09 Março 2022
Já está disponível online um livro dedicado à vida e à morte de João Paulo I, organizado por Giovanni Maria Vian. A partir do dia 10 de março, estará também nas livrarias [italianas].
A reportagem é de Il Sismografo, 08-03-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Albino Luciani, papa com o nome de João Paulo I, é o quinto pontífice do século XX a ascender às honras dos altares. Mas quem era o patriarca de Veneza que foi papa por 33 dias (de 26 de agosto a 28 de setembro de 1978), despertando interesse e simpatia não só entre os católicos? E o que resta do seu pontificado?
Quem responde a essas perguntas são seis autores, com textos que, entre outras coisas, indagam a presença de Luciani (e de muitos papas imaginários, ma non troppo) na literatura e no cinema. Os textos são de quatro historiadores (Sylvie Barnay, Roberto Pertici, Gianpaolo Romanato e Giovanni Maria Vian), do escritor Juan Manuel de Prada e do crítico de cinema Emilio Ranzato.
(Foto: Divulgação)
Vian homenageia os seus genes lagunares publicando o livro “Il papa senza corona” [O papa sem coroa] (Ed. Carocci). O livro, que se vale das contribuições de quatro historiadores e dois escritores, fala de Albino Luciani, proveniente do Vêneto, a quem coube o mesmo destino de Pio X, quinto pontífice do último século, elevado à honra dos altares (ele será beatificado no dia 4 de setembro).
Nada de hagiográfico: partindo do Ângelus em que João Paulo I anunciou que Deus “é pai, mais ainda, é mãe”, Gianpaolo Romanato conta que o pai do futuro pontífice, Giovanni, teve uma filha natural em 1895 e que, em 1900, casou-se com uma prima de primeiro grau, com quem já tivera um filho, que morreu no primeiro ano de idade, e que depois teve outros três filhos, que também morreram logo após o nascimento, e duas filhas, ambas surdas e mudas.
Stefano Lorenzetto entrevistou o organizador do livro, Giovanni Maria Vian, para o jornal Corriere della Sera, 05-03-2022.
O livro será lançado no dia 10 de março, dia em que o diretor emérito do L’Osservatore Romano completará 70 anos. Um acaso?
Neste caso, sim. Aliás, para mim a única data que importa é a do batismo, que o Papa Francisco recomenda ter sempre em mente: 25 de março.
Você acha que a hipótese do crime se sustenta?
Em nada. Não houve nem o café envenenado, nem a superdosagem de remédios. John Cornwell, jornalista e escritor inglês muito escrupuloso, demonstrou isso para além de qualquer dúvida razoável.
Mas a lenda obscura resiste.
Porque se assenta sobre uma base real: Luciani se preparava para remover o cardeal John Patrick Cody, arcebispo de Chicago, considerado um bandido, e para reformar o IOR. Não confiava no presidente do instituto, o bispo Paul Marcinkus, que o havia tratado muito mal quando, como patriarca de Veneza, havia ido protestar contra a incorporação da Banca Cattolica del Veneto no Banco Ambrosiano de Roberto Calvi. Só que Marcinkus gozava da proteção do Pe. Pasquale Macchi, secretário de Paulo VI. O Papa Montini foi enganado, sobretudo por Michele Sindona, além de Calvi. Um quadro desolador.
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O papa sem coroa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU