29 Março 2017
Primeiramente, o agradecimento pelo trabalho de Marie Collins e por seu forte compromisso em favor das vítimas de abuso. É o ponto que dá início ao comunicado da plenária da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, que encerrou ontem, dia 26 de março de 2017. Em seguida, expressa-se a promessa de um maior compromisso para encontrar “novas formas” de oferecer voz aos sobreviventes e colaborar com a Congregação da Doutrina da Fé (o dicastério que foi o principal alvo das acusações da irlandesa Marie Collins) para a difusão das “Linhas-guia” da luta contra os abusos na Igreja. Ao final, anunciou-se uma novidade, ou seja, que os 16 membros da Comissão se reunirão de vez em quando com os representantes das Conferências Episcopais que viajarem a Roma para as “visitas ad limina” (hoje, por exemplo, é o caso dos bispos do oeste do Canadá).
A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada por Vatican Insider, 27-03-2017. A tradução é do Cepat.
Na nota publicada hoje, ao final dos três dias que durou a plenária, e difundida pela Rádio Vaticana, os membros da Comissão e o cardeal presidente, Sean O’Malley, agradeceram à ex-colega irlandesa pelo grande trabalho que desempenhou em favor daqueles que (como ela, aos 13 anos) sofreram os abusos de sacerdotes e também para a prevenção e a luta contra a pedofilia. “Suas recomendações foram um dos temas centrais da plenária”, aponta o documento. Também se agradece a Marie Collins por sua disponibilidade em colaborar com a equipe pontifícia nos programas de educação para os novos bispos e para os oficiais da Cúria.
Durante as sessões de trabalho, informou a nota, refletiu-se particularmente sobre uma das passagens da declaração com a qual Collins apresentou sua renúncia, no passado primeiro de março, na qual se queixava da falta de resposta imediata (ou, às vezes, de uma resposta e basta) por parte dos escritórios vaticanos para as vítimas que escrevem cartas ao Papa e à Santa Sé. A Comissão expressou o desejo que cada criança ou adulto vítima de pedofilia possa receber rapidamente uma resposta da Cúria. “É importante responder diretamente”, afirmam os especialistas. A Comissão está consciente que esta tarefa é particularmente difícil, “devido ao grande volume e a natureza da correspondência”, e sabe que isto exige “recursos e procedimentos claros e específicos”. No entanto, destaca-se, “reconhecer a correspondência e dar respostas rápidas e pessoais é uma maneira de promover a cura e a transparência” desejadas pelo Papa Francisco.
Os membros da comissão enviarão ao Pontífice “mais recomendações” para que as leve em consideração e que podem ser úteis para melhorar o trabalho do organismo instituído em 2014. Também asseguraram que continuarão “trabalhando para auxiliar as Igrejas locais em sua responsabilidade para com a proteção dos menores”, mediante visitas locais, conferências e os já citados cursos de formação. Além de tudo isso, haverá as entrevistas “face a face” com os bispos dos diferentes países que estiverem em Roma na “visita ad limina”, para lhes comunicar as “Linhas-guia” da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores, que são um “elemento essencial” da luta contra os abusos na Igreja. Estas “Linhas-guia”, amplamente apoiadas pelo Papa, serão comunicadas às congregações religiosas, como também podem ser consultadas diretamente na página web da Comissão (www.protectionfminors.va). Insiste-se, neste trabalho de comunicação e difusão, na “vontade de trabalhar com a Congregação para a Doutrina da Fé”.
Por outro lado, não se especifica se chegaram novos membros à equipe, para que cubram os espaços deixados por Marie Collins e o inglês Peter Saunders, que também foi vítima de pedofilia e não participa dos trabalhos da Comissão desde fevereiro de 2016, quando criticou publicamente o cardeal australiano George Pell, prefeito da Secretaria para a Economia.
O comunicado também aponta que antes da plenária houve um congresso sobre a educação e a prevenção, intitulado “Safeguarding in Homes and Schools: Learning from Experience Worldwide”, que foi realizado no dia 23 de março, na Pontifícia Universidade Gregoriana, promovido pelo Centro para a Proteção de Menores, que nasceu no Ateneu com a colaboração da Congregação para a Educação Católica. Participaram do encontro, que se concentrou particularmente na América Latina, mais de 150 personalidades, entre os quais estavam o cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, e diferentes responsáveis dos dicastérios da Cúria Romana, como o cardeal Marc Ouellet, Kevin Farrel, João Braz de Aviz e Peter Turkson.
Ao inaugurar o encontro, o cardeal O’Malley insistiu na linha do Papa Francisco, que, disse, ainda está “completamente comprometido para arrancar a praga dos abusos sexuais”. “Se a Igreja não se compromete com a proteção dos menores, nossos esforços evangelizadores não terão efeito”, afirmou o arcebispo de Boston. “Não há justificativa em nossos dias para fracassar na implementação de padrões concretos de proteção a nossas crianças, jovens e adultos vulneráveis”.
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Comissão antiabusos solicita que se encontre novas formas para dar voz às vítimas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU