Transição ecológica: o Papa recebe um grupo de franceses que defende a tributação das empresas financeiras

Foto: Pixabay

Mais Lidos

  • A ideologia da Vergonha e o clero do Brasil. Artigo de William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • Juventude é atraída simbolicamente para a extrema-direita, afirma a cientista política

    Socialização política das juventudes é marcada mais por identidades e afetos do que por práticas deliberativas e cívicas. Entrevista especial com Patrícia Rocha

    LER MAIS
  • Que COP30 foi essa? Entre as mudanças climáticas e a gestão da barbárie. Artigo de Sérgio Barcellos e Gladson Fonseca

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

16 Março 2021

Eles vieram de trem de Paris para discutir um assunto que também é caro ao Santo Padre: a transição ecológica. Uma delegação de quatro franceses, da sociedade civil e do mundo político, liderada pelo eurodeputado Pierre Larrouturou e o ecologista Cyril Dion, foi recebida pelo Papa Francisco no final da manhã desta segunda-feira, 15 de março.

A reportagem é de Marine Henriot, publicada por Vatican News, 15-03-2021. A tradução é de André Langer.

À saída da audiência com o Sumo Pontífice, um sorriso está estampado no rosto de Cyril Dion, ambientalista, documentarista e responsável pela Convenção Cidadã sobre o Clima na França; Samuel Grzybowski, do movimento interconviccional Coexister; Pierre Larrouturou, economista, euro-deputado, relator geral do orçamento da União Europeia, e Eva Sadoun, empresária e ativista, co-presidente do movimento Impact France que reúne os atores da economia sustentável. E com razão, os quatro franceses que vieram a um encontro com o Papa têm o prazer de compartilhar com ele tantas ideias sobre o tema da transição ecológica.

“Hoje, as finanças criaram uma espécie de nebulosa que obscurece o nosso juízo sobre o que deve ser feito para proteger as pessoas e a natureza”, explica Cyril Dion, encantado com o incentivo que acaba de receber no Vaticano. “O Papa insistiu muito no fato de que para ele a geração jovem é aquela que tem a criatividade e a força para fazer as coisas acontecerem”.

Praticar uma economia diferente

“Vim dizer-lhe que hoje houve atores econômicos que integraram as problemáticas de que fala, de justiça social e ecológica na economia”, detalha, animada, a jovem empresária e ativista Eva Sadoun, que, como o Papa Francisco, quer um economia diferente a ser praticada, “uma economia que faz viver e não mata, que inclui e não exclui, que humaniza e não desumaniza, que cuida da criação e que não a polui”, como explicou o Santo Padre em sua carta aos economistas e empresários de 1º de maio de 2019.

Outro sistema é possível, também quer acreditar o economista Paul Larrouturou, inicialmente pronto para integrar a comitiva mas finalmente em presença virtual porque foi afetado pelo coronavírus. É a terceira vez que o relator geral do orçamento da União Europeia se encontra com o Bispo de Roma para debater especialmente o seu projeto de lei sobre a tributação das empresas financeiras, lançado em 2008, e atualmente em discussão pelos Estados-Membros. Pierre Larrouturou reconhece que o Papa é uma autoridade moral de que tanto necessita: “devemos mudar este sistema e interpelar os nossos dirigentes”. “Uma palavra do Papa que diz ‘não tenham medo’, que nos dá força e coragem”.

Convenção cidadã do Clima

Apoio moral que chega na hora certa para esses poetas da transição ecológica na França, no momento em que o projeto de lei do clima está sendo discutido. Um projeto extraído de uma iniciativa inédita que o Papa Francisco considerou muito interessante, relata Cyril Dion: a criação de uma convenção cidadã que reuniu 150 pessoas escolhidas por sorteio na França que puderam propor caminhos de reforma para lutar contra o aquecimento global e reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 40% na França até 2030 em relação a 1990. No entanto, os ambientalistas franceses estão atualmente desiludidos, estimando que as propostas nascidas desta convenção foram finalmente esvaziadas de seu conteúdo no projeto de lei sobre o clima atualmente em discussão na Assembleia.

A questão da transição ecológica também é espiritual, reconhece Samuel Grzybowski da associação Coexister, um movimento interconviccional que defende a convivência. “Temos que descompartimentar nossos problemas. A justiça social e ambiental deve ser uma luta que nos une e nos congrega”, finaliza.

Leia mais