10 Novembro 2020
Criado pelo papa Francisco em 2016, evento chama atenção para o desperdício e a importância da solidariedade.
A reportagem é de Vitor Nuzzi, publicada por Rede Brasil Atual - RBA, 07-11-2020.
Começa neste domingo (8) e vai até o próximo 15 de novembro a quarta edição da Jornada Mundial dos Pobres, instituída pelo papa Francisco no final de 2016. Ao criar o evento, ele pediu aos fiéis uma reação “à cultura do descarte e do desperdício”. E convidou a todos, independentemente de crença, a manifestar solidariedade. O lema é “estender a mão”, um trecho bíblico.
Em mensagem gravada em vídeo para a Jornada, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, afirmou que tanto a pobreza como o “crescente” vazio existencial “ameaçam a vida e ferem a dignidade humana”. Para o também arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, “a solidariedade pode tornar-se o antídoto poderoso para enfrentar esses dois males”. Ele chamou ainda a atenção para quem se submete “à idolatria do dinheiro”.
A Jornada, cujas atividades já haviam se iniciado na prática, inclui ações missionárias, lives e arrecadação de alimentos. Na quarta-feira (11), das 9h às 12h, está previsto um seminário nacional para ouvir relatos e reivindicações. Às 19h, será realizada live com o tema Esperança e Solidariedade. “O encontro com uma pessoa em condições de pobreza não cessa de nos provocar e questionar. Como podemos contribuir para eliminar ou pelo menos aliviar a sua marginalização e o seu sofrimento?”, questiona o papa. Ele observa que a sociedade não pode correr o risco de se “acostumar” com a pobreza.
A Igreja lembra que no Brasil, de 2014 a 2018, a renda dos 40% mais pobres caiu, em média, 1,4% por ano. “O número equivale a 85 milhões de pessoas em situação de empobrecimento, segundo o Banco Mundial, a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios”, acrescenta, citando a Pnad, do IBGE.
“De acordo com a pesquisa, houve um alívio temporário ao longo de 2020 com a renda emergencial. Contudo, as pessoas voltarão à situação anterior após o fim do benefício, em dezembro”, reforça a CNBB. “Dez milhões de brasileiros ficam pelo menos um dia da semana sem comer.”
O auxílio emergencial foi prorrogado até dezembro, por meio da Medida Provisória (MP) 1.000. Mas o governo cortou o valor pela metade, de R$ 600 para R$ 300. As centrais sindicais estão em campanha pelo pagamento integral.
No início, quando foi criado, o Executivo queria pagar apenas R$ 200, enquanto a oposição defendia o equivalente a um salário mínimo. Foi quando se chegou, então, aos R$ 600. O auxílio representou um programa de transferência de renda que tirou milhões da extrema pobreza, pelo menos temporariamente.
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Igreja abre Jornada Mundial dos Pobres e destaca fim do auxílio emergencial - Instituto Humanitas Unisinos - IHU