17 Novembro 2020
"Em suma, a trama pluto-demo-sanitária é boa para todos os usos: conspiração, negacionismo e os dois juntos. É também por isso que é um tema de sucesso, e talvez devesse começar a preocupar: a racionalidade é o único, verdadeiro antídoto para a pandemia e vê-la perdida por um número tão grande de pessoas começa a ser preocupante", escreve Flavia Perina, em artigo publicado por La Stampa, 16-11-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Covid? Uma trama pluto-demo-sanitária. Foi cuidadosamente planejada: para prepará-la, a Fundação Bill Gates até fez uma simulação em grande escala em 2018. O enredo oculto inspirado pelo diabo serve "às elites do mundo para nos reduzir a zumbis e eliminar aqueles que não concordam" (padre Livio Fanzaga, diretor da Rádio Maria). Mas também para realizar os objetivos de Greta Thunberg e da ambientalista feminista Verena Brunschweiger que gostariam de exterminar a humanidade para salvar ursos e pinguins. E obviamente para alimentar "a grande especulação financeira", que quando o sistema entrar em colapso recolherá os lucros (Cherima Fteita, vereadora de Alexandria para a inovação e juventude).
Após a temporada do negacionismo, retorna a temporada de conspiração. De volta em grande estilo: a Rádio Maria é líder de uma rede que faz transmissões em 74 países, com 81 emissoras que transmitem suas mensagens em cinquenta idiomas. A Sra. Fteita, dirigente da Fratelli d'Italia, afirma repetir as teses de uma estrela do mundo No-Vax, o seguidíssimo Giulio Tarro, ex-chefe de virologia do Cotugno em Nápoles.
A bizarra conexão entre religião, contra-ciência e política, aliás, é visível há meses na web, onde a conspiração pluto-demo-sanitária tomou o lugar das antigas conspirações demo-pluto-maçônicas nas obsessões dos blogueiros. Alimenta-se de coincidências (o estudo de Gates sobre as epidemias é autêntico, mas serviu para promover a saúde no Terceiro Mundo) e intercepta outras preocupações: a substituição étnica (exterminados os brancos, os negros terão o domínio), os apetites famintos da Big Pharma, a Teoria da Nom, a Nova Ordem Mundial, algo que remonta ao início do século XX e implica a ação inesgotável da Maçonaria, dos Illuminati, mas também do Quarto Reich, da ONU e dos EUA para subjugar os povos através de sistemas de aniquilação sorrateiros e hiper-tecnológicos. Para os oráculos desse tipo de pesadelo, o Covid é uma festa.
Existem morcegos, animais do diabo. Existem os misteriosos laboratórios da China, que a crendice quer sejam financiados por Emmanuel Macron, que trabalha para Rothschild há anos ("Ah ah, diga-me que é apenas uma coincidência"). Tem as curas milagrosas escondidas das pessoas para trancá-las em casa: a cloroquina, o oleandro e, sobretudo, a Avigan, bombado por um sujeito de férias no Japão que conseguiu convencer até alguns governadores regionais a experimentá-lo na Itália. E tem, sobretudo, a arma diabólica e definitiva: o medo massivo de algo que nem se vê, talvez nem exista, se existe é pouco mais que uma gripe, apoiada por campanhas mundiais "ao estilo Göbbels" (cit. Fteita) que nos tornam escravos dos obscuros lordes da emergência.
Uma pessoa normal diria: se o Covid foi inventado e espalhado deliberadamente, significa que existe e deve ser combatido. O teórico da conspiração médio, por outro lado, consegue ser ao mesmo tempo um defensor da maquinação secreta e de seu oposto, ou seja, a inconsistência do alarme.
Ontem, em Turim, na manifestação contra os Impostos IVA, foi afastada uma dezena de manifestantes com coletes do Human Rights Defenders, um grupo que denuncia a periculosidade do vírus de Wuhan (funcional para "projetos de negócios no futuro pós-pandêmico"), mas propagandeia também a liberdade de não dar a mínima atenção e circular sem máscara.
Em suma, a trama pluto-demo-sanitária é boa para todos os usos: conspiração, negacionismo e os dois juntos. É também por isso que é um tema de sucesso, e talvez devesse começar a preocupar: a racionalidade é o único, verdadeiro antídoto para a pandemia e vê-la perdida por um número tão grande de pessoas começa a ser preocupante.
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Da vereadora até a Rádio Maria. A balbúrdia dos negacionistas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU