30 Julho 2020
“Francisco não tem um plano do governo para seu pontificado”. O jornalista italiano e jesuíta Antonio Spadaro, s,j., diretor da La Civiltà Cattolica, afirma que “a verdadeira reforma” que o pontífice argentino pretende implementar é “discernir à luz do Espírito Santo”.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 28-07-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Em uma entrevista com Herder, Spadaro destaca como, apesar das dificuldades, Francisco “segue adiante, ouvindo e meditando”. E, acrescenta o jesuíta, o lugar onde o papa toma suas decisões “não é à mesa, mas na capela em sua oração da manhã”.
“Se Francisco tivesse uma ideia de reforma, ele não a implementaria diretamente, mas oraria a respeito e esperaria a confirmação do Espírito”, enfatiza Spadaro. Se não chegar, é porque a ideia “não está madura”. Nesses casos, Francisco “não interrompe o debate, não descarta nada. Ele diz: vamos em frente, vamos pensar nisso!”, lembra o jesuíta, enfatizando a questão dos viri probati, levantada em decorrência do Sínodo Pan-Amazônico.
Com Bento, “respeito e solidariedade”
Questionado se um futuro conclave poderia eleger um papa que revogasse o trabalho de Francisco, Spadaro é direto: o próximo papa não poderá “ignorar as sementes” plantadas por Bergoglio. “O sucessor dele não poderá recuar. Continuará”.
Finalmente, sobre a relação entre Francisco e Bento XVI, Spadaro considera que eles se baseiam no “respeito mútuo e solidariedade”. No entanto, “a mídia tradicionalista ou ultraconservadora distorce os ensinamentos de Bento. Precisam se desculpar, porque dessa maneira sua reputação é manchada de alguma forma”, disse o jesuíta.
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“Francisco não tem um plano de governo, ele segue o Espírito”, afirma Antonio Spadaro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU