31 Mai 2019
Mais de 50 mil crianças mortas em zonas de guerra, muitas ainda morrem por doenças e desnutrição. A República Centro-Africana é o país em que as condições de vida são as piores.
A reportagem é publicada por La Repubblica, 29-05-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Viver a infância que merecem hoje é um direito negado para 690 milhões de menores, quase um em cada três no mundo. Meninos e meninas que morrem cedo demais devido a doenças facilmente tratáveis e preveníveis, que não têm alimentação adequada para superar a má nutrição, que não podem estudar e frequentar a escola, que são obrigadas a trabalhar ou casar cedo. Um quadro que se torna ainda mais sombrio nos países castigados por conflitos, onde em apenas um ano 53 mil crianças perderam a vida devido às violências.
É um dos resultados mostrados pelo novo relatório da Save the Children sobre as condições das crianças no mundo, divulgado na véspera do Dia Internacional da Criança, que acontece no dia 1º de junho, por ocasião do centenário da organização. Em 2000, de acordo com o relatório, os menores roubados de sua infância eram 970 milhões, um número que hoje diminuiu de 280 milhões, fixando-se em 690 milhões. "Em comparação com o passado, as condições de vida das crianças, em todo o planeta, mostram enormes melhorias: esta é uma notícia muito importante, que demonstra claramente que quando as atitudes certas são tomadas e as ações necessárias são postas em prática, é possível alcançar resultados extraordinários para garantir um futuro para milhões de crianças, mesmo nos países mais pobres e nos contextos mais complicados. No entanto, o trabalho está longe de estar completo, porque ainda há muitas crianças que continuam a ser privadas da infância que merecem e que sofrem terrivelmente por causa das guerras, da pobreza e das mudanças climáticas", afirmou Valerio Veri, diretor geral da Save the Children.
A República Centro-Africana é o país do mundo onde as condições de vida das crianças são as piores; seguido pelo Níger e Chade, e dez estados africanos, dos quais seis envolvidos em conflitos, que ocupam os últimos dez lugares do ranking. Na ponta oposta, na primazia dos países mais favoráveis às crianças, está Cingapura, seguida pela Suécia e Finlândia, com a Itália em oitavo lugar no ranking, na mesma posição do ano passado, embora na Itália hoje existam 1, 2 milhões de crianças em pobreza absoluta.
A boa notícia: em comparação com 20 anos atrás, emerge do novo relatório, registram-se 4,4 milhões a menos de mortes de crianças por ano; o número de crianças afetadas pela desnutrição caiu 49 milhões; se contam 115 milhões de crianças a menos sem acesso à educação e 94 milhões a menos envolvidas em várias formas de trabalho infantil. E, inclusive, comparado a vinte anos atrás, o número de noivas crianças foi reduzido em 10 milhões e o de gestações precoces, que colocam em risco a vida das mães e das próprias crianças, de 3 milhões. Serra Leoa, Ruanda, Etiópia e Níger - com este último, que em comparação com o ano passado abandonou o último lugar no ranking elaborado pela Save the Children – são os países do mundo que fizeram registrar os maiores progressos em termos de proteção da infância.
As más notícias: cada vez mais crianças estão sofrendo por causa dos conflitos – inclusive porque as condições das crianças que moram nas áreas de conflito são muito piores. Hoje, no mundo, há cerca de 31 milhões de menores que foram forçados a fugir de suas casas na tentativa de salvar suas vidas e, só em 2016, 53 mil crianças foram mortas em decorrência às violências, das quais 64% no Oriente médio e norte da África. Não por acaso a Síria aparece entre os três únicos países do mundo (junto com a Venezuela e Trinidad e Tobago) onde, segundo o ranking da Save the Chilren, as condições de vida para as crianças, nos últimos 20 anos, não sofreram nenhum tipo de melhoria, com o Iêmen, que é assinalado, ao contrário, pelas fortes dificuldades em apresentar dados atualizados, devido ao devastador conflito no curso no país desde 2015.
E precisamente para manter a atenção do mundo sobre o sofrimento indizível que milhões de crianças continuam a sofrer nos países em conflito, este ano, por ocasião do seu centenário, a Save the Children lançou a campanha global "pare a guerra contra as crianças". Uma campanha que todos podem apoiar graças ao número de solidariedade 45533, ativo até 2 de junho, para dar proteção, cuidado e educação a crianças que escaparam dos horrores da guerra. É possível doar 2 euros, enviando um sms do próprio celular ou doar 5 ou 10 euros, chamando o mesmo número de um telefone fixo com Tim, Vodafone, Wind tre, Fastweb, Tiscali e outras operadoras da rede fixa.
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No mundo, a infância é negada a uma criança em cada três, constata relatório de Save the Children - Instituto Humanitas Unisinos - IHU