Integrante do Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos, articulação de ao menos 23 entidades de ativistas sociais, Deborah Sabará lamentou a morte de Marielle Franco. Para ela, o caso, apesar de chocar, reforça a necessidade de mobilizações pela defesa dos direitos humanos, e pode inspirar jovens diante do simbolismo e do que representava a atuação da vereadora no Rio.
A entrevista é de Marco Antônio Carvalho, publicada por O Estado de S. Paulo, 16-03-2018.
Eis a entrevista.
Como o crime afeta a rotina de quem atua pelos direitos humanos no País?
O assassinato de Marielle, ao mesmo tempo em que choca e traz medo, leva a uma mobilização nacional. Parece-me que as pessoas acordaram e atos grandiosos se espalharam pelo País. O crime ataca a essência da defesa dos direitos humanos e representa a execução de um plano arquitetado contra essas políticas. A nossa marca é ter essa forma de atuação enraizada e a única forma de anular isso é o assassinato, o extermínio. Foi isso que aconteceu e é sobre o que temos falado há anos, sobre uma realidade de violência que já denunciamos e que tem ela como vítima agora.
E como o caso pode motivar ativistas a seguir atuando?
Eu era criança quando Chico Mendes morreu, um caso histórico. Ele me despertou sobre a importância da defesa do meio ambiente. Veio a Irmã Dorothy, com a defesa pela terra. A morte de Marielle vem marcar um momento de luta política em meio a retrocessos e corrupção. É um momento marcante e emblemático e que pode levar ao reconhecimento da necessidade de luta e ativismo para os jovens de hoje. A nossa luta é reforçada agora. A mobilização tem de continuar para que mais defensores de direitos humanos se assumam como tais.
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