“O Papa está muito sentido com a nota da Doutrina da Fé sobre casais homossexuais... de alguma forma vai reparar esta situação”, afirma Juan Carlos Cruz

Papa Francisco. | Foto: Vatican News

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12 Abril 2021

“Não quero que pareça que estou fazendo uma apologia do Papa Francisco e que ele não é responsável, mas é preciso entender isto no contexto do Vaticano, do fanatismo de alguns. Eu sei, porque falei com o Papa, que ele está muito sentido com o que ocorreu”. Juan Carlos Cruz, um dos três denunciantes de Fernando Karadima, nomeado pessoalmente por Bergoglio para a Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, assegura que Francisco não concorda com a nota do ex-Santo Ofício sobre a bênção a homossexuais. E mais: “Sinto que de alguma forma ele vai reparar esta situação”.

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 11-04-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Em uma entrevista ao jornal La Tercera, do Chile, Cruz admite que ao ler o “Responsum” sentiu “como um sino quebrado. Vi isso e disse, mas ‘o que houve aqui?’, isto não é o que escuto pela minha proximidade com o Papa Francisco, este não é o Papa que eu conheço”.

Poucos dias depois, recebia a chamada do Papa oferecendo-lhe fazer parte do grupo de defesa dos menores abusados na Igreja Católica. “Sim, falei com o Papa, não quero contar nenhuma intimidade, mas eu sei que o Papa é um homem que está muito sentido com isto, ainda que por fim ele seja o responsável. Sinto que de alguma forma vai reparar esta situação”.

Por que se publicou o documento? “Não sei os detalhes, mas sei que ele não o assinou”, respondeu Cruz. “Apesar disso, o Responsum, que é responsabilidade da Doutrina da Fé, foi emitido igual. Isso não isenta o Papa, porque ele é o responsável por tudo. O Papa que eu conheço não é um Papa que se refere à comunidade LGBT dessa maneira, pelo contrário”, destaca.

Síndrome de Estocolmo?

Sobre sua designação à comissão pontifícia para a proteção de menores, o jornalista chileno admite que “há pessoas que dizem que me colocaram ali para me silenciar, que é uma nomeação para relações públicas, que tenho síndrome de Estocolmo”.

“Disseram-me de tudo, mas eu não sou nenhum idiota e sei onde estou me metendo. Serei utópico, serei o que queiras, mas me sinto católico e para mim, minha fé me importa. Então, espero contribuir no que puder”, defende, esclarecendo que “tampouco sou nenhum Super-Homem, nem o farol moral de ninguém, não estou aqui para que digam ‘vejam Juan Carlos, que é um espelho de virtudes’, porque estariam muito equivocados”.

“Quero tratar de levar a voz de tantos que não podem falar a uma parte onde se está tratando de solucionar algo. Não é para conversar sobre como será a Igreja em 2030, 2040... não, perdoem-me, mas existem pessoas que estão sofrendo agora. Existem processos lentíssimos, existem pessoas que nem sequer falaram, existem pessoas que não tiveram reparação, nem justiça, nem nada. O que vai ser feito com isso? Eu vou seguir sendo a mesma pessoa, não vão me enrolar, não vão me dizer ‘isto é o que precisas falar’, não, eu sempre vou dizer o que penso”, conclui.

 

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