Os bispos do Brasil mostraram mais uma vez seu apoio às causas indígenas. Uma representação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) com a presença do seu presidente, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, seu secretário geral, Dom Joel Portella Amado, e o presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Dom Roque Paloschi, visitou nesta terça-feira, 24 de agosto, o acampamento Luta pela Vida, em Brasília.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
No acampamento, milhares de indígenas, de 150 povos de todas as regiões do Brasil, participam da mobilização nacional, que começou no domingo 22 e vai até o dia 28 de agosto. O objetivo é reivindicar direitos e promover atos contra a agenda anti-indígena que está em curso no Congresso Nacional e no Governo Federal. Nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal vai realizar um julgamento que pode definir o futuro das demarcações das terras indígenas, um direito reconhecido pela Constituição Federal, mas que o presidente Bolsonaro já manifestou que não iria demarcar um centímetro de terra indígena.
De fato, desde o movimento indígena é denunciado o constante agravamento das violências contra os povos originários dentro e fora dos territórios tradicionais, algo que já tem sido denunciado pelas organizações indígenas brasileiras no Tribunal Penal Internacional. Segundo Sônia Guajajara, liderança de Associação Brasileira dos Povos Indígenas, sua presença em Brasília é em defesa da “vida dos povos indígenas, da mãe terra e da humanidade”.
Ao longo da semana o programa de atividades inclui discussões políticas, marchas, manifestações culturais, assim como visitas a diversas embaixadas. O objetivo é dar visibilidade diante da situação que vivem os povos indígenas no Brasil. Na visita ao acampamento, Dom Walmor Oliveira de Azevedo insistiu em que “Nós temos uma longa história, quase 70 anos. Estamos aqui para dizer de nossa esperança e expectativa de que o Supremo Tribunal Federal possa decidir pela queda do marco temporal e respeitar o que está na Constituição Federal: a demarcação das terras e o respeito a todos os povos indígenas pela riqueza importante e pelos ensinamentos que nos trazem”.
Na mesma linha expressou-se o secretário geral da CNBB, Dom Joel Portella Amado, quem destacou que “a nossa visita aqui, até pequena no tempo, expressa 70 anos de solidariedade da Igreja no Brasil com a causa indígena e respeito aos povos originários. Estamos todos trabalhando por um Brasil diferente que respeite a democracia e a nossa a constituição. Quer vocês nunca esmoreçam em nos ensinar que vale a pena lutar por um mundo diferente “.
O presidente do CIMI, Dom Roque Paloschi, afirmou que “a causa indígena é de todos nós. Nisto continuamos caminhando como CIMI para garantir que vocês sejam protagonistas da própria história”. Lembrando as palavras do Papa Francisco em Querida Amazônia, disse que “estamos aqui com a certeza de que é possível caminhar por outras estradas onde a vida se transforme num grande hino de louvor das criaturas ao Criador”.
Junto com os bispos se fez presente a presidenta da Conferência dos Religioso do Brasil, irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, e Ronilson Costa e Carlos Lima, da coordenação nacional da Comissão Pastoral da Terra.
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