08 Outubro 2020
"A encíclica é também um clamor a Deus e a todos os homens para que possamos lutar por esse novo mundo que deve existir de busca da felicidade para todos, onde todos possam ter as suas necessidades plenamente atendidas, no aqui e no agora", escreve José Afonso de Oliveira, sociólogo formado pela PUC Campinas e professor aposentado da UNIOESTE.
Esta encíclica dirigida a toda humanidade é de uma beleza, verdadeira poesia, revelando toda a personalidade, a alma mística de Francisco.
Sim, estamos com dois franciscos, o primeiro vivendo a sua integral pobreza, símbolo de sua profunda adesão a Deus, mas num mundo conturbado da Idade Média que prenunciava já uma grande crise de sustentação.
O nosso Francisco, personagem de poder, sem poder, ou melhor com o poder de servir a todos, indistintamente, vive as angústias, os medos dos dias atuais dessa crise profunda que estamos vivendo da globalização e da presença dessa pandemia que surpreende a todos e mata, indiscriminadamente, mundo agora.
Essa atualização da doutrina cristã e, mais do que isso, do compromisso humano para todos os homens, sem qualquer tipo de distinção é algo de grande importância para orientar as nossas ações rumo a um mundo que seja muito melhor do que este que estamos vivendo agora.
Francisco não trabalha com questões que sejam do âmbito da ciência quer seja política, econômica ou sociológica mas busca impregnar todos esses conhecimentos com o pensamento humano, não se esquecendo que nele temos toda a revelação e os caminhos de aceitação de Deus como criador de toda a natureza, de toda a humanidade que deve sempre buscar a felicidade para todos os seus membros.
Nesse contexto Francisco nos relembra de nossas condições humanas, de igualdade de direitos, de chamados todos que somos para sermos irmãos, na busca de uma felicidade para todos. Mostra com a devida clareza tudo o que impede a essa caminhada como sejam os egoísmos, os preconceitos, as guerras e divisões.
Sinaliza formas de realizar tudo isso propondo que os recursos poupados pela inexistência de guerras possam se constituir em um fundo universal para o atendimento das pessoas mais vulneráveis, necessitadas que estejam vivendo neste momento.
A encíclica é também um clamor a Deus e a todos os homens para que possamos lutar por esse novo mundo que deve existir de busca da felicidade para todos, onde todos possam ter as suas necessidades plenamente atendidas, no aqui e no agora.
Todo o texto é lírico, de grande beleza contextual, fala à alma, ao mais íntimo das pessoas de boa vontade não somente aos cristãos católicos mas a todos os crentes e não crentes, ou seja, a todos os homens pois que o processo de uma nova sociedade não é exclusivo de ninguém, de nenhuma religião, sociedade, senão de toda a humanidade.
Termina o texto com uma oração belíssima que deverá sempre ser utilizada por todos aqueles que se batem, lutam por uma sociedade melhor, onde o homem possa ser transformado em uma criatura plena de intensa amorosidade e plena felicidade.
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Fratelli Tutti. Um comentário - Instituto Humanitas Unisinos - IHU