29 Julho 2020
"Ressignificar a Vida Religiosa Consagrada é preciso. Tal afirmação choca e incomoda muitos religiosos, sobretudo os mais antigos, porém também desempenha o mesmo efeito sobre muitos jovens religiosos que preferem ficar em suas zonas de conforto", escreve Fábio Pereira Feitosa, historiador especialista em Educação.
Queremos iniciar nosso texto, propondo um desafio aos nossos leitores, vamos tentar pintar um quadro geral da sociedade contemporânea na qual estamos inseridos. Ao iniciarmos tal missão, poderemos elencar alguns fatos que juntos poderão compor o quadro que queremos pintar.
Como bem sabemos, vivemos tempos nos quais a agitação da vida diária foi intensificada pela Globalização da Indiferença, responsável direta por uma onda de individualismos desumanizadores, por meio dos quais conceitos como solidariedade, fraternidade e empatia estão caindo em desuso, inclusive na Vida Religiosa Consagrada.
Como bem sabemos, a Vida Religiosa Consagrada encontra-se presente no interior da Igreja Católica desde os seus primórdios e como tal passou por vários processos de sistematização e adaptações aos mais variados meios nos quais estava inserida. É importante que se diga que este processo não fez com que ela perdesse a sua essência e foi graças a tal ação que ela conseguiu se atualizar e assim atuar de forma efetiva e concreta ao longo dos séculos.
Ao observamos de mais perto o processo de sistematização e de adaptação/atualização da Vida Religiosa Consagrada, percebemos neste uma das principais características deste segmento: O Dinamismo, sendo este o resultado direto do Espírito Santo que age na vida daqueles que estão abertos à sua ação transformadora e impulsionadora.
Como dito anteriormente, vivemos em uma época na qual a Globalização da Indiferença produz nefastas consequências, como o desuso e até mesmo o abandono de conceitos como solidariedade, fraternidade e empatia. Infelizmente, este cenário é também vivido no interior da Vida Religiosa Consagrada, na qual muitos de seus membros, inconscientemente (ou não) acabam aderindo aos desvalores apregoados pela Globalização da Indiferença. Desta forma, os religiosos que aderem ao individualismo desumanizador e as suas diferentes vertentes, acabam se esquecendo da missão profética da Vida Religiosa Consagrada.
Após pintarmos um singelo quadro dos tempos atuais, podemos perceber que problemas tão comuns no mundo secular também se encontram presentes na Vida Religiosa Consagrada, prejudicando assim a vida fraterna e por consequência todo o seu apostolado.
A Vida Religiosa Consagrada, desde a sua origem, é constantemente desafiada. Cada tempo produz um desafio específico, que exige deste seguimento diferentes respostas. O tempo presente assim como os seus antecedentes também exige dos religiosos respostas cada vez mais concretas às mais diversas questões suscitadas pelas mais variadas conjunturas.
Diante dos mais diversos desafios da atualidade, a Vida Religiosa Consagrada com todo o seu dinamismo se põe a refletir e atuar. Uma das formas encontradas por este segmento foi a adesão a um constante estado de ressignificação de suas práticas e de seu apostolado. Todavia, este conceito, infelizmente, assusta e desperta a desconfiança de alguns religiosos mais antigos, que não abriram seu espírito à ação dinâmica e criativa do Espírito Santo que suscita nos religiosos novas formas de inculturar e assim dinamizar os carismas de suas congregações, e desta forma um maior número de pessoas acabam sendo tocadas pela ação dos religiosos que abrangem seu campo de atuação.
Ressignificar a Vida Religiosa Consagrada é preciso. Tal afirmação choca e incomoda muitos religiosos, sobretudo os mais antigos, porém também desempenha o mesmo efeito sobre muitos jovens religiosos que preferem ficar em suas zonas de conforto, na qual tudo é bom, nada precisa ser mudado.
Ao falarmos em Ressignificação da Vida Religiosa, estamos fazendo menção direta ao processo pelo qual muitos religiosos devem redescobrir a sua missão enquanto consagrado e assim aumentar as fileiras da Igreja em Saída, tão defendida e sonhada pelo Papa Francisco.
Ressignificar a Vida Religiosa Consagrada consiste também em um gesto de retorno as suas origens proféticas e evangélicas e por isso tal processo é fortemente combatido por alguns que, diretamente ou indiretamente, se beneficiam pelo engessamento de suas ordens, congregações e institutos religiosos e assim passam a perseguir os sopros de renovação, pois acabam vendo toda e qualquer renovação como uma ameaça à manutenção ao seu status quo e como tal deve ser combatida.
Assim, a Ressignificação da Vida Religiosa Consagrada é um desafio que deve ser abraçado pelos religiosos contemporâneos, para que assim o carisma de suas ordens e congregações possa produzir frutos concretos nesta sociedade na qual a Globalização da Indiferença produz cada vez frutos de morte, bem como o distanciamento e a descrença em Deus.
Ressignificar a Vida Religiosa Consagrada é também testemunhar à ação dinâmica do Espírito Santo que ao longo dos séculos foi sistematizando este segmento que nasceu a partir da ação dos chamados Padres do Deserto e hoje encontra-se organizada em diferentes ordens, congregações e institutos religiosos e lacais sendo estes regulados pela Igreja.
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A Ressignificação da Vida Religiosa Consagrada, um desafio para os religiosos contemporâneos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU