27 Novembro 2019
Segundo estudo recentemente publicado, o número de católicos na Argentina caiu mais de 13 pontos nos últimos 11 anos, enquanto o número de evangélicos e de “pessoas sem religião” aumentou.
A Igreja Católica argentina não experimentou o “efeito Francisco” como alguns esperavam. A eleição do ex-arcebispo de Buenos Aires, em março de 2013, não conseguiu deter o declínio no número de fiéis na Argentina.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas de la República Argentina – CONICET, com uma amostra representativa de 2.421 pessoas, a proporção de católicos na população do país caiu de 76,5% em 2008 para 62,9% em 2019.
A reportagem é de Arnaud Bevilacqua, publicada por La Croix International, 26-11-2019. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Como em outros lugares, este declínio explica-se pelo efeito da secularização em um país que passou pela separação entre Igreja e Estado. Ao mesmo tempo, o número de participantes que informaram não ter religião subiu de 11,3% para 18,9%, com os evangélicos aumentando de 9 para 15,3%.
Os participantes do estudo responderam a uma pergunta direta sobre a eleição do papa argentino: 82% disseram que ela não teve impacto algum sobre a sua religiosidade e somente 8% disseram que ela fortaleceu as suas crenças religiosas.
Até mesmo o próprio papa acabou se tornando uma figura divisora no país: 27,4% dos respondentes o consideram um “líder mundial” a denunciar situações de injustiça no mundo, mas um número quase idêntico (27%) acredita que o religioso tem se envolvido demais na política e que isso tem atrapalhado a sua função espiritual.
O estudo, publicado em 19 de outubro, é a segunda parte de uma pesquisa nacional sobre crenças e atitudes religiosas na Argentina.
Desde a década de 1960, quando o censo nacional deixou de operar, a presente pesquisa serve como ponto de referência, focando-se na questão da afiliação religiosa. Em sua primeira edição, mais de 90% dos argentinos se declaravam católicos.
O estudo publicado este ano ilustra, sobretudo, uma grande ruptura geracional.
Entre os argentinos com idade de 65 anos ou mais, a proporção de católicos ainda é bastante alta (81,5%), mas é apenas 52,5% entre os jovens de 18 a 29 anos e 57,4% entre os adultos de 30 a 44 anos.
Por outro lado, a parcela dos “sem religião” aumentou quase 25% entre os jovens de 19 a 29 anos, em comparação com os menos de 8% entre os argentinos com 65 anos ou mais.
A distribuição é a mesma para os evangélicos: 20% entre os mais jovens, em comparação com 9,5% entre os mais velhos.
A pesquisa também revelou algumas disparidades regionais. Há uma maior presença dos que se identificam como “sem religião” na região de Buenos Aires, onde a parcela de católicos é uma das mais baixas no país (56,8%), número aproximado ao da Patagônia (51%).
De forma semelhante, as mulheres parecem mais religiosas: 65,3% declararam-se católicas e 16,9% declararam-se evangélicas, em comparação com os 14,5% das que disseram não ter religião.
Por outro lado, quase 1/4 dos homens (23,8%) definem-se como não tendo religião, em comparação com os 60% dos que se identificam como católicos e 13,6% entre os que se consideram evangélicos.
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Argentina. Cai o número de católicos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU