28 Mai 2021
A quantidade de pessoas forçadas a abandonar seus lares na região centro-africana do Lago Chade cresceu mais que o dobro no último ano e as agências alertam que lutam para alimentar os deslocados.
A reportagem é de Zeinab Mohammed Salih, publicada por El Diario, 26-05-2021. A tradução é do Cepat.
O conflito, que no mês passado levou a vida do presidente do Chade, Idriss Déby, deslocou mais de 400.000 pessoas, segundo a Organização Internacional para as Migrações, um aumento diante das 169.000, de inícios de 2020. Os deslocados no primeiro trimestre deste passaram de 65.000.
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) tem dificuldades para alimentar os necessitados. A agência havia estimado que 100.000 residentes na região de Kanem, ao leste do Lago Chade, precisarão de comida nos próximos meses, já que o conflito entre o exército do Chade e as forças rebeldes, a Frente pela Alternância e Concórdia, não mostrava sinais de diminuir.
“Com os recursos atuais, o PMA pode prover assistência alimentar de emergência para 223.000 das 401.000 pessoas deslocadas no Lado Chade”, disse Claude Jibidar, representante local do PMA.
“Ainda precisamos de 67 milhões de dólares para apoiar as pessoas deslocadas até o fim do ano, mas o financiamento não está disponível e muitos não sabem de onde virá sua próxima alimentação”.
“A comunidade humanitária está trabalhando para avançar ao lado dos deslocados, mas ainda não pode dar uma resposta adequada e oportuna”.
Bokoey Libyana abandonou sua aldeia depois que o Boko Haram a atacou no último mês de outubro. “Sequestraram nossos irmãos... também levaram cerca de 10.000 cabeças de gado”, disse o homem de 52 anos, cujos cinco filhos já não têm escola para onde ir. “Preciso que trabalhem. Passam a maior parte do tempo coletando lenha para vender no mercado e comprar comida”.
Libyana divide as rações de sua assistência mensal com outras famílias. “Quando recebemos nosso envio de comida do PMA, temos que enviar um pouco aos órfãos de nossos irmãos mortos pelo Boko Haram.
A família agora vive em Fourkhouloum, o lar de cerca de 70.000 deslocados. O centro de saúde mais próximo fica a 19 quilômetros.
Bokoey Maidray, de 47 anos, está em Fourkhouloum há quase um ano e luta para alimentar quatro esposas e 15 filhos.
“Quando os dias vão bem, podemos comer, inclusive mais que uma alimentação. Mas nos dias ruins, não comemos”, disse Maidray, que esperava retornar a seu lar no mês passado, mas não conseguiu por causa de um novo ataque em sua aldeia. “O Boko Haram retornou para queimar minha casa no dia 11 de abril, no dia da reeleição do presidente queimaram todas as casas”.
Segundo o PMA, 66% da população do Chade vive na pobreza extrema. O país, rico em petróleo, ocupava a posição 187, de 189, no índice de desenvolvimento humano, em 2020.
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Chade. A fome cresce para milhares de deslocados pelos conflitos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU