19 Março 2013
Começou na segunda-feira, 18-03, o minucurso do filósofo italiano Giorgio Agamben sobre sua obra O Reino e a Glória realizado pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU em parceria com o Programa de Pós-graduação em Filosofia da Unisinos. O minucurso reúne acadêmicos de diversas áreas, mestrandos, doutorandos e público externo. No primeiro encontro, os temas abordados foram a genealogia e arqueologia utilizadas por Agamben como métodos para compreender a biopolítica.
Segundo salientou o professor doutor da Unisinos Castor Bartolomé Ruiz, ministrante do curso, Agamben vai usar a genealogia para entender como chegamos ao modelo econômico utilizado agora. Ele diz que há um laço secular nessa construção, já que nos séculos XVII e XVIII aconteceram as rupturas epistemológicas e políticas que geraram a modernidade. Nesse época foi quando emergiu o conceito moderno de soberania.
Entretanto, destaca o professor, é preciso fazer a diferenciação entre soberania e governo. A soberania, segundo Agamben, tem a ver com a legitimação do exercício de poder, relacionada ao direito. Já o governo funciona sob outra ordem, que são as técnicas de governo dispostas a manter a economia em funcionamento.
O deus mercado
Para o filósofo italiano, a secularização teria pretendido trazer para o domínio do povo aquilo que estava no espaço do sagrado. Entretanto, a modernidade secularizou as categorias, mas manteve o conceito de distanciamento. Seria uma espécie de sacramento da economia - quando ela é tirada do uso comum do povo e somente especialistas podem tratar do tema. “A secularização queria trazer os assuntos para o domínio das pessoas, mas a secularização não fez isso, tirou a roupa santa, mas manteve o aparato sacral intacto de tal forma que as grandes instituições modernas continuam com uma exterioridade intocável”, explica Castor.
Técnicas de governo
Agamben sustenta que o Estado, na modernidade, substitui a Deus e é o marco geral do qual as coisas funcionam, cujas técnicas de governo é maneira geral de como somos governados. Em resumo, pode-se dizer que há dois aspectos que se articulam e convivem nessas técnicas: o poder soberano, onde se concedem formalmente os direitos – a moradia, a saúde, a educação, por exemplo –, e as artes de governo, onde não existe autogestão, ou as pessoas se adaptam ou se excluem.
Temas que serão abordados
– Genealogia teológica dos dois paradigmas de governo: soberania, economia
– Arqueologia teológica do paradigma da oikonomia
– A maquinaria bipolar do reino e o governo
– A angeologia: arqueologia do governo burocrático
– Bipolaridade da soberania e o governo econômico
– Crise das democracias de massas
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Giorgio Agamben. Genealogia e Arqueologia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU