11 Dezembro 2020
A Comunidade das Beatitudes é o primeiro instituto oficialmente reconhecido de vida consagrada de padres, irmãs religiosas e irmãos religiosos, e leigos.
A reportagem é de Claire Lesegretain, publicada por La Croix, 10-12-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
A Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica (CIVCSVA) deu ao vaticano a primeira aprovação de uma “família eclesial de vida consagrada” e a colocou sob supervisão de um bispo diocesano.
A Comunidade das Beatitudes, um grupo fundado na França em 1973 e agora presente em mais de 30 países ao redor do mundo, é feito por três ramificações – irmãos consagrados (alguns que são padres ou diáconos); irmãs consagradas; e leigos (solteiros ou casados).
Recebeu o seu novo status em 08 de dezembro, durante a Missa para a Festa da Imaculada Conceição na casa da comunidade mãe no sudoeste da França, cidade de Bagnac.
O arcebispo Robert Le Gall, de Toulose, diocese onde está alocada a sede da Comunidade, presidiu a celebração e apresentou o decreto do Vaticano à presidente da Comunidade, irmã Anna-Katharina Pollmeyer, e aos líderes de suas três ramificações.
A Comunidade das Beatitudes foi refundada em 2011, com a ajuda do arcebispo Le Gall e atualmente conta com 763 membros vivendo em 50 casas pelo mundo.
Há 308 membros leigos, 275 irmãs consagradas, 180 irmãos consagrados e 89 padres ordenados.
De acordo com a declaração publicada pela comunidade, a única estrutura de uma família eclesial de vida consagrada foi planejada em 2009 depois “de um processo de discernimento no diálogo” com a CIVCSVA.
O escritório do Vaticano aprovou o novo estatuto da comunidade em 2011 e o arcebispo Le Gall a estabeleceu como uma “associação pública de fé e de direito diocesano em vista de se tornar uma família eclesial de vida consagrada”.
“Esse reconhecimento como uma família eclesial de vida consagrada é uma grande alegria para nós”, afirmou a irmã Anna-Katharina ao La Croix.
“Isso é a culminação de dez anos de trabalho com o dominicano Henry Donneaud e sob a proteção do arcebispo Le Gall”, afirmou.
Padre Donneaud foi nomeado comissário pontifício do grupo em 2010 para ajudá-los a reformar sua comunidade e reestruturar seu sistema de governança depois de os fundadores terem sido julgados e culpados de abusos sexuais e psicológicos contra alguns membros.
“Nós reconhecemos totalmente nossos erros passados, ligados em parte à falta de maturidade eclesial”, afirmou a irmã Anna-Katharina.
“Por dez anos, nós fizemos tudo com o irmão Henry para seguir o que a Igreja nos pedia”, continuou.
A presidente disse que a comunidade colocou grande ênfase no treinamento de suas lideranças, estabelecendo sessões “organizadas com teologia moral para todos os coordenadores das casas e do governo em geral”, para não se repetirem os erros na governança.
O novo estatuto deveria fazer possível para distinguir entre os poderes temporais e espirituais de diferentes líderes, que são obrigados a consultar um ao outro mais frequentemente.
“Roma está consciente sobre nossa colaboração e no último mês de outubro reconheceu essa grande novidade”, afirmou a irmã Anna-Katharina.
De fato, aparenta ser a primeira vez que uma pasta do Vaticano eleva um Instituto de Vida Consagrada a esse novo status.
Até agora, o Direito Canônico não permitiu que a diversidade das pessoas consagradas (homens e mulheres) e a diversidade dos estados de vida (consagrados e leigos, casados e solteiros) estivessem no mesmo Instituto.
“Mas não se pode dizer que se trata de uma nova forma de vida consagrada”, disse a presidente da Comunidade das Beatitudes.
“Somos como todas as outras pessoas consagradas da Igreja, com os mesmos votos (castidade, pobreza, obediência), as mesmas regras do Direito Canônico e as mesmas etapas de formação”, assinalou.
“Mas a novidade é que podemos conviver e acompanhá-los juntos, como consagradas e consagrados, junto com os leigos associados, de maneira muito próxima”, destacou.
Embora a Comunidade das Beatitudes seja agora apenas um instituto de direito diocesano, ela deve se tornar um instituto de direito pontifício dentro de alguns anos.
“Isso seria lógico”, disse a irmã Anna-Katharina, “porque somos uma comunidade internacional com presença em mais de 30 países”.
“Mas”, acrescentou ela, “nenhuma data foi marcada para isso”.
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Vaticano aprova pela primeira vez uma “família eclesial de vida consagrada” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU