29 Junho 2021
O cardeal Bargnasco retorna após investigar o cardeal Stanislaw Dziwisz, secretário-pessoal de João Paulo II.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 28-06-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Os abusos a menores não são coisa do passado, nem gotas no oceano. O caso da Igreja polonesa demonstra, claramente, que este drama não pode ser silenciado eternamente. O último relatório, apresentado hoje pelo episcopado do país mostra uma realidade cruel: 292 padres abusaram de 368 crianças entre 2018 e 2020.
O relatório não se detém aos abusos, mas também entra na negligência e, em alguns casos, no voluntário encobrimento de abusadores, e na dinâmica do silêncio ante a pedofilia clerical neste país, um dos mais católicos de toda Europa.
Tudo isso em meio a uma investigação conduzida pelo cardeal Angelo Bagnasco, que se concentra na atuação do secretário-pessoal de João Paulo II e cardeal de Cracóvia, Stanislaw Dziwisz, neste drama. Outros bispos e arcebispos foram recentemente sancionados pela Santa Sé, dentro da aplicação da política de ‘tolerância zero’ promovida por Bergoglio.
“Pedimos desculpas às vítimas”, disse o líder da Igreja polonesa, Wojciech Polak, em uma entrevista coletiva online. Por sua vez, o bispo encarregado da luta contra os abusos, Adam Zak, destacou a necessidade de uma maior conscientização sobre o drama do abuso infantil, pois a realidade mostra que o abuso, longe de desaparecer, continua em número muito elevado.
Assim, o relatório anterior, referente ao período de 1990 a 2018, falava de 382 clérigos, que teriam abusado de 625 menores. Em apenas dois anos, de 2018 a 2020, o número é de 292 e 368. Simplesmente escandaloso.
Por outro lado, segundo a Efe, o bispo polonês Zbigniew Kiernikowski foi substituído pelo Vaticano após uma investigação por negligência em relação a abusos sexuais na diocese de Siedlce.
A arquidiocese da cidade polonesa de Lublin (leste) informou nesta segunda-feira que Kiernikowski apresentou sua renúncia após a conclusão de um processo iniciado pela Santa Sé quando era bispo em Siedlce e após acusações de negligência feitas em relação ao caso de um padre que infringiu o abuso sexual de um menor.
A arquidiocese polonesa informou que o Vaticano tomou a decisão de aceitar a renúncia do bispo em aplicação do Código de Direito Canônico e “no final do procedimento” iniciado.
O bispo serviu como chefe de Siedlce entre 2012 e 2014, anos em que os acontecimentos ocorreram, e o Vaticano, segundo o arcebispado de Lublin, tomou a decisão em consideração às “dificuldades de gestão da diocese de Legnica”, da qual ele era um bispo.
Kiernikowski, 64, foi ordenado bispo por João Paulo II em 2002 e ocupou cargos importantes na Igreja Católica Polonesa, já que era membro do Conselho Científico e de várias associações católicas internacionais.
Ele também foi premiado com a Cruz de Cavaleiro da Ordem da Polônia Restituta em 2009, uma das maiores distinções da Polônia, “por notáveis realizações no trabalho pastoral”.
Há poucas semanas, Kiernikowski anunciou que “havia deixado sua renúncia para o Santo Padre Francisco” e mencionou que o fazia “porque a data de minha aposentadoria se aproximava”.
O anúncio da substituição de Kiernikowski – substituído pelo bispo Andrzej Siemieniewski, conforme anunciado pelo Vaticano – ocorreu enquanto o arcebispo de Varsóvia, primaz da Polônia, Wojciech Polak, apresentava na segunda-feira o último relatório estatístico da Comissão de Pedofilia da Igreja polonesa.
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A Igreja polonesa: 292 curas abusaram de 368 menores entre 2018 e 2020 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU