23 Outubro 2020
“Algumas vezes, por achar que política é uma realidade suja, caímos na omissão”, mas “se não participarmos à luz do Evangelho e da Doutrina Social, contribuiremos para que a realidade permaneça como está ou até mesmo fique pior”. A reflexão é do bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portella Amado, em vídeo sobre a relação da Igreja com a política. A produção faz parte da série preparada pelo Regional Sul 2 da Conferência para as eleições municipais deste ano, a partir da Cartilha de Orientação Política “Os cristãos e as eleições”.
A reportagem é publicada por CNBB, 21-10-2020.
Dom Joel motivou os cristãos a não se omitirem na política, participando dos processos como uma forma de manifestar o amor aos irmãos. “A pessoa de fé tem, sem dúvida, o coração no alto e os pés no chão e não pode perder nem uma, nem outra atitude. Assim, como não permanecemos de fé se nos desconectamos do chão, como amar a Deus que não vemos se não amamos aos irmãos que vemos?”, questiona.
O secretário-geral da CNBB também ressalta que o fato de a Igreja não fechar com um partido político, não pode ser compreendido como ausência de compromisso. Ao contrário. “Deixando a cada batizada e batizada a liberdade de escolha, a Igreja manifesta que qualquer projeto político precisa começar respeitando essa liberdade e, é claro, assumindo os riscos das escolhas feitas”, ressalta dom Joel.
Destacando a laicidade do Estado, o bispo pontua que não pode haver ingerência mútua entre Estado e Igreja, mas que esta laicidade “não pode ser usada para impedir que a Igreja manifeste os valores em que acredita”.
Participar do processo político, segundo a motivação de dom Joel Portella Amado, consiste em não cair nas armadilhas da descrença, escolhendo bem os candidatos e, ainda, atendendo ao chamado às inúmeras formas de ação política, como a atuação nas associações de bairro, nos conselhos de direitos ou políticas públicas ou nas candidaturas aos serviços de vereador e de prefeito.
Este processo exige preparação e a Cartilha de Orientação Política oferecida pelo Regional Sul 2 da CNBB pode ajudar. Grupos podem se reunir virtual ou presencialmente para estudar o material, de modo que a escolha dos representantes no processo eleitoral seja feita da melhor forma.
Produzida pelo Regional Sul 2 a pedido da Presidência da CNBB, o subsídio é destinado a eleitores e candidatos, grupos de reflexão, paróquias e comunidades. Uma equipe de peritos em várias áreas do conhecimento, elaborou a cartilha com o objetivo de contribuir para a formação de uma sadia consciência política e motivar a participação no processo político em vista das eleições municipais de 2020.
Dividida em três partes, a cartilha aborda temas relevantes da atualidade, como a cultura da polarização e as fake news, as mudanças na legislação eleitoral e a descrição das funções dos cargos em disputa. Possui linguagem de fácil compreensão com indicações básicas sobre o universo da política, a partir do olhar da Igreja Católica, que não se identifica com nenhuma ideologia ou partido político.
Para auxiliar no aproveitamento do material foi preparada a série de vídeos, aberta com uma mensagem do arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo. Os vídeos, que contam com acessibilidade em libras, foram publicados entre os dias 17 de agosto e 15 de outubro, em duas publicações por semana no canal do Youtube, na página do Facebook do Regional 2 e também no site.
Confira a série de vídeos:
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"Não nos omitamos, a fé tem na política como uma de suas consequências", afirma Dom Joel Portella Amado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU