10 Outubro 2014
Os bispos reunidos no Vaticano para discutir questões da vida familiar têm compartilhado "boas práticas" para ajudar as famílias em todo o mundo e eles continuam a concentrar-se na noção de misericórdia na vida da Igreja, de acordo com observadores do Vaticano.
A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada no síttio National Catholic Reporter, 08-10-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
Durante as discussões, o padre basiliano Thomas Rosica disse que "não havia nenhuma sensação de desgraça, tristeza ou desespero", mas um desejo, entre os estimados 190 prelados, de compartilhar ideias que estão funcionando para promover a doutrina da Igreja.
Uma ideia comum entre os bispos, disse Rosica, é usar a imagem de Deus como uma "luz gentil ... que anda no meio do povo e o conduz ao longo do caminho".
Rosica é um padre canadense que atua como porta-voz do Vaticano para a reunião de 5 a 19 de outubro, encontro conhecido como Sínodo dos Bispos.
Ao contrário de sínodos anteriores, o Vaticano não está liberando textos ou resumos de conversas dos prelados, mas em vez disso está fornecendo coletivas de imprensa a cada dia com três porta-vozes que estão participando do Sínodo e resumindo os eventos. São eles: o porta-voz oficial do Vaticano, o padre jesuíta Federico Lombardi, em italiano; o padre arquidiocesano Manuel Dorantes, de Chicago, em espanhol; e Rosica, em inglês e francês.
Juntando-se aos porta-vozes, na quarta-feira, estavam dois membros sinodais: o nigeriano Dom Ignatius Kaigama e o arcebispo Victor Fernández, reitor da Pontifícia Universidade Católica da Argentina. Fernández é um dos 26 padres sinodais designado especificamente pelo Papa Francisco; Francisco também foi quem elevou o teólogo, de 52 anos, a bispo em um de seus primeiros atos como papa.
Rosica afirmou que algumas outras "boas práticas" que estão sendo mencionadas pelos prelados giravam em torno de compreender o impacto limitado, por vezes, que os bispos têm na vida das pessoas.
"Não somos médicos com o poder de curar todas as enfermidades e doenças", disse Rosica, resumindo uma das conversas sinodais.
Kaigama, que lidera a arquidiocese nigeriana de Jos, disse que os prelados não estão buscando mudar doutrinas específicas da Igreja.
"É o que o Espírito Santo diz que irá determinar a decisão", disse o arcebispo, que também é presidente da Conferência Episcopal da Nigéria.
"O que estamos tentando examinar é a abordagem pastoral que poderia ser feita de forma diferente", continuou ele. "As doutrinas permanecem as mesmas. Nós não vamos inventar novas doutrinas ... ou suprimir doutrinas que a Igreja tem praticado há anos".
Fernández, que disse ter ajudado o Papa Francisco a elaborar sua exortação apostólica Evangelii Gaudium ("A Alegria do Evangelho"), disse que os prelados não estão contemplando redefinir a noção da Igreja sobre a indissolubilidade do casamento.
"Ninguém quer destruir a indissolubilidade do matrimônio", disse ele. "Não é possível".
Mas, continuou Fernández, o edifício da doutrina a respeito do casamento continua e "não está fechado".
Referindo-se ao discurso de Francisco ao grupo na segunda-feira, na qual o pontífice pediu aos prelados para "falar com ousadia e ouvir com humildade", Fernández brincou: "O papa nos pediu para falar francamente. Isso significa que não precisamos nos preocupar com o cardeal [Gerhard] Müller vindo atrás de nós".
Müller é o prefeito da Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé.
Perguntado se as reflexões do Sínodo irão resultar em homossexuais sendo "totalmente aceitos" na Igreja, Kaigama disse: "Estamos animados pelo espírito em nossas reflexões".
"Tenho certeza de que essas questões virão da mesma forma que a questão da poligamia surgiu", disse ele. "Isso não significa que vamos ter respostas, mas definitivamente haverá inspirações".
"Pela graça de Deus, nós vamos lidar com elas da melhor maneira possível para o bem da Igreja e a salvação das almas", disse Dom Kaigama.
Os bispos estão abrindo cada reunião, de segunda-feira à tarde até quinta-feira à noite, com o anúncio do tema para essa sessão, seguido de um depoimento de um casal sobre o tema.
Perguntado pelo NCR sobre como as coisas estavam dentro da sala do sínodo, o cardeal de Washington, Donald Wuerl, respondeu com uma palavra: "Quente".
Cerca de 190 prelados estão participando do sínodo e serão capazes de votar nas discussões. Outras 60 pessoas, principalmente não-prelados, foram selecionadas para outras funções e podem contribuir para as discussões, mas não tem direito a voto.
Após uma semana de reuniões, os bispos vão criar um rascunho de um documento de trabalho para o sínodo que irá, então, ser trabalhado durante a segunda semana de reuniões, resultando em um documento final do Sínodo, que será entregue ao papa.
Entre aqueles que fizeram intervenções pré-escritas durante as sessões da tarde de terça-feira estão: Gerard Lerotholi, bispo de Lesoto; Benjamin Ndiaye, bispo de Senegal; cardeal Beniamino Stella, prefeito da Congregação para o Clero; Dom Salvatore Fisichella, prefeito do Conselho para a Nova Evangelização; cardeal Francisco Robles Ortega, do México e o cardeal Giuseppe Bertello, presidente do Governatorato do Vaticano.
Ofereceram intervenções "livres" na terça-feira à tarde: o cardeal indiano Oswald Gracias; cardeal Stanislaw Rylko, presidente do Pontifício Conselho para os Leigos; Pe. Antonio Spadaro, editor da revista La Civiltà Cattolica; cardeal Francesco Coccopalmerio, presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos; o cardeal alemão Reinhard Marx e o cardeal Müller.
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Sínodo: bispos dizem que a doutrina não vai mudar e compartilham ''boas práticas'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU