05 Julho 2021
Peça aos jovens qualquer coisa, mas não para formar uma família ou ter filhos: um em cada dois vai responder "não, obrigado". Isso foi revelado por um levantamento encomendado pela Fundação Donat-Cattin ao instituto de pesquisa Noto Sondaggi: 51% dos jovens entrevistados admitiram que não se imaginam como pais, 30% estimaram que aos 40 eles terão um relacionamento de casal, mas sem filhos, enquanto os 20% restantes acham que serão solteiros.
A reportagem é de Leonardo Di Paco, publicada por La Stampa, 01-07-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Um alarme que a Ministra da Família Elena Bonetti recebe com preocupação: “O tema da natalidade, da escolha da parentalidade cada vez mais adiada, é ao mesmo tempo um sintoma e uma causa de uma situação difícil no país. Um país que não consegue expressar uma força jovem e inovadora é um país que não tem perspectivas de um bem-estar sustentável”, explica a ministro durante uma conferência organizada em Turim por ocasião do trigésimo aniversário da morte do ex-ministro e intitulada, não por acaso, "Berços vazios". “Depois da dramática experiência que vivemos, este planejamento do futuro passa da possibilidade das pessoas se imaginarem uma família. Ou mudamos o paradigma das políticas sociais ou nunca vamos conseguir uma saída nesse sentido”, acrescenta a ministra.
Ao explicar as razões pelas quais sentem dificuldades em se imaginarem pais, os jovens entrevistados - todos entre 18 e 20 anos - falam de fatores que dizem respeito à esfera social mais do que uma aversão à própria paternidade. Em particular, as preocupações dizem respeito à falta de trabalho (87%), seguida da ausência de políticas adequadas para a família (69%). Uma porcentagem semelhante de jovens, no entanto, também fala de crise nos relacionamentos estáveis, enquanto apenas outros 37% consideram os filhos um obstáculo na medida que condicionam as vidas.
Em relação à vontade de não ter filhos, os jovens podem ser divididos em três categorias, explicam os pesquisadores: há aqueles que têm uma atitude definida como "narcisista" de forma que acreditam que um filho, e mais em geral vínculos estáveis, limitam a liberdade; quem expressa o medo de não poder arcar com essa possibilidade economicamente e, por fim, quem garante não querer filhos por falta de confiança na sociedade e no futuro. Um conceito retomado por Bonetti: “A questão da baixa natalidade é muitas vezes vista do ponto de vista dos efeitos devastadores que pode causar. Um país que não consegue garantir a presença suficiente de uma força jovem, que é aquela que interpreta as inovações e escolhas do futuro, é um país que não só não tem a perspectiva de um bem-estar sustentável, mas que nem mesmo consegue interpretar aquele impulso necessário de renovação que possa de fato garantir o desenvolvimento de toda a coletividade”.
Os temores sobre os riscos de um inverno demográfico para a Itália, lembrou a Fundação, foram denunciados justamente por Carlo Donat-Cattin: “Como ministro da Saúde, o fez em setembro de 1986 em Saint Vincent, e já na época pedia uma mudança radical das políticas para a família. Ele via a Itália como um país "próximo ao prazo de vencimento" com base nos dados fornecidos pelo demógrafo Antonio Golini”. Dados confirmados também pelas projeções de algumas companhias de seguro que, no entanto, foram contestados por alguns jornais que acusaram o ministro de nostalgia pelas políticas demográficas do período fascista. No entanto, os ‘berços vazios’ dos últimos anos confirmaram as suas previsões”.
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Itália. “Um em cada dois jovens de dezoito anos não quer filhos”. A sociedade pós-Covid assusta demais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU