11 Dezembro 2014
O Vaticano publicou hoje 46 perguntas que a Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos enviará a todas as conferências episcopais para realizar uma “ampla consulta” entre os católicos de todo o mundo em vista do sínodo ordinário que se desenvolverá em 2015, o segundo, após aquele extraordinário de outubro passado, dedicado, por vontade do Papa Francisco, ao tema da família.
A reportagem é de Jacopo Scaramuzzi, publicado por La Stampa-Vatican Insider, 09-12-2014. A tradução é de Benno Dischinger.
As perguntas, junto ao relatório final da sessão extraordinária (relatio synodi), são as diretrizes, ou seja, o documento preparatório da sessão do próximo ano. O objetivo das novas perguntas (o comunicado do organismo vaticano conduzido pelo cardeal Lorenzo Baldisseri evita utilizar o termo “questionário” que foi utilizado em novembro de 2013, para as perguntas enviadas em vista do próximo sínodo), é facilitar “a recepção” da relatio synodi e “o aprofundamento dos temas nele tratados”, não excluídos aqueles – os divorciados redesposados e a homossexualidade – que não obtiveram os dois terços no sínodo de outubro passado. As perguntas “pretendem facilitar o devido realismo na reflexão de cada episcopado – lê-se no documento publicado hoje em italiano que será enviado nos próximos dias nas várias línguas às conferências episcopais – evitando que suas respostas possam ser fornecidas segundo esquemas e perspectivas próprias de uma pastoral meramente aplicativa da doutrina, que não respeitaria as conclusões da Assembléia sinodal extraordinária, e afastaria sua reflexão do caminho agora traçado”.
O documento, que cita amplamente a constituição do Concílio Vaticano II Gaudium et Spes e a exortação apostólica do Papa Francisco Evangelii Gaudium, parte de uma “pergunta prévia”:
“A descrição da realidade da família presente na relatio synodi corresponde a quanto se releva na Igreja e na sociedade de hoje? Que aspectos ausentes se podem integrar?”. As questões, segundo o escaneamento da relatio synodi, começando pelo “contexto e os desafios das famílias”, para depois passar ao ‘Evangelho da família” (“Quais são as iniciativas para fazer compreender o valor do matrimônio indissolúvel e fecundo como caminho de plena realização pessoal?” é a pergunta número 17), secção que conclui sublinhando que “após haver considerado dos matrimônios exitosos e das famílias sólidas, e ter apreciado o testemunho generoso daqueles que permaneceram fiéis ao vínculo, embora tendo sido abandonados pelo cônjuge, os pastores reunidos no Sínodo se questionaram – de modo aberto e corajoso, mas não sem preocupação e cautela – que olhar deve dirigir a Igreja aos católicos que estão unidos somente com o vínculo civil, àqueles que ainda convivem e àqueles que após um matrimônio válido se divorciaram e redesposaram civilmente” (“Como ajudar a entender que ninguém é excluído da misericórdia de Deus e como exprimir esta verdade na ação pastoral da Igreja com as famílias, em particular aquelas feridas e frágeis?, a pergunta 20).
O documento passa depois, em resenha, na terceira e última parte, as “perspectivas pastorais”, sublinhando que “é importante deixar-se guiar pela virada pastoral que o Sínodo Extraordinário começou a delinear, radicando-se no Vaticano II e no magistério do Papa Francisco. Compete às Conferências Episcopais continuar a aprofundá-la, envolvendo, na maneira mais oportuna, todos os componentes eclesiais, caracterizando-a no seu específico contexto. É necessário fazer de tudo para que não se recomece do zero, mas se assuma o caminho já feito pelo Sínodo Extraordinário como ponto de partida”.
Entre as várias perguntas, também aquelas relativas ao parágrafo 52 (debate sobre a comunhão aos divorciados redesposados) e 55 (homossexualidade) que, junto ao n. 53 (comunhão espiritual), não obtiveram o quorum de dois terços em outubro: “A pastoral sacramental referente aos divorciados redesposados necessita de um ulterior aprofundamento, avaliando também a práxis ortodoxa e tendo presente “a distinção entre situação objetiva de pecado e circunstâncias atenuantes” (n.52). Quais as perspectivas nas quais mover-se? Quais os passos possíveis? Que sugestões para obviar a formas de impedimento não devidas ou não necessárias?”, é a pergunta 38. “De que modo a comunidade cristã dirige sua atenção pastoral às famílias que têm no seu interior pessoas com tendência homossexual? Evitando toda injusta discriminação, de que modo incumbir-se das pessoas em tais situações à luz do Evangelho? Como propor-lhes as exigências da vontade de Deus sobre sua situação?” é a pergunta n. 40. Entre os outros quesitos, também aqueles relativos ao tema da vida, estando incluída a interrupção da gravidez “Como a Igreja combate a chaga do aborto promovendo uma eficaz cultura da vida?”, pergunta 44) e a contracepção (pergunta 41 sobre a Humanae Vitae e o diálogo com a ciência).
Os resultados da consulta “deverão ser enviados à Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos até 15 de abril de 2015, de modo a poderem ser estudados e valorizados na preparação do Instrumentum laboris que deverá ser publicado antes do verão” [europeu]. Precisamente hoje, aliás, saiu, aos cuidados do padre Antonio Spadaro, o livro “La famiglia e il futuro” com todos os documentos do sínodo extraordinário. “A família é a comunidade de amor na qual cada pessoa aprende a relacionar-se com os outros e com o mundo”, escreveu hoje o Papa no Twitter.
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O Vaticano envia aos católicos 46 perguntas para o Sínodo 2015 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU