A Criação em foco: descartar as pessoas

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04 Setembro 2020

Durante este Tempo da Criação, o fotógrafo Paul Jeffrey nos leva pelo mundo “A Criação em foco” com sua câmera e sua fé.

A reflexão é de Paul Jeffrey, cofundador da organização Life on Earth Pictures, publicada por National Catholic Reporter, 31-08-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.


Crianças passam o dia no lixão de Chennai, Índia, buscando sucata para vender e - no caminho - alimentos. Foto: Paul Jeffrey | NCR

Conheci esses meninos em uma noite no albergue da Igreja em Chennai, Índia. Na manhã seguinte, levaram-me ao lugar onde passam seus dias: o lixão da cidade, com seus morros de lixos orgânicos. Os jornalistas não estão autorizados a entrar, assim os meninos se uniram para me colocar lá dentro de contrabando.

Esse estilo colaborativo é parte de sua vida como sucateiros. Enquanto vasculham no lixo, compartilham com entusiasmo as notícias de pistas prometedoras para encontrar a sucata de valor mais alto, ou talvez até alimentos que ainda são comestíveis. Frequentemente cavam juntos, ajudando-se entre si a revirar o lixo.

Em muitas partes do mundo, são os pobres que vivem do nosso lixo, inclusive o que exportamos para outros continentes. Enquanto buscam o sustento em nossos excessos, costumam ser invisíveis para nós e – igual ao nosso lixo – descartáveis.

Em sua crítica à difusão da “cultura do descarte”, o papa Francisco escreveu em Evangelii Gaudium: “Se considera o ser humano em si mesmo como um bem de consumo, que se pode usar e depois tirar”. Nos Estados Unidos, cada pessoa produz 2kg de resíduos sólidos comuns a cada dia. Nosso planeta geme sob o peso do que a Laudato si’ caracteriza como nosso “desejo desordenado de consumir mais do que realmente se necessita”, e nossa vida espiritual geme sob o peso de nosso egoísmo.

Como seria um ano jubilar para essas crianças no lixão? Com o que sonham, para além das montanhas de lixo? Como podemos mudar nossas vidas para que eles também possam viver? Para curar o planeta, devemos reduzir nosso consumo a níveis que sejam sustentáveis para todos.

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