28 Março 2017
Todos os semestres, há mais e mais desenvolvimentos pró-LGBT na educação superior católica, documentados pela série “Campus Chronicles” (Crônicas do Campus) do Bondings 2.0. Mas a oposição a estes esforços muitas vezes coloca os desenvolvimentos pró- LGBTQ como ameaçadores à identidade católica. O post de hoje destaca algumas abordagens à identidade católica a partir dessa perspectiva, para refletir ainda mais sobre o que significa a identidade católica quando se trata de educação superior.
O comentário é de Robert Shine, editor do New Ways Ministry, publicado por Bondings 2.0, 25-03-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Respondendo à revogação de diretrizes federais para proteger os alunos transexuais por parte do governo Trump, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e o Gabinete de Diversidade Estudantil e Assuntos Multiculturais da Universidade Loyola de Chicago divulgou um comunicado dizendo que eles "continuam comprometidos a ser fonte de defesa, recursos e suporte para todos os estudantes".
E acrescentou:
"Este compromisso nunca foi impulsionado por diretrizes ou orientações federais, mas resulta da nossa missão católica e jesuíta, que nos chama a honrar a dignidade e a humanidade de todas as pessoas e ser solidários àqueles de nós em vulnerabilidade à opressão ou exclusão... continuamos comprometidos com as políticas vigentes e com a nossa missão institucional, sendo que ambas apoiam completamente os estudantes transgêneros, em não-conformidade de gênero e não-binários da Universidade de Loyola."
Em janeiro, a Universidade Marquette reabriu seu Centro de Recursos LGBTQ+, ocasião propícia para a análise da Marquette Wire a respeito da história um tanto controversa da universidade em torno de questões LGBT. Em referência a protestos antitransgênero enfrentados pela faculdade no ano passado, os editores observaram a explicação de dois administradores sobre como a identidade da faculdade se relaciona com o Centro de Recursos:
"O provedor da universidade, Dan Myers, que estava contraprotestando [aos manifestantes] na Avenida Wisconsin com os membros da comunidade Marquette, declarou, por e-mail, que "não há dúvida de que a nossa missão católica e jesuíta nos convida a ser um lugar acolhedor para todos, e nós nos esforçamos para ser esse lugar."
“O coordenador de programas e serviços LGBTQ+ Enrique Tejada III disse por e-mail: 'Acredito que por causa da identidade e dos valores católicos e jesuítas da Marquette que nosso Centro de Recursos LGBTQ+ consegue operar em um campus religioso e especificamente católico.'
Os editores do jornal da Universidade de Georgetown, The Hoya, levantaram a questão da identidade católica recentemente. Os críticos de direita acusaram a Universidade de não ser suficientemente católica através de petição e ação judicial. Em resposta, os editores do The Hoya escreveram:
"Na tentativa de abafar a diversidade de pontos de vista representados na universidade por meio de palestrantes e professores, a ação judicial não reconhece que o catolicismo não se conforma a uma definição restrita e que, mais do que qualquer outra faceta, a tradição jesuíta da universidade se esforça para promover uma compreensão e compaixão humana autêntica guiada pela doutrina social da Igreja. Isto inclui a promoção do diálogo entre os diferentes grupos, mesmo que a doutrina oficial da Igreja seja divergente em relação a suas ideias.
“Nenhuma parte da petição [de direita] capta isso melhor do que a seção que critica a colocação da Georgetown no rol das 25 universidades mais receptivas a homossexuais do país pela Newsweek em 2010 - a única universidade católica incluída - e alega que o Centro de Recursos LGBTQ e o reconhecimento das organizações de estudantes LGBTQ rebateu a doutrina católica...
"[A] Universidade precisa garantir que todos os alunos conheçam a rica tradição religiosa que informa os seus valores. No entanto, no espírito verdadeiro da herança jesuíta de Georgetown, a universidade não deve aceitar as exigências para uma interpretação demasiado restrita do catolicismo exigida pela petição."
A iniciativa mais recente da Georgetown foi “a construção de banheiros unissex em edifícios públicos em campi com inclusão de gênero e em conformidade com a Lei dos Americanos Portadores de Deficiência (Americans with Disabilities Act) até o final do semestre”, um esforço conjunto por parte da administração e da Inclusão LGBTQ do Diretório Acadêmico. Em relatório sobre a iniciativa, o The Hoya observou que, em muitos casos, este desenvolvimento só significa mudar sinais e um estudo de viabilidade deve analisar outros casos.
O significado concreto da identidade católica no ensino superior, ou em qualquer contexto institucional, nem sempre é claro.
O diabo mora nos detalhes quando se pensa em como faculdades e universidades oferecem educação de alta qualidade acessível a todos integrando a fé.
Mas investir em programas e políticas que acolhem, apoiam e educam estudantes LGBTQ - e particularmente estudantes trans no clima atual - é claramente parte fundamental da identidade católica hoje.
O que você acha que significa identidade católica para as faculdades e universidades em relação a questões de gênero e sexualidade?
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LGBTQ+ e o ensino superior. O que realmente significa a “identidade católica”? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU