Como vivem os imigrantes venezuelanos em Manaus

Área onde vivem os venezuelanos em Manaus | Foto: Mary Nelys

Mais Lidos

  • Esquizofrenia criativa: o clericalismo perigoso. Artigo de Marcos Aurélio Trindade

    LER MAIS
  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • O primeiro turno das eleições presidenciais resolveu a disputa interna da direita em favor de José Antonio Kast, que, com o apoio das facções radical e moderada (Johannes Kaiser e Evelyn Matthei), inicia com vantagem a corrida para La Moneda, onde enfrentará a candidata de esquerda, Jeannete Jara.

    Significados da curva à direita chilena. Entrevista com Tomás Leighton

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

08 Novembro 2018

Vindos da Venezuela para Boa Vista (RR), há um ano e oito meses, um grupo de venezuelanos que faz parte do projeto de interiorização do Governo Federal, encontra-se instalado no abrigo Residencial São José, no bairro Alfredo Nascimento, periferia de Manaus, onde a nossa equipe de multiplicadores do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social pode visita-los e sentir a sua realidade.

A reportagem é de Michelly Nazaré Sousa e Lidiane Cristo

De acordo com todo o processo do projeto de interiorização do Governo Federal, a Prefeitura de Manaus se disponibilizou a arcar com toda essa assistência, doando semanalmente um rancho básico e mensalmente o valor de seiscentos reais como fundo de emergência, recebido em um cartão de débito onde o cacique responsável por cada bloco divide de acordo com as necessidades das famílias de cada “apartamento”.

O Residencial é dividido em quatro blocos, dos quais três são de famílias indígenas da etnia Warao e um de famílias urbanas. Os três blocos estão divididos em quinze “apartamentos”, convivendo cerca de cinco a nove pessoas em um espaço com um quarto, uma sala e um banheiro, a cozinha é comunitária. Cada família faz seu próprio alimento. Há ali cerca de cem pessoas por bloco. A cozinha comunitária, foi estruturada pela prefeitura de Manaus, o gás de cozinha é dividido e cada família contribui com sete reais para a aquisição do gás.

De acordo com o cacique Abel, de 33 anos, sua comunidade foi dividida e enviada para vários estados da federação. Os mais próximos estão no Pará e ele acredita que vivam as mesmas dificuldades físicas, biológicas, financeiras, e sobretudo as dificuldades culturais e linguísticas. Ainda que muitos falem até três idiomas: warao, espanhol e agora português, a compreensão entre nações ainda se apresenta como uma grande barreira cultural. Abel relata ainda que as mulheres são obrigadas a pedir dinheiro nas ruas de Manaus por causa das dificuldades financeiras. As crianças sofre com doenças, como alergias, devido ao calor, dificuldades de adaptação a alimentação, problemas intestinais, entre outros.

Para a jovem venezuelana Yiset, de 32 anos, há dificuldade para arranjar emprego por causa da língua e outros obstáculos. Apesar disso, não pretende voltar para a sua terra natal: “Manaus é quente, mas acolhedora”, e acrescenta que, os brasileiros são receptivos e ajudam sempre a todos. Ela compreende que a cidade também tem seus problemas políticos, educacionais, sociais e econômicos e teme que a ajuda que recebem não dure muito tempo.

Entretanto, apesar das dificuldades que passam o povo venezuelano, tentam manter sua cultura e crenças, trabalhando seus artesanatos e comidas típicas contando com o apoio da área missionária da igreja Católica, realizando exposições de seus artesanatos e festas culturais para manter e distribuir a alegria de um povo que apesar do sofrimento pelo qual está passando, continua aguerrido e com esperança no futuro.

Leia mais