09 Mai 2019
A Gafcon, ala conservadora da Comunhão Anglicana mundial, anunciou o encontro a ser realizado apenas algumas semanas antes da Lambeth Conference 2020.
A reportagem foi publicada por Riforma, 08-05-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Amplia-se a divisão na Comunhão anglicana mundial: em nova declaração divulgada nesta terça-feira, a Global Anglican Future Conference (GAFCON) - ala conservadora da Comunhão Anglicana mundial - anunciou que de 8 a 14 de junho de 2020, em Kigali (Ruanda), organizará uma reunião aberta a todos os bispos anglicanos.
O encontro acontecerá apenas algumas semanas antes da Conferência de Lambeth (23 de julho a 2 de agosto de 2020) – encontro que se realiza a cada dez anos e que reúne os representantes da Comunhão mundial anglicana -, organizada por Justin Welby, Arcebispo de Canterbury e Primaz da Comunhão Anglicana.
No comunicado emitido pelo Conselho dos Primazes da Gafcon afirma-se: "Não temos nenhum interesse em rivalizar com o encontro de Lambeth, mas não queremos que nossos bispos sejam privados da fiel comunhão enquanto esperamos que a ordem na Comunhão seja restaurada. Portanto, decidimos convocar uma reunião dos bispos da Comunhão Anglicana para junho de 2020". O protesto diz respeito às posições de abertura que algumas igrejas pertencentes à Comunhão Anglicana mundial assumiram sobre as bênçãos ou celebrações de casamentos entre pessoas do mesmo sexo e sobre as ordenações sacerdotais de pessoas declaradamente homossexuais.
"A conferência - continua o comunicado- será principalmente organizada para aqueles que não participarão em Lambeth; todos os bispos da Comunhão Anglicana que assinaram a Declaração de Jerusalém e a Resolução de Lambeth I.10 são convidados a unirem-se neste tempo de ensino, adoração e fraternidade”.
A resolução a que se faz referência foi aprovada em 1998 pelos bispos anglicanos de todo o mundo e confirma a posição tradicional sobre o casamento e a sexualidade. Tecnicamente, continua em vigor, mesmo que várias províncias anglicanas a tenham superado.
Em relação à Lambeth Conference de 2020, a Gafcon afirma: "No ano passado, em Jerusalém, nossos delegados nos exortaram a não participar [do evento] se a ordem divina na Comunhão não tivesse sido restaurada, e convidaram o arcebispo de Canterbury a implementar as mudanças necessárias que recaem dentro de seu poder e suas responsabilidades".
"Ainda não recebemos uma resposta do Arcebispo de Canterbury e notamos que, no estado atual, a Conferência verá a participação das províncias que continuam a violar a resolução I.10 de Lambeth, colocando assim a própria Conferência em violação de sua resolução: não apoiar a fidelidade no casamento e legitimar práticas incompatíveis com as Escrituras. Essa inconsistência dilacera ainda mais o tecido da Comunhão Anglicana e mina as estruturas da reconciliação".
A declaração também lembra a posição tradicionalista da Gafcon sobre o papel dos homens e das mulheres no ministério.
Os primazes de Gafcon, referindo-se à visão contida em um relatório publicado depois de quatro anos de estudo, afirmam que "as províncias de Gafcon deveriam manter a prática histórica da consagração a bispos apenas dos homens, até que um forte consenso para a mudança surja depois da oração, da consulta e do estudo contínuo das Escrituras”.
No entanto, afirma-se que uma força-tarefa da Gafcon continuará a tratar do assunto.
A declaração (disponível na íntegra aqui) foi divulgada no final de uma reunião de líderes da Gafcon que ocorreu em Sydney, Austrália, de 29 de abril a 2 de maio. A rede, que afirma representar 50 dos 70 milhões de anglicanos ativos em todo o mundo, afirmou que: "O principal objetivo dessa semana foi a discussão sobre as grandes tarefas da missão e da evangelização. Como uma comunidade global, estamos em uma posição única para nos sustentarmos mutuamente no ministério, em um mundo em que a imigração em massa e a globalização estão redesenhando os nossos países".
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Em 2020, uma conferência "alternativa" dos bispos anglicanos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU