02 Agosto 2019
Indígenas têm se organizado em grupos para fazer buscas na mata e vigiar as aldeias, pois novos indícios de invasores são encontrados na TI.
Em Nota divulgada nesta quarta-feira, 31, o Conselho das Aldeias Wajãpi – Apina segue denunciando a presença de invasores e ameaças na Terra Indígena Wajãpi, localizada no município de Pedra Branca do Amapari, no Estado do Amapá, por “pessoas não-indígenas, de fora da TI”.
A informação é publicada por Conselho Indigenista Missionário – CIMI, 01-08-2019.
Os moradores da aldeia CTA, próximo as margens da BR 210, relatam terem visto invasores dentro do território no final da tarde do dia 30 de julho. “Um jovem Wajãpi ao tomar banho no igarapé, que fica próximo à aldeia, ouviu alguém gritando. “Ei!” Atrás dele. Quando ele se virou, viu um homem alto, forte, de cabelo crespo grande e barba, apontando para ele uma arma que pareceu uma espingarda calibre 12 automática”, consta a nota.
Diante do ocorrido o jovem retorna à aldeia para buscar ajuda. Quando retornaram ao local os indígenas encontraram “os rastos de duas pessoas descalças, cada uma indo em uma direção diferente. Fazem os registros, mas não seguem os rastros pois já estava anoitecendo”, relatam os Wajãpi em nota.
Como novos indícios de invasores foram encontrados próximo a Aldeia CTA, os indígenas têm se organizado em grupos para fazer buscas na mata e também vigiar as aldeias.
Nós do Conselho das Aldeias Wajãpi queremos divulgar novas informações sobre o que está acontecendo na nossa Terra Indígena e pedir novamente apoio da Polícia Federal ou Exército para garantir a segurança do povo Wajãpi.
Ontem, dia 30 de julho de 2019, de manhã, nós recebemos a visita do senador Randolfe Rodrigues que veio ouvir as nossas palavras sobre o que está acontecendo na nossa Terra Indígena e pedir esclarecimentos sobre algumas informações que ele recebeu. O senador falou que vai continuar nos apoiando para a polícia continuar investigando sobre a invasão, até prender os invasores. E para permanecer na Terra Indígena Wajãpi, protegendo nossas comunidades até termos certeza que eles não estão mais aqui dentro. Além disso, ele convidou alguns Wajãpi para irem ao Ministério Público Federal contar o que viram e o que sabem sobre os invasores.
Ontem no final da tarde rebemos informações dos moradores da aldeia CTA, que fica na margem da BR 210. Por volta das 18 horas, um jovem daquela aldeia foi banhar no igarapé próximo à aldeia e ouviu alguém gritando “Ei!” atrás dele. Quando ele se virou, viu um homem alto, forte, de cabelo crespo grande e barba, apontando para ele uma arma que pareceu uma espingarda calibre 12 automática. Então o jovem ficou com muito medo e foi correndo até a aldeia chamar alguém para ajudar. Logo depois voltou ao igarapé com mais cinco homens e não encontraram mais o invasor, mas viram rastros de duas pessoas descalças, cada uma indo em uma direção diferente. Eles fotografaram e filmaram as marcas que viram para mostrar para a polícia. Mas resolveram não seguir os rastros porque já estava anoitecendo. Segundo o jovem, o homem que ele viu estava vestindo uma camiseta preta de mangas compridas.
Depois de receber esta informação dos moradores do CTA, moradores das outras aldeias próximas à estrada se organizaram para vigiar todo o trecho da BR que fica dentro da TIW durante a noite.
Hoje de manhã os moradores do CTA encontraram novos rastros de duas pessoas na proximidade da aldeia e avisaram para as outras aldeias. Então os moradores das aldeias da estrada organizaram grupos para procurar os invasores e estão procurando até agora.
Nós Wajãpi queremos aproveitar esta nota para agradecer o grande apoio que estamos recebendo das organizações do nosso movimento indígena, como APOIANP, COIAB, APIB, AMIM, Hutukara, CIR, FOIRN, do senador Randolfe Rodrigues, do ex-senador João Capiberibe, da deputada Joênia Wapixana, de organizações de apoio como nosso parceiro Iepé, CIMI, outras organizações da sociedade civil como OAB, Associação dos Juízes pela Democracia, Associação Brasileira de Antropologia, Sociedade de Arqueologia Brasileira, Greenpeace, WWF, Rede Eclesiástica Pan Amazônica e muitas outras. Além da ONU e da Organização dos Estados Americanos (OEA) e de pessoas do mundo inteiro.
Acesse ao site aqui.
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Povo Wajãpi segue denunciando a presença de invasores e ameaças em seu território - Instituto Humanitas Unisinos - IHU