21 Agosto 2011
O cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, respondeu ao apelo à desobediência de um grupo de padres sobre questões como o celibato sacerdotal com uma oferta de diálogo, combinado com uma advertência das possíveis consequências severas para aqueles que não honrarem seus votos.
A reportagem é de Christa Pongratz-Lippitt, publicada na revista católica inglesa The Tablet, 20-08-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O cardeal Schönborn se encontrou com os líderes da "Iniciativa dos Párocos Austríacos", que pertencem à arquidiocese de Viena, no dia 10 de agosto, para discutir as questões, mas também as consequências de seu Apelo à Desobediência.
"O propósito da nossa discussão foi sondar o que tínhamos em comum, mas também pretendeu ser um sinal claro da minha parte de que eu, como chefe desta arquidiocese, certamente não posso permitir que um `apelo à desobediência` baseado na consciência seja feito dessa forma", disse o cardeal ao jornal austríaco Der Standard, no dia 12 de agosto.
Até que eles se encontrem novamente para uma segunda rodada de conversas em setembro, ele pediu que os padres reflitam sobre o ofício sacerdotal, sobre a obediência e a consciência, e sobre as respostas adequadas aos desafios dos tempos postos diante da Igreja. Eles devem se perguntar se um "apelo à desobediência" era uma resposta adequada a esses desafios, disse ele. "Exige-se um esclarecimento", insistiu. "Se alguém se decide por um caminho de dissidência, então isso terá consequências. O tipo de consequências depende de quão grande é a dissidência".
Quando o seu entrevistador apontou que, segundo a última pesquisa, em que 500 padres foram questionados, 80% eram a favor de tornar voluntário o celibato sacerdotal e que era questões como essas que o Mons. Helmut Schüller, iniciador da Iniciativa dos Párocos Austríacos, queria debater, o cardeal Schönborn respondeu que ele não pertencia aos 80% e era muito claramente a favor do celibato sacerdotal obrigatório.
Ele disse esperar por uma solução "amigável", mas lembrou que os sacerdotes prometeram aderir ao ensino da Igreja, e acrescentou: "Neste momento, estou contando com a reflexão e a discussão – e não com o báculo. Mas a decisão é imperativa".
Mons. Schüller disse ao Der Standard, no dia 15 de agosto, que o cardeal Schönborn deixou implícito em seu encontro que, se ele e seus colegas padres continuassem defendendo o seu apelo à desobediência, então não haveria lugar para eles por muito mais tempo na Igreja Católica.
"Não apenas eu nunca abandonarei a minha Igreja, como também o meu entendimento da Igreja não é o de uma associação [Verein] que alguém possa abandonar", ressaltou. Não foi um erro usar a palavra "desobediência", já que é um fato que muitas das reformas que eles estavam pedindo – como dar a Comunhão a divorciados de segunda união e a católicos que haviam sido excomungados por se recusarem a pagar o imposto eclesiástico obrigatório – são de fato desobedientes e também já amplamente praticadas.
"Nós, sacerdotes nas bases da Igreja, temos que levar uma vida dupla enquanto temos que lidar com os problemas que a linha oficial da Igreja proíbe. No longo prazo, isso simplesmente não vai funcionar, pois está desgastando os padres", disse. O cardeal Schönborn tem que uma decisão a tomar, continuou. Desde que o Apelo à Desobediência foi publicado, quatro padres abandonaram a iniciativa, mas 21 novos membros se uniram – elevando o número de participantes a 321, afirmou.
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Schönborn dá tempo para que sacerdotes dissidentes reflitam - Instituto Humanitas Unisinos - IHU