Será que a “enorme diferença de estilo” vai ser uma boa notícia para as irmãs americanas?

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10 Dezembro 2014

O anúncio de que o relatório da visitação apostólica do Vaticano às religiosas americanas será divulgado no próximo dia 16 foi visto pela maioria dos analistas como uma notícia boa.

A reportagem é de Dan Stockman, publicada por Global Sisters Report, 05-12-2014. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Quando a visitação foi anunciada em 2009, ela provocou protestos tanto por parte das religiosas quanto de leigos em todo os EUA, que disseram que ela – a investigação – baseava-se em juízos injustos e infundados sobre a vida das irmãs.

Desde então, no entanto, o prefeito da Congregação para os Institutos de vida Consagrada quando e as Sociedades Apostólicas quanto o vice-prefeito deixaram os cargos e foram substituídos por bispos considerados mais simpáticos com as religiosas.

O padre basiliano Thomas Rosica, que confirmou a divulgação do relatório para o dia 16 de dezembro, indicou que o texto pode não significar uma condenação como muitos, certa vez, temeram.

Ao jornal Detroit Free Press, Rosica disse esperar que o relatório constitua “uma mensagem muito positiva para as religiosas nos EUA”. Rosica é um sacerdote canadense que, frequentemente, auxilia o Vaticano junto à imprensa de língua inglesa e francesa.

A Irmã Simone Campbell disse que o fato de as religiosas – inclusive as líderes da Conferência de Liderança das Religiosas (Leadership Conference of Women Religious) – terem sido convidadas para uma coletiva de imprensa parece indicar que a notícia será boa para as irmãs.

“Nunca vi o Vaticano convidar as pessoas para uma coletiva de imprensa e ter convidados presentes para assisti-la”, declarou a irmã. “É uma enorme diferença de estilo”.

Campbell é diretora executiva da NETWORK [1], um grupo de lobby católico nacional que busca promover a justiça social.

Claro, não há como saber se o relatório será uma boa notícia ou não até o momento da divulgação, e o seu resultado não irá mudar a censura imposta à Conferência de Liderança das Religiosas imposta pela Congregação para a Doutrina da Fé, disse Campbell.

“Não sei se se trata de uma grande mudança no Vaticano, mas sei que é um estilo muito diferente, um tom diferente”, completou.

A Irmã Annmarie Sanders, porta-voz da Conferência de Liderança das Religiosas, ou LCWR (na sigla em inglês), disse que não iria comentar o relatório, já que ninguém o leu ainda.

Ken Briggs, autor do livro “Double Crossed: Uncovering the Catholic Church’s Betrayal of American Nuns”, pediu precaução. “Com certeza, há a chance de que este relatório venha a arruinar o Natal de muitas pessoas”, declarou Briggs.

Ele observa que, embora há muitas mudanças no Vaticano sob o comando do Papa Francisco, há muita coisa que não mudou.

“Ele é um cara muito legal, mas alguns de seus críticos conservadores estão equivocados se acham, de alguma forma, que ele é algum tipo de não tradicionalista. Olhemos para a sua vida: ele é bastante cauteloso”, diz Briggs.

Margaret Cain McCarthy, quem realizou um estudo sobre as religiosas durante a visitação apostólica e detalhou os resultados no livro “Power of Sisterhood”, disse que continua esperançosa.

“Embora eu não possa saber quais conclusões o relatório oficial irá conter, o meu trabalho junto das irmãs me convenceu de que elas são uma luz no mundo e que estão, de verdade, vivendo a mensagem evangélica”, declarou McCarthy. “Espero que o relatório da visitação apostólica reconheça este fato claramente, e que ofereça o reconhecimento e a profunda gratidão que estas mulheres dedicadas merecem”.

Nota:

[1] O Network Lobby: http://www.networklobby.org