18 Junho 2021
Quase um em cada dez italianos está em condições de pobreza absoluta. A fotografia do Istat confirma o efeito devastador da crise desencadeada pela pandemia nas condições das famílias italianas: no espaço de um ano o número total de famílias em dificuldade ultrapassou os 2 milhões, passando de 6,4% para 7,7% do total, com um aumento muito forte no Norte. Ao todo, estamos falando de 5,6 milhões de pessoas (9,4% do total e um milhão a mais do que em 2019) em condições de fortes dificuldades econômicas, e 1,3 milhão são menores.
A reportagem é de Paolo Baroni, publicada por La Stampa, 17-06-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Comparado com 2005, ano em que se iniciou a série histórica, este é o maior nível de pobreza absoluta já registrado na Itália. Mas também é preciso dizer que em função dos subsídios dados pelo governo em relação a 2019, se reduziu tanto a intensidade da pobreza absoluta, o índice que na prática mede "quão pobres são os pobres", quanto a pobreza relativa que passa de 11, 4 a 10,1%. Entre os novos pobres, há aqueles que perderam seus empregos, mas também há muitos pequenos comerciantes ou artesãos que tiveram que fechar, pessoas empregadas na informalidade que não desfrutam de subsídios específicos ou ajudas públicas e não têm economias de reserva, bem como muitos trabalhadores temporários ou com atividades ocasionais que foram interrompidas pelas limitações impostas pela propagação dos contágios.
Dados "vergonhosos", "dramáticos", "não dignos de um país civilizado", comentam os sindicatos e associações. Enquanto a Confesercenti relata que devido à ausência de medidas sociais, a proporção de autônomos que acabaram na pobreza atingiu 280 mil, 95 mil a mais no espaço de 12 meses.
Especificamente, em 2020, a incidência de famílias em pobreza absoluta confirma-se como maior no Sul (9,4%, contra os 8,6% anteriores), mas o maior crescimento é registado no Norte onde a pobreza familiar passa de 5,8 para 7,6 %, principalmente nos municípios com menos de 50 mil habitantes e adjacentes às regiões metropolitanas: ao todo são mais de 2,5 milhões de pessoas (45,6% do total, 63% no Noroeste e 37% no Nordeste), contra 2 milhões 259 mil no Sul (40,3%).
A maior incidência absoluta é nas famílias numerosas: de fato, é de 20,5% entre aquelas com 5 ou mais componentes e 11,2% entre aquelas com 4. A situação torna-se mais crítica se as crianças na casa, especialmente se menores, são mais de uma (com a incidência aumentando para 22,7% naquelas que têm três ou mais) e entre as famílias monoparentais. Em geral, a pobreza familiar mostra uma tendência decrescente à medida que aumenta a idade da pessoa de referência: geralmente - especifica a Istat - as famílias de jovens têm menor capacidade de gasto porque têm renda média menor e menor poupança.
Particularmente afetadas na comparação com 2019, as famílias com a pessoa de referência empregada (a incidência passa de 5,5% a 7,3%), tanto dependente como independente. No entanto, as situações mais dramáticas dizem respeito aos estrangeiros, com 29,3% dos núcleos familiares e 1,5 milhões de indivíduos em pobreza absoluta, e aos menores. Nesse caso, são 1 milhão 337 mil crianças e jovens em condições de pobreza absoluta (13,5% e 767 mil famílias), com uma incidência que varia de 9,5% no Centro a 14,5% no Sul. Em relação a 2019 a situação piorou especialmente no Norte (com incidência passando de 10,7 para 14,4%) e no Centro (de 7,2% para 9,5%) e chega a 29,1% se o chefe de família está à procura de emprego.
Para os sindicatos, os dados do Istat confirmam que a crise deflagrada pela Covid aumentou as desigualdades e por isso agora, segundo o secretário-geral da Uil, Pierpaolo Bombardieri, “é necessário colocar em prática opções direcionadas para ajudar aqueles que correm o risco de ficar para trás”. “Precisamos agir”, afirma Luigi Sbarra, da CISL, enquanto para Maurizio Landini (CGIL) “precisamos combater a precariedade e investir para criar empregos”. "Intervenções urgentes" também estão pedindo Save the Children e a Aliança contra a pobreza. Para a Subsecretária de Economia Cecília Guerra, os dados confirmam a importância de instrumentos como a Renda de Cidadania e a Renda Emergencial, mas também impõem medidas corretivas urgentes: "para aumentar o peso atribuído à presença de menores nas famílias" e ampliar a cobertura em favor dos estrangeiros. “O vínculo de 10 anos de permanência na Itália para acessar a Renda de Cidadania - explica ela - é absurdo e deve ser eliminado”.
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Dois milhões de famílias em pobreza absoluta no ano de Covid, a emergência está no norte - Instituto Humanitas Unisinos - IHU