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21 Novembro 2017

Os filhos têm uma situação pior do que os pais e os netos pior do que os avôs. A cada passagem do bastão entre as gerações aumenta a desigualdade, enquanto a pobreza aumenta com a diminuição da idade. Quanto mais jovem você for, maior a sua precariedade.

A reportagem é de Roberto Ciccarelli, publicada em Il Manifesto, 18-11-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.

Ao longo dos anos correspondentes às políticas de austeridade - os últimos cinco - este dado estrutural produzido pela crise financeira explodiu, afetando mais os jovens entre 15 e 34 anos, em comparação com as pessoas acima de 65. Quem afirma isso é um relatório sobre pobreza juvenil e exclusão social 2017 “Futuro anterior", apresentado na ultima sexta-feira no encontro da Imprensa Estrangeira, em Roma, pela Cáritas italiana.

Um jovem em cada dez vive em um estado de pobreza absoluta na Itália. Em 2007, a proporção era completamente diferente: era apenas um em cada cinquenta. Nos dez anos seguintes diminuíram os pobres entre a população com mais de 65 anos (de 4,8% a 3,9%). Voltando no tempo, em comparação a 1995, a disparidade de riqueza entre jovens e idosos se ampliou: a riqueza média das famílias com responsável entre 18-34 anos hoje é menor que a metade, enquanto a das famílias com responsáveis com pelo menos 65 anos aumentou em cerca de 60%. Assume-se, então, que o arrimo de família acima de sessenta anos seja o pai, ou pelo menos um parente, daqueles com menos de 34 anos. Isso significa que o primeiro sustenta o segundo, compartilhando recursos e rendas necessárias para proteger o núcleo refém das chantagens da precariedade: do aluguel à mensalidade da creche, ao sustento econômico em caso de trabalho intermitente ou de gastos com o nascimento de um filho. É o "welfare parental", que substitui o "social", que explodiu devido às reformas, aos cortes e a negação dos direitos universais. Resumidamente, a Itália de 2017.

A Cáritas observa a situação a partir dos "centros de escuta na rede". Em 2016 foram 205.090 as pessoas que, através destes, pediram o que não encontram no "mercado" e não recebem do estado: uma renda e uma proteção. O 22,7% tem menos de 34 anos. Os pedidos chegam principalmente da região norte (46%), onde vivem mais estrangeiros, 33,7% vêm do centro e 20,2% do sul. Mais de 43% procuraram os centros pela primeira vez. A crise para eles não acabou, multiplica silenciosamente seus efeitos enquanto nos andares superiores continuam a falar de um "crescimento" que não produz nem ocupação fixa, nem um pingo de redistribuição.

O status familiar das pessoas abaixo de 34 anos deve ser entendido melhor. Para a Cáritas prevalecem as famílias 'tradicionais', com cônjuges e filhos (35%), seguidas por aquelas "unipessoais" (25,7%), um significativo aumento em comparação com 2015. Formula intrincada, e involuntariamente paródica, que significa: uma pessoa só, solteira, sem filiação. A pessoa que poderia viver como casal, mas se apresenta como um indivíduo e não é incluída no bem-estar estatal, nem nas estatísticas. É razoável pensar que esta condição - de 'apólide' - seja a mais comum em um país como o nosso, onde não se tem a coragem de considerar o "precário" como sujeito de direito, preferindo identificá-lo com a "família". Para estas "famílias de si mesmo" não é previsto um sustento. Nem mesmo uma miserável “renda de inclusão” que o ministro do trabalho Poletti tratou rapidamente de garantir a partir de 1º de dezembro. De acordo com dados da Cáritas não será distribuída nem mesmo para a maioria das famílias 'tradicionais', a menos que tenham até cinco filhos e estejam em situação de pobreza "extrema".

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