21 Janeiro 2021
A médica e cientista da Fiocruz Dra. Margareth Dalcomo aproveita o instante sob holofotes ao receber o Prêmio São Sebastião 2021 da Associação Cultural da Arquidiocese do Rio de Janeiro das mãos do cardeal Dom Orani Tempesta e do prof. Serpa da Cesgranrio e solta o verbo.
Em sua fala, a falta de insumos para a produção de imunizantes decorrente da severa crise diplomática e a resposta negativa da China e Índia depois das atitudes alucinadas do Itamaraty, recém transformado em manicômio.
Depoimento da médica Margareth Dalcomo da Fiocruz (20/1/2021):
Conrado Hubner Mendes, hoje na Folha.
Desesperança
Amanda Gorman: "The hill we climb"
... when day comes we ask ourselves where can we find light in this never-ending shade? The loss we carry asea we must wade. We’ve braved the belly of the beast. We’ve learned that quiet isn’t always peace. In the norms and notions of what just is isn’t always justice. And yet, the dawn is ours before we knew it. Somehow we do it. Somehow we’ve weathered and witnessed a nation that isn’t broken, but simply unfinished. We, the successors of a country and a time where a skinny black girl descended from slaves and raised by a single mother can dream of becoming president only to find herself reciting for one.
And yes, we are far from polished, far from pristine, but that doesn’t mean we are striving to form a union that is perfect. We are striving to forge our union with purpose. To compose a country committed to all cultures, colors, characters, and conditions of man. And so we lift our gazes not to what stands between us, but what stands before us. We close the divide because we know to put our future first, we must first put our differences aside. We lay down our arms so we can reach out our arms to one another. We seek harm to none and harmony for all. Let the globe, if nothing else, say this is true. That even as we grieved, we grew. That even as we hurt, we hoped. That even as we tired, we tried that will forever be tied together victorious. Not because we will never again know defeat, but because we will never again sow division.
Scripture tells us to envision that everyone shall sit under their own vine and fig tree and no one shall make them afraid. If we’re to live up to her own time, then victory won’t lie in the blade, but in all the bridges we’ve made. That is the promise to glade, the hill we climb if only we dare. It’s because being American is more than a pride we inherit. It’s the past we step into and how we repair it. We’ve seen a forest that would shatter our nation rather than share it. Would destroy our country if it meant delaying democracy. This effort very nearly succeeded.
But while democracy can be periodically delayed, it can never be permanently defeated. In this truth, in this faith we trust for while we have our eyes on the future, history has its eyes on us. This is the era of just redemption. We feared it at its inception. We did not feel prepared to be the heirs of such a terrifying hour, but within it, we found the power to author a new chapter, to offer hope and laughter to ourselves so while once we asked, how could we possibly prevail over catastrophe? Now we assert, how could catastrophe possibly prevail over us?
We will not march back to what was, but move to what shall be a country that is bruised, but whole, benevolent, but bold, fierce, and free. We will not be turned around or interrupted by intimidation because we know our inaction and inertia will be the inheritance of the next generation. Our blunders become their burdens. But one thing is certain, if we merge mercy with might and might with right, then love becomes our legacy and change our children’s birthright.
So let us leave behind a country better than one we were left with. Every breath from my bronze-pounded chest we will raise this wounded world into a wondrous one. We will rise from the gold-limbed hills of the West. We will rise from the wind-swept Northeast where our forefathers first realized revolution. We will rise from the Lake Rim cities of the Midwestern states. We will rise from the sun-baked South. We will rebuild, reconcile and recover in every known nook of our nation, in every corner called our country our people diverse and beautiful will emerge battered and beautiful. When day comes, we step out of the shade aflame and unafraid. The new dawn blooms as we free it. For there is always light. If only we’re brave enough to see it. If only we’re brave enough to be it.
Amanda Gorman: ′′A colina que subimos ′′
... quando o dia chega, perguntamos a nós mesmos onde podemos encontrar luz nesta sombra interminável? A perda que carregamos é o que temos que fazer. Nós enfrentamos a barriga da besta. Aprendemos que o silêncio nem sempre é paz. Nas regras e noções do que é justo nem sempre é justiça. E, no entanto, o amanhecer é nosso antes de sabermos. De alguma forma, nós fazemos isso. De alguma forma, nós desbotamos e testemunhamos uma nação que não está quebrada, mas simplesmente inacabada. Nós, os sucessores de um país e um tempo onde uma negra magrinha descendente de escravos e criada por uma mãe solteira podemos sonhar em se tornar presidente apenas para se encontrar recitando um.
E sim, estamos longe de ser polidos, longe de ser imaculados, mas isso não significa que estamos nos esforçando para formar uma união perfeita. Estamos nos es Amanda Gorman: ′′A colina que subimos" forçando para forjar nossa união com propósito. Para compor um país comprometido com todas as culturas, cores, personagens e condições do homem. E assim levantamos os nossos olhos não para o que está entre nós, mas para o que está diante de nós. Fechamos a divisão porque sabemos que para colocar o nosso futuro em primeiro lugar, primeiro temos de deixar as nossas diferenças de lado. Nós depositamos os nossos braços para que possamos estender os nossos braços uns para os outros. Procuramos mal a ninguém e harmonia para todos. Que a globo, se nada mais, diga que isso é verdade. Que, mesmo quando sofremos, nós crescemos. Que, mesmo que magoássemos, esperávamos. Que, mesmo que cansamos, tentamos que ficará para sempre amarrado vitorioso. Não porque nunca mais vamos conhecer a derrota, mas porque nunca mais vamos semear a divisão.
A Escritura diz-nos para pensar que todos se sentarão debaixo da sua própria vinha e figueira e ninguém os assustará. Se formos viver até ao seu próprio tempo, então a vitória não estará na lâmina, mas em todas as pontes que fizemos. Essa é a promessa de clarear, a colina que escalamos se só nos atrevemos. É porque ser americano é mais do que um orgulho que herdamos. É o passado em que entramos e como o reparamos. Já vimos uma floresta que iria destruir a nossa nação em vez de a partilhar. Destruiria o nosso país se significasse atrasar a democracia. Este esforço quase conseguiu.
Mas, embora a democracia possa ser periodicamente adiada, ela nunca pode ser derrotada permanentemente. Nesta verdade, nesta fé em que confiamos enquanto temos os nossos olhos no futuro, a história tem os seus olhos postos em nós. Esta é a era de apenas redenção. Nós temíamos isso na sua criação. Não nos sentimos preparados para ser os herdeiros de uma hora tão terrível, mas dentro dela, encontramos o poder de autor de um novo capítulo, para oferecer esperança e risos a nós mesmos, enquanto uma vez nos perguntamos, como é que poderíamos prevalecer sobre a catástrofe? Agora afirmamos, como poderia a catástrofe prevalecer sobre nós?
Não vamos regressar ao que foi, mas mudar-nos para o que será um país que está ferido, mas inteiro, benevolente, mas corajoso, feroz e livre. Não seremos virados ou interrompidos pela intimidação porque sabemos que a nossa inação e inércia será a herança da próxima geração. Os nossos erros tornam-se os seus fardos. Mas uma coisa é certa, se fundirmos misericórdia com força e força com razão, então o amor torna-se nosso legado e mudamos o direito de nascimento dos nossos filhos.
Então deixemos para trás um país melhor do que um com o qual nos restavam. A cada respiração do meu peito arrematado de bronze vamos elevar este mundo ferido para um mundo maravilhoso. Vamos levantar-nos das colinas do Oeste com membros dourados. Vamos levantar-nos do nordeste varrido pelo vento, onde os nossos antepassados perceberam pela primeira vez a revolução. Vamos subir das cidades do Lago Jante dos estados do centro-oeste. Vamos nascer do Sul cozido pelo sol. Vamos reconstruir, reconciliar e recuperar em cada recanto conhecido da nossa nação, em cada canto chamado nosso país nosso povo diversificado e belo surgirá agredido e lindo. Quando o dia chega, saímos da sombra aflame e sem medo. O novo amanhecer floresce enquanto o libertamos. Pois sempre há luz. Se ao menos formos corajosos o suficiente para ver isso. Se ao menos somos corajosos o suficiente para o ser.
Atenção gado!! O dono do berrante mandou dizer agora que o seu velho inimigo agora é seu melhor amigo, e que aquilo que sempre foi veneno agora é remédio!!! Acredite se for de fato tão otario como ele sempre imaginou que você fosse! Muuuuuuuu!!!!
Preste atenção no seguinte e raciocina.
Baseado numa publicação de Hermes Fernandes.
A jogada de mestre deste governo é lançar a população contra as principais classes que poderiam abrir os seus olhos:
* Professores - Insinuando que estariam sexualizando nossos filhos e desviando nossa juventude, bem como as universidades são descritas como antros de vagabundos e centros de cultivo e consumo de drogas.
* Artistas - Acusando-os de se locupletarem da lei Rouanet, sem qualquer prova e fundamento.
* Cientistas - Com teorias da conspiração, desacreditando-os.
* Jornalistas - Descredibilizando a mídia como sendo divulgadora de fake news para desestabilizar o governo por não receber mais subsídios.
* Movimentos sociais - Chamando-os de comunistas, ávidos por verbas públicas.
No lugar disso tudo o governo elegeu pseudo jornalistas, pastores e padres fundamentalistas como seus porta-vozes por reconhecer o alcance que têm através dos púlpitos de suas igrejas e das redes sociais.
Só pare e pense sobre isso.
No ano passado eu fiz campanha para Boulos e Erundina desde o início da disputa eleitoral e por isso me sinto na obrigação de lamentar a candidatura de Erundina à presidência da câmara dos deputados.
Esse é uma das iniciativas mais ridículas protagonizadas pela esquerda nas últimas décadas.
O PSOL preferiu transformar essa disputa em uma eleição de Centro Acadêmico. Estamos no meio de uma pandemia, tentando articular a retirada de um genocida da presidência da república. E depois das eleições o PSOL vai sair cantando "vitória" porque a Erundina recebeu 7 votos na eleição para a presidência da câmara. Sinceramente, tô fora.
Como ler isso, de outubro, e não ver o crime contra o país?
Eram 46 milhões de doses iniciais.
#ForaBolsonaro #ImpeachmentBolsonaro
Das redes:
Do livro "As aventuras de Pinóquiochet"...
Das redes:
Brasil morre afogado numa mistura de incompetência e interesses
Contardo Calligaris
Nestes últimos dias, chove muito em São Paulo. Cria-se uma rotina: a gente acorda com a sensação de algum raio de sol promissor; logo, depois do meio-dia, a temperatura desce e, de repente, surpreendentemente, um tiro de canhão seco no alto anuncia o começo das hostilidades. E vem uma chuva pesada, intensa, mas sem exageros, como para dar desde já a impressão de que aquilo não vai parar, veio para ficar, ninguém sabe até quando.
Na verdade, não é nada demais: uma hora ou duas depois, já parou, mas me deixou um gosto de molhado além da conta — indigesto por isso, por ser molhado além da conta.
Isso talvez se aplique tanto à aparência quanto ao gosto: um molhado-podre. De repente, a chuva de São Paulo parece encarnar um sentimento velho, ele mesmo já mofado.
Sei, não é nada, só a sensação de uma continuidade um pouco enjoativa que não conseguimos quebrar. Um ano, dois anos, três anos e o Brasil morre afogado numa mistura de incompetência e interesses (explícitos e escusos). É preciso ter uma confiança infinita no Brasil, na sua capacidade de encarnar um futuro que não chega, para não soltar a mão do balão nem as amarras que prendem os navios.
Mas talvez não. Talvez essa capacidade de nos enganar seja o charme último, o engano supremo. Talvez a facilidade com que o Brasil nos prende e nos engana seja mesmo o seu charme definitivo — o que esperamos dele: me engana que eu gosto.
O que esperavam os bandeirantes paulistas do século 16, quando quem sabe parassem para deixar passar as chuvas de um verão parecido com este nosso janeiro? Passei um tempo contemplando suas feições e expressões, como se elas pudessem nos revelar atrás do que eles corriam. E, claro, não sei. Nem sei se eles sabiam.
Acho que eles faziam parte dos expansionistas, ou seja, só queriam a enigmática abertura de um mundo, ou então, a (também enigmática) presença repentina de seus limites.
Chamo de expansionistas todos aqueles que saíram à caça de um limite, que sempre é o limite possível do próprio desejo da gente. Por que Ulisses voltou para o mar, junto com um pequeno grupo de amigos pelos quais não foi abandonado? Por que, e a procura de quê, os vikings navegaram pelo Oriente (outra gente, outra riqueza — sobretudo "outro” em que sentido)? Por que as caravelas ibéricas? Por que as bandeiras? E por que os conquistadores?
Das dezenas de respostas plausíveis, uma sempre volta como a mais plausível: para procurar e encontrar os limites dos próprios desejos da gente.
Talvez seja esse o caráter inevitavelmente melancólico do desejo do explorador, do conquistador e do bandeirante. São desejos que parecem procurar sua própria abolição.
Não é o caso de todos os desejos? Não exatamente. Em geral, o desejo não corre atrás dos objetos que o realizam e, por isso mesmo, o abolem — assim como a comida ou a bebida aboliriam a fome ou a sede.
O desejo, em geral, corre atrás de algo que tem uma natureza rebelde. Por exemplo, corro atrás de riquezas, para encontrar e ganhar reconhecimento. Claro, as riquezas em algum momento me prometem e garantem o reconhecimento que eu quero, mas não se confundem com ele.
Quando o desejo começa a frequentar seus limites efetivos, ou seja, quando sonha com uma forma de realização que ameaça aboli-lo (ou abolir a falta que o justifica), ele se torna propriamente triste, melancólico. É um paradoxo, mas, de fato, o desejo que se mantém é aquele que procura "outra coisa" — ou seja, algo além da falta que o justifica como desejo.
Como entender? Deveríamos querer ser bandeirantes à procura de algo que não é bem a coisa que nos faz falta e que nos chama? Sim, sei, parece bizarro, mas é mais ou menos isso.
A melancolia do bandeirante, do conquistador e talvez do brasileiro deriva disto: do conselho (implícito) de procurar algo distante do que entendemos querer.
Contardo Calligaris
Psicanalista, autor de 'Hello Brasil!' (Três Estrelas), 'Cartas a um Jovem Terapeuta' (Planeta) e 'Coisa de Menina?', com Maria Homem (Papirus)
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