalho ao aplicar os valores escriturísticos à família”; de “favorecer um grande envolvimento dos leigos na catequese e no ministério”; de “assegurar que aqueles que são ordenados entendam que por isso não estão automaticamente qualificados para a atividade pastoral relativa ao matrimônio”; de fazer entender aos ministros que casais e famílias em sérias dificuldades devem ser confiados a especialistas: de “ordenar homens casados e mulheres casadas ao diaconato: poderiam exercer melhor o ministério com as famílias”; de “não procurar encastelar relações amorosas e fecundas no modelo doutrinal da Igreja”.
“Deus não espera das nossas vidas a perfeição”, é um dos comentários recolhidos pela AUSCP e proposto em pé de página ao documento, junto a outros. “Nós vivemos com os nossos pontos de força e de fraqueza. Cometemos erros. A graça é a misericórdia de Deus que nos circunda, com o perdão e a força de mover-nos numa direção que nos aproxima de Deus. Devemos encorajar este movimento, antes do que punir as pessoas que não chegam à perfeição!".
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Gays e divorciados recasados: 572 padres dos USA respondem ao questionário e solicitam abertura da Igreja - Instituto Humanitas Unisinos - IHU