31 Julho 2018
Um místico com a urgência do social. Foi assim que o padre Paolo Dall’Oglio foi definido na sexta-feira, 27, durante uma coletiva de imprensa dedicada ao jesuíta desaparecido às 13h do dia 29 de julho de 2013, em Raqqa.
A reportagem é de Emanuela Genovese, publicada em Avvenire, 28-07-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“É preciso tirar a figura de Dall’Oglio do cone de sombra”, afirmou Amedeo Ricucci, autor de uma reportagem investigativa que foi transmitida no sábado como Speciale TG1.
“Ao andar por Raqqa, apuramos que Paolo se encontrou no quartel-general do Daesh com um emir que gerenciou os prisioneiros estrangeiros, Abd al-Rahman al Faysal Abu Faysal, e que, posteriormente, sempre negou o encontro com Paolo. Dall’Oglio tinha ido lá para pedir a libertação de um homem, pai de família e líder do movimento popular anti-Assad. As autoridades italianas ainda tateiam no escuro. Não se trata de uma acusação minha, mas de uma constatação. Renovo o apelo ao Ministério das Relações Exteriores, porque o mistério sobre o desaparecimento corre o risco de se tornar cada vez mais denso”, afirmou Ricucci. Uma reconstrução que já surgiu nos últimos anos e agora é relançada.
Falsos alarmes, notícias não confirmadas e depois cinco anos de silêncio. “Continuamos esperando – disse Francesca Dall’Oglio, irmã do jesuíta – que se continue trabalhando para que se saiba a verdade. O silêncio institucional sobre as notícias confirmadas e desmentidas sobre o meu irmão dói, embora tivemos manifestações de proximidade do presidente da República, Sergio Mattarella, e do ex-primeiro-ministro, Paolo Gentiloni. O desaparecimento de milhares de pessoas na Síria deve ser uma prioridade na mesa de negociações para o futuro da Síria.”
As iniciativas de sensibilização, para continuar na busca da verdade sobre o desaparecimento nunca reivindicado pelos grupos terroristas do ISIS, continuarão nos próximos meses.
“Organizamos para o próximo dia 6 de outubro – contou Elisa Marincola, porta-voz da associação Articolo 21 – uma jornada na cidade de Assis para relançar a versão definitiva da Carta de Assis, por ocasião do Dia da Paz.”
“Devemos estar lá onde querem construir muros”, explicou o Pe. Camillo Ripamonti, presidente do Centro Astalli. “O Pe. Paolo afirmava que o negacionismo não é uma realidade de ontem. Ainda hoje, também pela boca de alguns representantes das instituições, transforma-se a solidariedade em crime e se legitimam palavras, pensamentos e ações racistas nos cidadãos. A profecia de Paolo nos convida hoje a nos despertarmos do torpor civil que se esquece dos conflitos e transforma as vítimas em parasitas.”
É necessário, porém, manter o olhar fixo na realidade, sem esquecer como o bem é difusivo. Foi o que disse o Pe. Federico Lombardi, presidente da Fundação Ratzinger: “Quero sublinhar um pequeno ‘milagre’ contado pela comunidade de Deir Mar Musa. Nesses cinco anos, Paolo esteve ‘presente’, porque a comunidade continuou pondo em prática as suas palavras e as suas ações em zonas de fronteira. Esse é um sinal da vitalidade e da mensagem que o Pe. Paolo continua semeando”.
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''É preciso trazer à tona a verdade sobre o Pe. Paolo Dall'Oglio'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU