Por: Rafael Francisco Hiller | 24 Abril 2018
O método genealógico concebido por Nietzsche e revisitado por Agamben e Foucault foi e continua sendo central para as pesquisas que almejam entender o fenômeno social enquanto uma grande “estrutura complexa”. Podemos, de forma analógica, dizer que tal “estrutura” possui pontos de intersecção que são fundamentais para a manutenção da mesma, ou seja, sem eles ocorreria um colapso deste sistema. Tanto para Agamben como para Foucault o ponto de intersecção mantenedor do fenômeno social (“estrutura complexa”) é o poder.
Agamben defende a ideia de que os paradigmas políticos são fortemente influenciados por paradigmas derivados da teologia Cristã, sendo assim, dogmas teológicos como da doutrina da trindade, bem como suas inerentes discussões a respeito do conceito de oikonomia encontram-se fortemente vinculados com o governo dos homens e das coisas (oikonomia e biopolítica) tão presente no Estado moderno.
O fato a ser destacado é que todos esses “imaginários” teológicos teriam sido cooptados pela máquina governamental do ocidente, implementando, desta forma, um Estado com características providenciais. Assim, toda e qualquer concepção de Estado ocidental é permeada, em seu “âmago”, por conceitos teológicos que acabam por reger tanto seus meios de atuação como seus fins almejados.
Para o pensar do Estado moderno exige-se um retorno aos conceitos teológicos que moldaram e ainda moldam todos os paradigmas políticos vigentes. Só um retorno à origem destas concepções é que nos permitirá um entendimento lúcido da estrutura político-social que nos cerca.
Osiel Lourenço de Carvalho, no Cadernos IHU Ideias número 269, "apresenta as reflexões de Agamben em O Reino e a Glória, articuladas com o funcionamento das técnicas de governo. Além disso, afirma que, "ao se apropriar do teológico, a máquina governamental do Ocidente perverteu o conceito da política. As consequências da referida apropriação viriam a ser a plena efetivação do estado de permanente exceção e a biopolítica".
O texto está organizado da seguinte forma:
1. Genealogia do Estado moderno
2. Paradigma teológico e econômico
3. o governo dos homens
4. A economia das Almas
5- A cidade celeste e a terrestre
6- Perversão e o estado de permanente exceção
7- Perversão e a (bio)política
8- Considerações finais
Osiel Lourenço de Carvalho, Doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. Área de concentração Linguagens da Religião - linha de pesquisa Teologia das Religiões e Cultura. Mestrado em Teologia na Est - Escola Superior de Teologia. Possui bacharelado em Teologia e Licenciatura Plena em História. É professor e pesquisador da Faculdade Refidim (Joinville. Tem experiência nas áreas de educação à distância, ciências da religião, história e teologia com ênfase nos seguintes temas: Pentecostalismos; Religião e Política; Teologia e o Estado Moderno.
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O Poder, o Estado Moderno e a Teologia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU