13 Outubro 2014
Uma medida do papa, tomada nessa sexta-feira, reitera a perspectiva da misericórdia e da gradualidade em relação aos desafios da família, que pouco a pouco se delineou nos últimos meses e ao longo do Sínodo. É uma escolha que revela uma intenção.
O comentário é do teólogo italiano Christian Albini, em nota publicada no blog Sperare per Tutti, 10-10-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
O Papa Francisco, segundo o boletim da Sala de Imprensa vaticana, para a redação da Relatio Synodi, decidiu colocar ao lado do relator-geral, Peter Erdö, do secretário especial, Bruno Forte, e do secretário-geral, Lorenzo Baldisseri, os seguintes padres sinodais:
S.Emª Card. Gianfranco Ravasi;
S.Emª Card. Donald W. Wuerl;
S.Exª Dom Víctor Manuel Fernández;
S.Exª Dom Carlos Aguiar Retes;
S.Exª Dom Peter Kang U-Il;
Rev. Pe. Adolfo Nicolás Pachón S.I.
São nomes em que aparece como consistente a orientação em direção à perspectiva da misericórdia e da gradualidade em relação aos desafios da família, que pouco a pouco se delineou nos últimos meses e ao longo do Sínodo. É uma escolha que revela uma intenção.
Ravasi, em um artigo publicado no jornal Il Sole 24 Ore às vésperas do Sínodo, citou favoravelmente a contribuição de Walter Kasper e evocou novamente o texto em que Giovanni Cereti, há décadas, havia se inclinado em favor da reconciliação para os divorciados em segunda união, encontrando não pouco ostracismo.
Fernández, teólogo argentino muito próximo do papa, nestes dias, falou também em um encontro com os jornalistas. O matrimônio cristão é um "belíssimo ideal", disse, mas, quando se fala de "gradualidade", entende-se que é preciso levar em consideração "a realidade concreta das pessoas que não podem chegar a esse ideal", remetendo à categoria de "bem possível" evocada pelo Papa Francisco na Evangelii gaudium, a ser buscado "até mesmo com o risco de nos sujarmos na lama do caminho".
O Pe. Adolfo Nicolás é o superior geral dos jesuítas e, em uma recente entrevista sua, declarou ver se realizar no Sínodo as expectativas de Carlo Maria Martini, convidando a ouvir o mundo e acrescentando:
"É equivocado absolutizar. Tomemos o caso das uniões de fato. Não é que, se há um defeito, tudo está mal. Ao contrário, há algo de bom onde não se faz mal ao próximo. Francisco reiterou isto: 'Somos todos pecadores'. Deve ser alimentada a vida em todos os campos. A nossa tarefa é aproximar as pessoas da graça, não rejeitá-las com os preceitos. Para nós, jesuítas, é práxis cotidiana.
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Sínodo: a medida do Papa Francisco na direção da misericórdia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU