Por: João Flores da Cunha | 17 Março 2017
O candidato da esquerda à presidência do México, Andrés Manuel López Obrador, apresentou no dia 15-3 uma denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos – CIDH contra as políticas imigratórias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele chamou o governo do mandatário estadunidense de “neofascista”, e criticou a posição do governo de seu próprio país em relação a Trump.
Na denúncia que entregou à CIDH, López Obrador pede que o órgão tome ações contra as deportações massivas de mexicanos. Também pediu que a comissão emita medidas cautelares a favor de 30 imigrantes ilegais que vivem nos Estados Unidos e estão sendo afetados pelas políticas de Trump.
O documento entregue por ele continha a assinatura de 12.000 pessoas. A CIDH é um órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos – OEA, à qual pertencem tanto México quanto os Estados Unidos, e pode emitir recomendações aos governos da região.
López Obrador focou suas críticas em dois decretos presidenciais emitidos por Trump: o que autoriza a ampliação do muro existente entre os dois países, e o que facilita as deportações de imigrantes. Ele denunciou o que chamou de “perseguição” aos imigrantes nos Estados Unidos, e uma “campanha de ódio” contra os mexicanos.
Salimos de Washington a México.Cumplimos con la denuncia ante la CIDH.En NY se entregó carta a comisionado de la ONU https://t.co/LH7dKHSP5y
— Andrés Manuel (@lopezobrador_) 15 de março de 2017
“Procedemos legalmente ante a ausência total do governo mexicano”, afirmou López Obrador para justificar suas ações. Ele criticou o atual presidente, Enrique Peña Nieto, do Partido Revolucionário Institucional – PRI, a quem faz oposição. “Peña Nieto está atuando de maneira submissa e sem fazer valer os direitos humanos dos imigrantes”, assinalou.
López Obrador já havia afirmado que, caso o governo mexicano não apresentasse uma representação na Organização das Nações Unidas – ONU contra a proposta de ampliação do muro, ele próprio o faria. O oposicionista defende que o projeto representa violações aos direitos humanos, e deve apresentar também uma denúncia perante a ONU.
Conhecido como AMLO, López Obrador é hoje o favorito a vencer as eleições presidenciais de 2018 no México, segundo pesquisas de intenções de voto. Ele foi o segundo colocado nas últimas duas eleições, em 2012 e em 2006.
Em uma coletiva de imprensa no Clube Nacional de Imprensa, em Washington, López Obrador declarou que não aceitará uma relação de subordinação de seu país frente aos Estados Unidos. “O México é um país independente e livre, e não uma colônia”, disse.
Ele disse acreditar que nenhuma renegociação das relações comerciais entre os dois países será finalizada antes das eleições de 2018. Também afirmou que, caso seja eleito, buscará uma relação “respeitosa, de amizade e cooperação” com o país vizinho.
O governo de Peña Nieto tem buscado uma política de aproximação e diálogo com a nova administração estadunidense. Recentemente, porém, o chanceler mexicano, Luis Videgaray, subiu o tom e afirmou que “o governo do México e o povo do México não têm por que aceitar disposições que de maneira unilateral um governo quer impor ao outro”.
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México. Oposicionista apresenta denúncia contra medidas de Trump - Instituto Humanitas Unisinos - IHU