Por: João Flores da Cunha | 27 Mai 2017
O Equador tem um novo presidente: Lenín Moreno tomou posse no dia 24-5 para governar o país por um mandato de quatro anos. Ele é o sucessor de Rafael Correa, que estava desde 2007 no cargo.
Moreno venceu a eleição presidencial no segundo turno, realizado em 2-4. Ele teve 51,16% dos votos, contra 48,84% de Guillermo Lasso. A campanha foi acirrada, e houve um episódio de violência contra Lasso.
Em seu discurso de posse, realizado na Assembleia Nacional do Equador, Moreno adotou um tom de diálogo. Ele enfatizou que será o presidente de todos os equatorianos: “Todos somos feitos do mesmo Equador”, disse.
“Sou o presidente de todos, tenho um dever com todos, respeito a todos”, disse o novo presidente. A imprensa do país avaliou positivamente o tom moderado da fala de Moreno, que contrasta com o estilo de Correa, de maior confrontação.
Correa assumiu o poder em 2007. Seu primeiro mandato foi abreviado por conta de uma reforma constitucional. Ele se elegeu novamente em 2009, e foi reeleito em 2013. Correa não poderia se candidatar novamente, e apoiou Moreno no pleito deste ano.
Correa teve aprovação popular durante a maior parte de seu governo, e os índices de pobreza e de desemprego foram reduzidos. No entanto, recentemente, a crise econômica e escândalos de corrupção afetaram seu governo. A queda nos preços do petróleo contribuiu para que o país entrasse em recessão.
O abalo na imagem do governo ficou evidenciado pelo resultado apertado do segundo turno. Enquanto Moreno teve dificuldades para se eleger, Correa venceu a eleição de 2013 no primeiro turno, com 57% dos votos – Lasso, em segundo, teve 22%.
Nesse quadro, os desafios imediatos da gestão de Moreno são a crise econômica e a corrupção. Ele prometeu uma “batalha frontal” contra a corrupção, e disse que irá pedir às autoridades brasileiras e estadunidenses o envio de informações relativas aos subornos pagos pela Odebrecht.
A lista de funcionários beneficiados pelas propinas pode impactar o novo governo. Há denúncias de que Jorge Glas, vice-presidente de Correa, e que permanece na função com Moreno, estaria envolvido.
No discurso de posse, Moreno reivindicou o legado de Correa, citando avanços ocorridos na década em que ele governou o país. Ele valorizou os projetos de infraestrutura impulsionados por Correa e a “Revolução Cidadã” – a forma como os apoiadores de Correa tratam o seu governo.
Antes da posse, ele havia afirmado, por meio do Twitter, que “hoje começa esta nova etapa. Continuaremos construindo o que foi iniciado há dez anos. A Revolução Cidadã segue sendo escrita”.
Moreno declarou que pretende “eliminar a pobreza extrema” no país. O presidente disse que irá manter programas de transferência de renda para a população vulnerável e esquemas de proteção social. Também prometeu criar novos postos de trabalho e expandir programas de habitação.
Na economia, disse que irá atuar no sentido de austeridade em relação aos gastos do governo: “Todo gasto e todo investimento passarão por um filtro objetivo de necessidade”. Ele afirmou que irá manter a dolarização – o Equador não tem moeda própria desde 2000, e usa o dólar americano.
O ministério de Moreno será formado majoritariamente por homens, mas algumas das principais pastas – Saúde, Justiça e Relações Exteriores – estarão a cargo de mulheres.
Queridas ecuatorianas y ecuatorianos, con mucha responsabilidad he trabajado en la conformación de nuestro Gabinete de Gobierno… pic.twitter.com/gX5hhHVduI
— Lenín Moreno (@Lenin) 23 de maio de 2017
O candidato derrotado no segundo turno, Guillermo Lasso, chegou a contestar o resultado das eleições, denunciando uma suposta fraude na contagem dos votos e afirmando que Moreno seria um presidente ilegítimo. No entanto, o movimento não foi adiante – até por conta da posição de diálogo adotada por Moreno –, e o grupo de Lasso se prepara para fazer oposição ao novo governo.
Entre outras demandas, o candidato derrotado pede que o novo presidente revogue a Lei da Comunicação, a qual, segundo os seus críticos, impede o exercício do jornalismo crítico no país. Moreno afirmou no discurso de posse que “não pode haver diálogo sem liberdade de expressão”. Lasso seguiu o tom de diálogo e publicou uma mensagem de conciliação, tratando como “oportuna a postura de solicitar a lista da Odebrecht”.
SOBRE EL MENSAJE DE LENIN pic.twitter.com/BiiaNR8ph2
— Guillermo Lasso (@LassoGuillermo) 25 de maio de 2017
Com a posse, Moreno passa a ser o único cadeirante chefe de Estado ou de governo do mundo. Ele ficou paraplégico em 1998, quando foi atingido nas costas por um tiro em um assalto. Após deixar a vice-presidência do Equador, cargo que exerceu entre 2007 e 2013, Moreno atuou como enviado especial das Nações Unidas para Deficiência e Acessibilidade.
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Equador. Lenín Moreno toma posse como presidente - Instituto Humanitas Unisinos - IHU