Por: Jonas | 21 Julho 2014
“O mais dramático são as próprias histórias, os testemunhos que você escuta das pessoas que estão escapando da pobreza, do assédio das quadrilhas”, conta Rosa Flores, uma das jornalistas da CNN, e que atualmente está em Honduras cobrindo o fenômeno migratório de crianças desacompanhadas na fronteira dos Estados Unidos.
Fonte: http://goo.gl/18qzp3 |
A reportagem é publicada por Sinembargo, 17-07-2014. A tradução é do Cepat.
Flores, de origem mexicana, começou suas reportagens nos centros de detenção do Texas, que abrigam os menores. Posteriormente, voou até Honduras para documentar a chegada em San Pedro Sula, a segunda maior cidade dessa nação, do primeiro grupo de deportados, em sua maioria mulheres e crianças.
“O voo chegou a San Pedro Sula e o aeroporto está quase ao lado do Centro do Imigrante. O avião chega, descem os imigrantes, que são colocados em um caminhão, onde são interrogados para saber por que saíram do país e, depois, são levados ao terminal ou já há familiares que os esperam. Os homens chegam com as mãos e os pés algemados, mas as mulheres e crianças não”, explicou Flores, via telefone, para HuffPost Voces.
Pelo segundo ano consecutivo, San Pedro Sula está entre as 50 cidades mais violentas do mundo, com uma taxa de 169 homicídios intencionais para cada 100.000 habitantes, o que significa uma média de mais de três pessoas mortas por dia.
A jornalista está trabalhando para suas reportagens em conjunto com a Força de Segurança Interinstitucional Nacional (Fusina), uma organização integrada pela Polícia Nacional, a Polícia Militar da Ordem Pública, a Tropa de Inteligência, Grupos de Resposta Especial de Segurança (TIGRES), promotores, juízes e prefeituras, de acordo com informação do governo hondurenho.
A Fusina tenta “combater a criminalidade e fortalecer a paz”. Segundo o presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, “acabou a festa para os delinquentes”.
“Uma das coisas mais horríveis que escutei, e que estamos trabalhando, é que temos informação que as quadrilhas estão treinando as crianças para desmembrar pessoas (...). Conversei com um pai que está procurando seus filhos, aqui em Honduras não os viu, simplesmente as crianças se perdem nos bairros, desaparecem do nada”.
“Faremos o que tivermos que fazer para que o povo hondurenho viva em paz (...). O país não pode continuar como um potreiro. Colocaremos ordem e para isso estamos trabalhando com todos os órgãos operadores de justiça”, reiterou o mandatário.
No entanto, a realidade que se vive é outra, segundo Rosa Flores. A violência e o poder das quadrilhas dominam o viver diário e entre os mais vulneráveis estão as crianças.
“O que nos explicam é que as quadrilhas recrutam as crianças nas escolas e se não entram na quadrilha são ameaçadas, mortas. As famílias não têm outras opções. Você fica e morre nas mãos das quadrilhas ou é mandado para os Estados Unidos em um caminho perigoso”, conta a jornalista.
Uma das histórias mais comoventes que Flores se deparou foi a do necrotério, em San Pedro Sula, onde permanecem mais de 40 corpos sem serem reivindicados. “Há famílias que não vem à procura de seus familiares por medo e outros pensam que estão no trajeto para os Estados Unidos, sem saber que os corpos estão no necrotério. Quando as quadrilhas veem que a família reivindica um cadáver, já identificam aos parentes e sabem quem são os próximos a atacar. O mesmo acontece nos cemitérios, quando vão sepultar as vítimas”.
Um dos casos mais horripilantes que chegou ao necrotério de San Pedro Sula foi o de uma menina de 13 anos de idade, com sua garganta cortada de orelha a orelha. O corpo foi encontrado em um buraco, pouco profundo, no quintal de uma casa. As autoridades policiais afirmam que estão investigando as circunstâncias em que a menor morreu.
Esta semana, o presidente Juan Orlando Hernández, em um discurso na Casa de Governo, afirmou o seguinte: “Não retrocederemos no tema da delinquência”. Também reiterou “seu compromisso para que as mortes de menores de idade sejam investigadas e que essas ações não fiquem impunes em Honduras”.
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Horripilante violência contra as crianças que fogem para os Estados Unidos: “São treinadas para desmembrar pessoas” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU