22 Junho 2017
Em Santiago, ainda há quem esteja ressentido com o apoio do Sumo Pontífice à aspiração de uma saída para o mar da Bolívia, em julho de 2015, quando disse que a proposição “não é injusta”. A visita do papa incluirá a Araucania, região do conflito mapuche, e Iquique, onde se encontram presos nove bolivianos.
A reportagem é publicada por T13, 20-06-2017. A tradução é de André Langer.
“O Papa irá para onde quiser e se encontrará com quem achar conveniente. O Governo do Chile vai facilitar esses contatos e essas visitas”. Desta maneira o chanceler Heraldo Munhoz respondeu, na segunda-feira, em Cancún – onde participa da Assembleia Geral da OEA –, a várias consultas sobre a viagem que o Papa Francisco fará ao Chile entre os dias 15 e 18 de janeiro de 2018.
A visita, que incluirá Santiago, Iquique e Temuco, foi anunciada de maneira oficial na segunda-feira, após três meses de preparação.
Embora o périplo do Sumo Pontífice tenha sido comemorado pelas autoridades, entre elas a própria Presidenta Michelle Bachelet, em alguns setores admite-se os efeitos políticos que existem nos lugares que Francisco visitará.
No caso de Temuco, a Região da Araucania é uma das principais preocupações do Governo devido ao conflito mapuche, em uma região em que aumenta a violência.
De acordo com as explicações de fontes diplomáticas, as regiões definidas para a visita, que tem caráter apostólico, são propostas pela Conferência Episcopal em consulta ao Vaticano, e o Governo só tem relação direta com as atividades que forem realizadas em Santiago.
A outra cidade que o Papa visitará é Iquique, próxima de Alto Hospicio, onde nove cidadãos bolivianos encontram-se presos desde março passado por questões relacionadas ao contrabando.
No Chile ainda se ressente o apoio que Francisco deu à Bolívia em julho de 2015 no âmbito de uma visita a esse país pela questão da saída para o mar. Nessa ocasião, enquanto voava de volta para Roma, o Sumo Pontífice disse que a proposta do país vizinho de obter uma saída para o mar “não é injusta”, o que provocou mal-estar em Santiago.
“Sempre há uma base de justiça quando há mudança de limites territoriais e, sobretudo, depois de uma guerra. Eu diria que não é injusto propor uma coisa dessas”, disse o Papa nessa oportunidade.
Nove meses depois, o Chile mudou sua representante no Vaticano (Mónica Jiménez) e designou o ex-chanceler Mariano Fernández, que reiterou, em setembro de 2016, o convite a Francisco para ir a Santiago, embora a essa altura – após as palavras do Papa sobre a questão marítima – sua visita não tenha sido uma prioridade e inclusive se falou de uma mudança de perspectiva ao referir-se à visita do papa.
Na época, a Chancelaria chilena fez representações junto à Sala de Imprensa para pedir neutralidade em relação à questão da saída para o mar da Bolívia, que entrou com uma ação judicial na Corte Internacional de Justiça de Haia.
Em Iquique, o Sumo Pontífice abordaria temas relativos à imigração. Sua visita ao país, além disso, se dará quando o sucessor da Presidenta Michelle Bachelet já tiver sido eleito.
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Os flancos que preocupam na visita do Papa Francisco ao Chile - Instituto Humanitas Unisinos - IHU