Luis Figari, fundador do Sodalício de Vida Cristã, condenado por abusos sexuais de menores

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

16 Fevereiro 2017

Por muito tempo elogiado, o fundador do Sodalício de Vida Cristã, Luis Figari, foi dura e firmemente condenado pela Santa Sé. Ele foi considerado culpado por muitos abusos sexuais e agora não têm mais escapatória. Foi-lhe imposto para não viajar para o Peru, a não ser por motivos muito graves. Foi-lhe impedido de ter contatos de qualquer tipo com pessoas do Sodalício. Ele foi obrigado a residir estavelmente em uma residência em que não haja possibilidade de se comunicar com a instituição por ele fundada. De agora em diante, ele não poderá fazer uso dos meios de comunicação para fazer declarações e foi-lhe proibida a participação em eventos públicos do Sodalício ou de qualquer outra organização. Foi-lhe garantido um estilo de vida decoroso, do qual o próprio Sodalício deverá se encarregar economicamente.

A reportagem é de Francesco Strazzari, publicada no sítio Settimana News, 13-02-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O sucessor, Alessandro Moroni, informou que as conclusões às quais a Santa Sé chegou são o resultado de investigações realizadas pelas autoridades vaticanas, que puderam recolher os testemunhos de inúmeras pessoas e tiveram acesso a inúmeros documentos [assista ao vídeo abaixo]. Portanto, a condenação é firme, e os atos de fundador, Figari, são considerados de uma gravidade deplorável. Em seguida, serão publicados os resultados das investigações realizadas dentro da instituição por parte de especialistas internacionais.

É suficiente que o cardeal Cipriani, arcebispo de Lima, ciente dos fatos do Sodalício, admita agora que os abusos minaram a dignidade de pessoas indefesas? Acreditamos francamente que não. Figari era protegido em Roma, na Cúria Romana, por alguns cardeais e bispos de notável prestígio. Gozava, em sua pátria, de simpatia na mídia, na magistratura e no empresariado. Estavam com ele os bem-pensantes tradicionalistas em nome do capitalismo e da luta contra a as infiltrações de esquerda.

Os primeiros acusadores dos abusos foram considerados mentirosos e mal-intencionados, vendidos como se fossem opositores da linha-Cipriani, a ponta do Opus Dei no Peru, que, nos últimos anos, desempenhou um papel de primeiro plano na oposição às correntes reformadoras dentro da Igreja Católica e do país. É conhecida a sua oposição à Universidade Católica de Lima, para a qual ele tinha obtido da Santa Sé que lhe fosse retirada a qualificação de “católica e pontifícia”, que lhe foi restituída há pouco tempo, depois do envolvimento direto do Papa Francisco, do secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, e do prefeito da Congregação para a Educação Católica, cardeal Giuseppe Versaldi, muito apreciado pelas autoridades acadêmicas da Universidade de Lima e pelos estudantes por causa das suas intervenções.

Espera-se em Lima que a intervenção da Santa Sé contra o fundador do Sodalício traga um pouco de serenidade. Mas as tensões por causa dos acontecimentos do Sodalício e da Pontifícia Universidade Católica vão exigir muito tempo para desaparecer. Talvez a hierarquia peruana e a comunidade diocesana de Lima deverão em breve lidar com um novo arcebispo, chegando ao fim o mandato de Cipriani. A corrida à sucessão já começou e já são lançados alguns nomes. Continuidade ou renovação radical?

Nota da IHU On-Line:

No vídeo abaixo, o superior-geral do Sodalício, Alessandro Moroni, informa sobre a condenação de Figari, junto com outros membros da organização, por abuso sexual de 19 menores de idade e 17 adultos.

Leia mais: